terça-feira, março 30, 2004

The Gift.



O lançamento do próximo CD da melhor banda portuguesa da actualidade está próximo.

segunda-feira, março 29, 2004

Belgais e Incultura.

Nunca neguei o reconhecimento que o Tempestade Cerebral dá ao Centro de Artes de Belgais. Se assim não fosse não perdia tempo com a discussão, uma vez que tudo estaria inquinado desde o inicio! Mas existem questões que são de principio, não me parece que tenha que ser a pianista a ter de se ausentar do seu trabalho de criação artística e de gravação, do trabalho ‘in loco’, seja com as crianças seja com grandes nomes da musica, para vir promover junto da sociedade civil e do grande publico o seu Centro para as artes. Em ultima instancia, o projecto de Maria João Pires, não e' de fácil assimilação por parte do grande publico português, rico ou pobre, pouco instruído e pouco habituado a manifestações culturais (musicais) de tanta valia intrínseca. E isto resulta mais uma vez do Estado paupérrimo que temos e que nem carece de demonstração (mas que Francisco Jose Viegas ilustrou muito bem nos seus posts sobre o assunto). A pedagogia em relação 'a arte e' um trabalho que devia estar feito tendo como grande impulsionador exactamente o Estado através de políticas de Educação e Cultura que, no caso, principiam bem cedo nas escolas, como aliás está a fazer Maria João Pires na escola do primeiro ciclo da aldeia da Mata. Mais do que noutras matérias são as políticas de Estado que aqui devem dar o exemplo e demonstrar quais as prioridades. Se com a transmissão de valores culturais, julgo ser o Estado o actor com o papel mais importante, e penso-o na medida em que o nosso nível pouco desenvolvido a isso obriga, com a questão do financiamento parece-me ainda o Estado o principal responsável, seja através de institutos, câmaras municipais, ministérios, ou através do exercício da própria divulgação junto do publico. O que se passa e' que ainda não estamos em condições de deixar que sejam os privados, ou particulares, ou como se lhes queira chamar a dirigir-se e dirigir-nos por si so'. Ate que isso suceda com maior expressão há ainda uma enorme margem de manobra que cabe ao Estado cumprir. Porque se a massificação da educação e' um dado adquirido não me parece que a massificação da cultura de qualidade o seja, e isto acontece causado por uma gritante omissão por parte dos sucessivos 'cérebros' que temos tido a desempenhar funções nas políticas educacionais e culturais. Por tudo isto, parece-me claro que as causas do desinteresse da sociedade civil em projectos culturais de mérito, aproximam-se muito mais de um subdesenvolvimento simples (simples porque reside somente numa confusão de prioridades embalada por efeitos de mediatizaçao de sedução rápida) do que uma questão de tributação de impostos ou falta de autopromoção dos intervenientes. Por norma prefiro que a intervenção do Estado na vida em sociedade se insira nos estritos limites do indispensável, mas nas temáticas culturais muito resta ainda por fazer. Deixar os agentes culturais ao livre sabor do mercado (mas que mercado cultural?) não nos auxilia enquanto necessitados de um país de cultura.

Provocaçoes

Quando contacto com rapariguinhas «bem», apetece-me logo baralhar a atmosfera. Tirar a rede. Puxar o tapete. Nada mais curioso como o desvanecimento de uma pose. Não por maldade. Não por marialvismo. Simplesmente para ver o que sobra.

Em consequência.

Quando contacto com belas rapariguinhas, as que perante a celeste pergunta divina: «Como justifica a sua passagem pelo mundo?» respondem com uma elucidativa e corpórea meia-volta, ao que deus orgulhoso da sua arte, por sua vez, responde: «Próximo!», também me apetece, aliás como sempre, baralhar a atmosfera. Dou comigo a pensar que seria feito da menina sem blusa, ou saia, ou, vamos lá, cuecas. Não por desespero ou gulodice, ou espavento. Simplesmente para ver o que sobra.

Ora, nestes dias de verdades casuais o que sobra é sempre o essencial.

Mais um assassinato político

Israel fez aqui há dias mais um assassinato selectivo de um lider palestiniano. É certo que era líder do terrorista Hamas, mas isso não justifica um assassinato a sangue frio. Já uma vez creio aqui ter dito que uma das fraquezas (e também uma fortaleza) das democracias é que não se podem comportar como os seus inimigos. Se uma pessoa é criminosa, e este senhor certamente o era (pelo menos moralmente) isso não quer dizer que seja abatido no meio da rua. Um Estado de Direito tem de prender e julgar os criminosos por muitas provas que existam contra eles, de forma justa e imparcial, com todas as garantias de defesa. Porque se seguirmos por este caminho corremos o risco de, um dia, nada nos separar dos extremistas.

A «onda rosa».



Primeiro foi em Espanha, agora foi em França.
Péssimas noticias para Portugal. Agora o mais que insuficiente Ferro Rodrigues vai abandonar de vez o esboço de oposição que faz para passar continuamente a instruir: ‘Vêem? vêem? Sigam o exemplo dos nossos mais próximos vizinhos que não se resignam a perder os direitos sociais adquiridos! E aguardem que a minha vez está próxima!’

Muitas excitações existem já por aí e as eleições europeias vão-se revelar um bom barómetro de tendências de voto.

Para já nem entusiasmo nem apreensão, qual personagem ficcional de um recente livro que tem como epigrama “Uivemos, disse o cão”, o meu voto e' em branco...

(Sou mesmo um mentiroso.)

Toca gaiteiro que nós dançaremos!

Tenho uma roca de pau de figueira
Diz a minha mãe que não sou fiandeira
Diz meu pai Casar, casar
Diz a minha mãe que não tem que me dar
Diz meu pai que me dá uma cabra
Diz minha mãe que a danada é brava
Diz meu pai Nós a amansaremos

Tenho um tear de madeira de pinho
Não é de estopa nem é de linho
Diz meu pai Casar, casar
Diz minha mãe que não tenho enxoval
Diz meu pai Que me dá uma leira
Diz minha mãe que não sou lavradeira
Nós a amanharemos

Tenho dois fusos de ferro coado
Diz minha mãe que não os dê de fiado
Diz meu pai Casar, casar
Diz minha mãe que não tenho lençóis
Diz meu pai Que mos compra depois
Diz minha mãe que depois e tarde
Diz meu pai Nós a esconderemos

Toca gaiteiro que nós dançaremos


Letra e música: popular.
Invasões Bárbaras, Gaiteiros de Lisboa.

(Lenga-lengas. Adoro estas. Só.)

sábado, março 27, 2004

Belgais.

Para meu contentamento parece que na blogoesfera se deram conta da existencia de Belgais. O projecto descentralizado e pioneiro de Maria Joao Pires numa quinta cada vez menos perdida da Beira Baixa, levou a que numa entrevista ao El Pais, a pianista mostrasse a sua insatisfaçao quanto 'a falta de suporte do estado portugues a um projecto com impacto local mas de dimensao internacional. Muito a proposito o Aviz escreveu o seguinte que subscrevo por completo:

A questão básica, se me permitem -- amigos de esquerda e de direita --, é que Belgais não é uma peça de teatro no Bairro Alto nem um grupo «de vanguarda» que choraminga porque o Estado não cedeu à sua chantagem habitual para produzir mais um fait divers. Belgais é uma escola, um centro de investigação musical, um auditório para que músicos realmente importantes se encontrem, trabalhem e produzam música, que é um bem inestimável num país de merda que tem tagarelas à altura mas que é ignorante em matéria musical. Não se trata de «um espaço» inútil: ali, aprende-se música, conservam-se partituras, e ensina-se. Num país que ignora brutalmente as artes sérias e as ciências importantes, eu defendo que se deve apoiar Belgais. Porque cada caso é um caso, independentemente do que se possa pensar sobre a política geral de atribuição de subsídios à cultura, nível em que Belgais se salienta pela atenção que dá à formação. Maria João Pires, de facto, não precisa de Belgais nem da burocracia ou das promessas portuguesas, pode viver onde lhe apetece, mas achou que podia fixar-se em Castelo Branco e que poderia investir parte do que é seu numa obra daquela importância.
O protesto de Maria João Pires não é contra o Estado nem contra o governo apenas. É contra o país -- e isso compreende-se muito bem. O país do Euro 2004 e dos «desfiles de moda» subsidiados pelo Estado e pelas câmaras municipais, o das empresas que não cumprem as suas promessas, o dos ricos que ignoram a existência de uma responsabilidade social do dinheiro.
Eu, pessoalmente, estou-me nas tintas para as posições políticas de Maria João Pires e para a sua presença nas manifestações em que entendeu estar presente (e eu não estive, nem estarei), ou para essa contabilização de ressentimentos, que neste caso vêm da direita -- e que no caso de Vasco Graça Moura ou de Fernando Gil vieram da esquerda. Maria João Pires é, se acreditarmos que as pessoas têm uma nacionalidade à nascença, um nome português de que nos devemos orgulhar: pelo seu talento, pelo seu piano, e por Belgais, que pode ser visitado e vivido. Milhares (repito: milhares) de idiotas e de pseudo-talentos viveram, na cultura, à conta do Estado. Ou porque querem escrever e «ter ideias» com o chapéu protector do Estado ou defender qualquer outra urgência liminar em nome do seu génio ainda a provar. O génio de Maria João Pires não precisa de ser provado: está aí. Os fundos que pediu, que negociou, que viu serem atribuídos em contrato a Belgais, são uma «parceria» para um trabalho notável. Não existem para ela gravar Schumann, Chopin ou Mozart para um país surdo que limpou com benzina o nome de Vianna da Mota de um avião da TAP, para lá colocar o de um futebolista -- isso, ela grava onde quiser. Esse país, em versão ligeira, mas com todas as letras, é uma merda.


Depois o Ideias Soltas tambem presta alguns esclarecimentos importantes:

2 - Maria João Pires não pede subsídios para a sua actividade como concertista nem para gravações, bem pelo contrário, todo o dinheiro que consegue com essa sua actividade coloca-o ao serviço do projecto Belgais. Este projecto de instrução/formação e divulgação ímpar é subsidiado a vários títulos, a saber:
2.1 - Produção de espectáculos e captação de novos públicos consubstanciados em concertos para as escolas na região de Castelo Branco, pelo Ministério da Cultura através do extinto IPAE e actual IPA (donde me parece provir estas notícias de sobre-financiamento) e passo a transcrever a missão definida para este contexto:

Concertos para as Escolas
Além da temporada regular de concertos de Belgais, que este ano inclui concertos mensais dedicados a vários países ou regiões, o Centro para o Estudo das Artes de Belgais criou recentemente uma nova modalidade de concertos, especialmente dedicados a escolas que queiram visitar o centro.
Nestes concertos serão apresentadas diversas obras do repertório clássico que, pelas suas características, são de uma mais directa e evidente assimilação por parte de um público jovem, e por outro lado trata-se de repertório que suscita estimulantes referências a universos extra-musicais como a literatura, as artes plásticas, etc.

Estes concertos serão comentados e haverá sempre espaço para um diálogo aprofundado entre o público e os músicos intervenientes sobre todos os aspectos relacionados com o fenómeno musical, desde os instrumentos, até à rotina de estudo ou ao nervoso de estar num palco.
Trata-se de uma forma estimulante de fazer chegar a jovens estudantes o mundo dos grandes mestres da música, criando pontes e relações com universos culturais que lhes são familiares, evitando assim algum tédio que, por vezes, formas de apresentação pouco imaginativas, ou escolhas de repertório pouco adequadas, podem provocar.


2.2 - Depois do Ministério da Educação determinar o encerramento de várias escolas do ensino básico dos arredores rurais de castelo Branco, Belgais propos-se acolher os alunos dessas escolas que seriam deslocados, apresentando um projecto educativo para o efeito, onde a formação e sensibilização para a arte teria uma presença idêntica às restantes áreas do saber e sentir, tendo o Ministério da Educação celebrado o primeiro Contrato-Programa com uma entidade privada para assegurar o ensino básico do qual se tinha demitido, com o prazo de 50 anos. Chama-se a este projecto "A Escola da Mata" sendo o atraso do cumprimento do financiamento deste projecto ímpar a que Maria João Pires se referiu. Passo a transcrever a missão que Belgais assumiu para si própria neste projecto:

Escola da Mata
Os projectos com crianças assumem-se como prioritários nos temas e objectivos do Centro para o Estudo das Artes de Belgais. Neste contexto, nasceu o projecto de uma Escola Primária Bilingue, baseada no estudo das Artes. Uma escola que pretende, ao longo dos anos, edificar um projecto global de intervenção cultural e social dedicado não só à população da Beira Baixa, mas a todos os que desejem fazer parte deste projecto inovador, que desincentiva a desertificação e que repõe a confiança das populações na sua região através das artes eruditas e tradicionais.

O projecto educativo da Escola da Mata apoia-se em três pilares fundamentais: a presença das artes na educação básica, o bilinguismo e uma consciência activa dos valores da comunidade em que a escola se insere. Pretende-se, desta forma, acrescentar a uma abordagem séria e criativa dos programas urriculares, um ensino que possa desenvolver nas crianças valores consolidados de integridade e auto-estima.
Assim, todas as áreas curriculares da escola devem, de algum modo, reflector os três pilares anteriormente referidos nos seus conteúdos programáticos

Há quem diga que estas crianças são beneficiadas em relação às restantes. Têm toda a razão. Belgais providencia a suas expensas, o transporte, a alimentação e dormida se necessário for aos seus alunos. Nisso têm toda a razão!


Com o Epicurtas, mal informado decerto, começa a confusao porque centra a questao em saber o seguinte:

(...) porque há-de o estado, por via dos impostos, admitir que haja criancinhas, que sejam mais bem tratadas que outras?

O Centro de Artes de Belgais extravassa em muito os limites de um 'mero' projecto educativo com 'criancinhas'. Ainda que se o fosse 'apenas', dada a pobreza de iniciativas desta natureza ja seria de aplaudir. Se existe alguem que procura promover uma educaçao cultural de excelencia junto de uma escola de primeiro ciclo, devemos apoiar e ficar satisfeitos ou afirmar que as crianças da escola da Mata nao sao mais que outras menos afortunadas e votadas 'a triste sorte de uma educaçao mediocre?

Ainda o Tempestade Cerebral, talvez enviesado pelas elevadas regras do marketing, conclui uma ausencia de 'auto-promoçao' por parte de Maria Joao Pires em relaçao a Belgais. Maria Joao Pires ainda nao se apercebeu das leis do mercado, trata-se tao somente de uma questao de publicidade no intervalo da telenovela...

Finalmente termino com o blog-com-o-nome-mais-simpatico-da-blogosfera:

Aprender a tocar piano ou talvez mesmo a pensar é algo assustador para muita gente. Se soubessem exactamente o que significa ter pensamento próprio tudo seria diferente. Todos os medos se desvaneceriam.

Ainda que um politico possa ser sobretudo um homem de direita ou de esquerda, um artista e' sobretudo alguem que cria cultura.
E isto vale para Maria Joao Pires, como vale para Jose Saramago (a proposito do seu ultimo livro.)

sexta-feira, março 26, 2004

Entre-os-Rios

O processo de apuramento de responsabilidades da queda da ponte de Entre-os Rios é uma vergonha nacional. A democracia aliada ao Estado de Direito e ao princípio da tutela da dignidade humana são os próprios fundamentos no qual o nosso regime assenta. Estes têm como corolário a liberdade. Mas, para haver liberdade tem que haver responsabilidade, temos que ter de responder pelos nossos actos senão a tutela da minha liberdade ia afectar a liberdade dos outros. Alguém há-de ser o culpado. Ou será que foi obra e graça do espírito santo? E se foi, podemos pedir alguma idemnização à igreja católica, sua representante na Terra? Mas quero terminar com uma mensagem de esperança, para além dos recursos que aí vêm, isto foi só o processo penal, falta o cível... Pode ser que por aí o nosso país se salve da mediocridade.
Ou não.

A laranjeira.

Por estes dias no topo da agenda, o cheiro da flor de laranjeira. Os sentidos meio adormecidos, com a vitalidade sugada pela movimentação contínua num meio hostil, despertaram, confusos, com um cheiro de paz. Uma laranjeira perdida no meio da calçada, exalava, inutilmente, um odor frutífero. Coisa rara nas ruas que correm. Houve em tempos na cidade um estúpido semeador de laranjeiras, inconsciente e sem coração, que resolveu plantar e abandonar. Iniciativa bonita de se levar a cabo, essa de plantar e abandonar. Para que outros colham e desta forma aproveitem a generosidade distraída. Mas uma laranjeira despropositada em que urbanitas perversos mijam por acharem bom tronco e boa rega, faz-me infeliz e atento a todos quantos, sobretudo loucos, plantam em tão inóspitos lugares. E agora eu de sentidos despertos busco em todos os recantos que o sol ilumina qualquer coisa mais substancial que carros, edifícios ou homens. Talvez mulheres. Porque a laranjeira irónica (resta-lhe a ironia) a desassossegar os viandantes, mostra-se exuberante. Se fosse poeta diria «quem me dera ser laranja e por um raminho ficar seguro aos ramos protectores da laranjeira». Mas de pronto viria um desocupado e asseguraria que «os ramos são uma metáfora, na realidade ele fala no útero materno». Mentiras. E com a burocracia das interpretações o essencial cheiro da flor de laranjeira rapidamente seria relegado para segundo plano. Escapa-lhe que bem sei o destino de uma laranja: cair esmagada no chão de podre. Não o deixo. Apenas falo no odor que me desatina os dias, quando o sinto e quando o sonho. Odor passageiro que o sentimos de raspão, a caminho de algum compromisso mais elevado que ficar simplesmente por ali na sedução da ramaria e na revitalização dos sentidos. Bastaria uma única laranjeira para tal? Depende do diagnóstico, alguns haverá que nem um pomar inteiro.

A laranjeira desprezada, sofre com a perspectiva de uma longa vida melancólica. Talvez um dia seja capaz de pegar num machado e lhe abreviar o sofrimento.
Qual Deus indevido em alheia vida.

quinta-feira, março 25, 2004

Colapso da ponte devido a «causas naturais», diz juiz.

Não percebo o porquê de tanta indignação ao se saber da decisão do juiz do não-processo da queda da ponte de Entre-os-Rios.
As causas foram naturais.
Motivadas pela natureza.
Da nossa natureza.
Enquanto portugueses.

Ora, não vai ser um simples juiz a modificar a natureza de um povo,
mas fico a pensar que a morte terceiro mundista de 59 pessoas devia ter modificado alguma coisa.

A cada um será dado conforme a sua fé.

O lider espiritual dos palestinianos, o 'profeta' Ahmed Yassin foi morto num daqueles ataques a que a estratégia militar de inspiraçao norte-americana gosta de chamar 'cirúrgicos'. Acredito que Ahmed Yassin tenha morrido feliz, melhor martirio só mesmo se tivesse com ele levado umas centenas de israelitas.

Quanto a Sharon aguarda-se ansiosamente que existam eleições em Israel.
Sao os benefícios da democracia, para que haja mudança de actores basta que existam eleições.

A paz no horizonte das terras da Bíblia, só se vislumbra com novos rostos na líderança. Rostos sem a cegueira destrutiva de um homem de armas como sempre foi Sharon e sem o radicalismo de um fundamentalista religioso como é Arafat.
Rostos sem ódio.

segunda-feira, março 22, 2004

Asteróide passou perto da Terra.

"Um asteróide com 30 metros de diâmetro passou perto da Terra, ontem à noite, sem causar danos, avançaram, sexta-feira, astrónomos da NASA."


Esperemos que a histeria securitaria da TVI não exorbite esta noticia.

Do Abrupto:

Não é a frase "eixo da mentira" (Francisco Louçã) da mesma natureza de "eixo do mal"? Ou seja, não é um julgamento político disfarçado de julgamento moral?

Como pela cuidada leitura quotidiana se pode descobrir ou como se pode ficar a saber atraves do substancial e extraordinariamente bem documentado livro do psicanalista Arno Gruen, 'A Loucura da Normalidade' (Assirio e Alvim), o rebelde e o conformista nao sao de modo nenhum tao diferentes entre si. Passa-se que na genese do conformismo e da rebeldia, que 'a primeira vista parecem opostos, encontram-se os mesmos desiquilibrios interiores que os afastam do real. Voltarei, com tempo, ao livro e ao tema.


Seria necessário voltar a repicar esses discos para poder avaliar bem coisas que talvez nos esclarecessem e nos abrissem novos caminhos.
Novos caminhos, os caminhos mais actuais, novos caminhos, uma orientação nova.



Carlos Paredes no tema de abertura (Viva! de Sam The Kid) deste belissimo cd duplo.
Uma homenagem superiormente conseguida.
Caso raro em Portugal, tratar bem quem se distingue, e nos acolhe o coraçao e engrandeçe a alma.

O umbigo deles.

Sem duvida uma consequência lógica. Estas palhaçadas de mau gosto e' o que sucede quando se propõem brincar as' manifestações anti-América. Dizia-me ontem o nosso companheiro de blog Rui, que apesar de ter sido completamente contra a intervenção no Iraque fora do âmbito da ONU, preferia dada a situação actual, que as tropas permanecessem no terreno e acabassem o trabalho, bom ou mau, que iniciaram. Obviamente uma posição muito mais prudente e avisada que o caos, próximo da guerra civil, que o abandono militar do Iraque provocaria. Em paralelo, curioso como o farol da esquerda criativa ignora deliberadamente as noticias que chegam do Iraque, (embora suponha que reflectem sobretudo a opiniao da populaçao de Bagdad) e que apontam para uma maioria da opinião publica iraquiana com expectativas positivas quanto ao futuro; ou alguém tem duvidas que aquele povo agora sem medo e ávido de fazer valer os seus direitos, apenas vai aceitar a presença americana enquanto for estritamente necessário e que não vai aceitar de modo nenhum as tentativas de ingerência que porventura os Estados Unidos tentem levar a cabo? Esta esquerda criativa e umbiguista muito gosta de passar atestados de menorização...

sábado, março 20, 2004

Ficção Científica.

O continuado alheamento de muitos jovens concidadãos merece medidas drásticas. Tanto quanto se sabe alguma racionalização e uma boa dose de arte resolveriam a questão. O problema e' que a montanha, que se saiba, nunca foi a Maome. Temos, que perante a intuição da incomodidade própria, alguns sujeitos mergulham em mais que duvidosos remédios santos. O gregarismo exagerado, as parvoíces cósmicas, os blogs desesperados, o yoga, e o Espaço Evoe não são a solução mais acertada. Mas isto pode ser só a ponta do iceberg. Eu, sempre preocupado com o estado de espirito do meu semelhante, sugeria uma provocação limite para o despertar desta gente rarefeita. Neste ponto eu aconselharia a procura de uma transgressão controlada. Predisponho-me a ser o autor da execução da seguinte solução: se fechássemos tais pessoas num cubo de dimensões quanto baste, fortemente decorado com motivos psicadelicos e luzes intermitentes, recheado de écrans em todos os ângulos geométricos a bombardear varias imagens previamente escolhidas e com uma cadencia programada por minuto, juntando um som electrónico e dançavel com o volume bem elevado baseado num sintetisador, numa bateria e num saxofone, isto aliado a uma dose simpática de heroina no sangue, coisa pouca que não queríamos criar viciados, talvez uns JB’s também ajudassem, depois provocar uns 2/3 orgasmos durante a estadia no cubo decerto seria de determinante ajuda. Tudo misturado e durante umas inesquecíveis 3 horas, estou em crer que serviria na perfeição para provocar uma injecção de vida e despertar da dormência. Depois desta experiência de certeza que o ponto alto do dia não mais seria ir tomar café depois do jantar e fofocar e, por exemplo, os donos do Espaço Evoe teriam que mudar de ramo. Só havia um problema: depois eu já não podia fazer posts a criticar as parvoíces cósmicas instaladas, mas decerto que empregaria bem melhor o meu tempo.

Para que haja Paz

Tomemos atencao a esta carta aberta a Al-Qaeda. Rapido, nao podemos perder tempo, ha muito a mudar.

Incultura Urbana.

Os auto-excluídos da cultura urbana são um fenómeno humorístico nas ruas da cidade. Vai um gajo a subir o chiado e aborda-nos uma rapariguinha de vestes entrapadas que pede decidida mas não segura uma moeda para ‘o nosso espectáculo de fogo’. Ora a dita actuação ardente trata-se tão só de um pau com as extremidades em fogo que um sujeito com manifesta descoordenação motora, resultado da ingestão de algum tranquilizante para acalmar os nervos que o vasto publico provoca, tenta girar e passar entre-mãos. E tal incapacidade artística e’ elevada a ‘espectáculo’. São uns criativos. Na minha humilde e desinteressada opinião julgo, que na falta de melhor, carregar uns baldes de cimento era solução possível para a declarada ausência de falta de ocupação.

O poder.

Contra o fundamentalismo de grandes civilizacoes caidas em desgraça (passo a evidente tomada da parte pelo todo) respirar o relativismo da sociedade ocidental resulta numa enorme vantagem cognitiva. Mas quando o relativismo nao se perde no enorme campo da subjectividade emergem sempre algumas verdades absolutas, resultado de um sentido etico que se procura aplicar, diz Pacheco Pereira no Publico de quinta-feira:

Não foi a vitória socialista que representa o sucesso da Al-Qaeda, nem sequer a derrota do PP. Para um democrata, eleições livres, mesmo que realizadas num ambiente de tensão, são uma genuína demonstração da vontade do povo espanhol. Estas eleições espanholas foram eleições livres e nada a dizer sobre isso. Houve manipulação de parte a parte, medo, votos de emoção? É possível. O medo é um mau conselheiro, mas o medo tanto podia "aconselhar" o voto no PP, como no PSOE. Face ao terrorismo, não há medos bons nem maus.
O problema é outro e começou no dia seguinte. Ao escolher, no dia seguinte às eleições, fazer as afirmações que fez, sobre a retirada das tropas do Iraque, e criticando Bush e Blair, Zapatero deu à Al-Qaeda a vitória que esta podia não ter tido. Bastava que Zapatero tivesse no dia seguinte falado apenas no terrorismo, na sua firme disposição de o combater e de combater a Al-Qaeda, sem quaisquer tréguas. O resto podia ir dizendo depois, com a prudência que se recomendava.


A indignidade da gestao interesseira da informaçao disponivel quanto 'a autoria dos atentados de Madrid por Aznar, so' encontra paralelo com essa outra indignidade que foram as declaracoes prestadas de pronto por Zapatero quanto 'a retirada das tropas espanholas do Iraque. Duas indignidades, um motivo: uma causada pela procura desenfreada da manutençao do poder, outra resultado do subito deslumbramento que o poder provoca. O que e' o poder?

Esplendor Americano

Este membro do blog foi hoje ao cinema e gostou do que viu. "American Splendor" surpreende pelo formato (próximo do documentário) e pela adaptação da BD. O humor é genial. As personagem (tão bem baseadas em pessoas da vida real que parecem copiadas) são muito ricas, modeladas, profundas e divertidíssimas. O título não foi mal traduzido (aleluia!). Recomendo vivamente a quem também acha que "a vida normal é uma coisa muito complicada".

sexta-feira, março 19, 2004

E tu, que fazes amanha 'a tarde?

A isto chama-se brincar com coisas serias. Acham que se importam realmente com a ainda fragil situaçao iraquiana? Serao apenas parolos? A isto tambem se chama brincar com a intervençao em democracia. O que vale e' que nao revela absolutamente nada. Deve ser a crise. Como nao ha dinheiro para ir ao cinema ou ao teatro, combina-se uma manif para o pessoal confraternizar, fazer umas caricaturas e berrar uns adjectivos contra o Bush, e' assim como ir ao futebol e chamar nomes ao arbitro! Acalma o stress... Mas atençao uma manif anti-America esta' muito mais na moda. E umas SMS sempre ficam mais baratas... Um forte aplauso para as nulidades culturais sempre prontas a denunciar as mal-feitorias no Mundo. Ou julgavam que a imagem e o marketing eram so' atributo da direita? A isto chama-se marketing directo. Depois como o Bairro Alto e' ali mesmo ao lado, fica-se para a noite fuma-se umas ganzas e bebem-se uns canecos! E as tropas no Iraque que voltem depressa, que os terroristas zangam-se e nos temos medinho... Eles que se entendam que nos por ca' tambem nos entendemos! (Entao mas isso roda ou nao???)

Um ano depois, o que pensam os iraquianos?

A minha posiçao favoravel 'a intervençao no Iraque, sendo eu obviamente contra 'as guerras em geral (e nao somos todos?), nunca assentou no mobil das ja tornadas caricatura pela esquerda e por Bush (oh, malvada ironia!) armas de destruiçao maciça. O que se passa e' que a deposiçao de Sadam, eterno responsavel por grande instabilidade no medio-oriente e opressor de todo um povo, por si so' valeu a intervençao armada. Foi preciso derramar sangue uma ultima vez, para que Sadam nao mais continuasse como assassino empossado. As bombas que todas as semanas explodem no Iraque sao resquicios de uma ditadura toda-poderosa e sanguinaria. A minha visao centrou-se sempre no destino dos iraquianos e na possibilidade da melhoria das condiçoes de vida de um povo que tem direito 'a liberdade e a escolher seja dentro ou fora dos seus padroes culturais especificos. Mas nao e' sobre as minhas posiçoes subjectivas (que podem ser encontradas nos arquivos) que quero falar. Quero falar daquilo que os iraquianos pensam e dos seus sentimentos e esperanças actuais, volvido um ano de ter começado a guerra, e com Sadam ainda no poder. Atraves desta sondagem feita pelo Oxford Research International para as televisoes BBC, ABC, a alema ARD, e a japonesa NHK quero destacar as seguintes conclusoes:

Their opinions are generally positive: many say their lives have improved and they're generally hopeful for the future.

Of the 2,500 people questioned, 85% said the restoration of public security was the major priority.

With the leader recently toppled, most Iraqis answered that the best thing that had happened in the last year was his
(Sadam) downfall.

Looking back, more Iraqis think the invasion was right than wrong, although 41% felt that the invasion "humiliated Iraq".

80% favoured a unified state with a central government in Baghdad - again the need for a strong leader was high among concerns (...) Perhaps reflecting the continued fears over security, only 15% said foreign forces should leave now.

Seventy percent of people said that things were going well or quite well in their lives, while only 29% felt things were bad


Esperemos que a comunidade internacional e sobretudo os novos governantes iraquianos nao defraudem as expectactivas positivas que a larga maioria do povo iraquiano tem, e que o pessimismo demonstrado por alguns iraquianos nao se confirme.

Entretanto seria bom que o primeiro-ministro espanhol tivesse, pelo menos, conhecimento desta sondagem.

quarta-feira, março 17, 2004

Isolem-me ja

Interessantes as conclusoes apresentadas por uma universidade minha vizinha, ouvir musica ajuda a construcao de estados de espirito e a passar o tempo, como por exemplo nos transportes publicos. Aqui temos uma situacao em que toda a ajuda e`bem vinda. Uma contra indicacao e`o uso e abuso desta forma de abstraccao do Mundo exterior. Concordo, mas pergunto eu, sera que na situacao dos transportes isto e`assim tao mau, o que eu nao daria por este isolacionismo em ocorrencias passadas.

O Edu gosta

de musica e nos ultimos tempos tem ouvido o Cd de Audioslave, uma banda resultante de uma combinacao de outras duas grandes referencias, Rage Against the Machine e Soundgarden, temos assim um estilo Post-Grunge que recomendo.

Like a stone

On a cobweb afternoon
in a room full of emptiness
by a freeway i confess
i was lost in the pages
of a book full of death
reading how we`ll die alone
and if we`re good we`ll lay to rest
anywhere we want to go

In your house i long to be
room by room patiently
i`ll wait for you there
like a stone i`ll wait for you there
alone

And on my deathbed i will pray
to the Gods and the angels
like a pagan to anyone
who will take me to heaven
to a place i recall
i was there so long ago
the sky was bruised
the wine was bled
and there you led me on

In your house i long to be
room by room patiently
i`ll wait for you there
like a stone i`ll wait for you there
alone

And on i read
until the day was gone
and i sat in regret
of all the things i`ve done
for all that i`ve blessed
and all that i`ve wronged
in dreams until my death
i will wander on

In you house i long to be
room by room patiently
i`ll wait for you there
like a stone i`ll wait for you there
alone

(letra dos Audioslave, do album com o mesmo nome)

segunda-feira, março 15, 2004

Espaco opiniao

Best Things in Life.
Ainda dedicado a algumas das personalidades femininas ligadas ao mundo da musica que mais me atraem.
Comeco por tres Norte-Americanas:
`Get the party started`com Pink,
esta teenager ireverente de nome Alicia Moore desperta-me a atencao, incompreendida por uns, admirada por outros penso haver lugar para o estilo de Hip-hop/Pop que interpreta.
Sheryl `All I wanna do` Crow,
artista madura, aprecio muito o seu genero de musica Rock classico, este estilo Pop/Rock Americano calha sempre bem numa `road trip`.
Norah `Come away with me` Jones,
uma jovem que juntamente com sus muchachos nos tem presenteado com algumas das melhores baladas dos ultimos tempos, certamente um dos novos talentos do Jazz Blues.
Depois temos uma bela Colombiana:
`Whenever wherever` temos Shakira,
a fazer as delicias de muitos, o Pop latino esta bem representado na figura de Shakira.
E termino com uma Britanica:
Sophie `Music gets the best of me`Ellis-Bexter,
a representar e muito bem o Pop britanico temos esta jovem que qualquer novo visual lhe assenta que nem uma luva.

A apresentacao

As apresentacoes de trabalhos sao sempre situacoes caracterizadas por algum nervossismo e apreensao. Nunca temos bem a certeza se nos vamos portar a altura, se vamos conseguir dizer aquilo que pretendiamos dizer de uma forma coerente e que faca algum sentido. Ha sempre aquele receio de bloquear subitamente, de Puff e la se vao as ideias, isto quando temos a nossa frente uma sala inteira de colegas nossos, os quais nos olham e escutam (que remedio) e que nos deixam com aquela sensacao incomoda de estarmos a ser observados.
Claro esta isto nao e`o fim do Mundo, tecnicas e metodos ha de nos concentrarmos, mantermos o controle, a nossa propria experiencia a isso nos ajudara, a nossa maneira de ser, de encarar este tipo de situacoes ira influenciar o nosso `estar a vontade` mas a verdade e`que por mais habituados que estejamos nao me venham dizer que nao passam pelo mesmo. Isto tendo em conta o ponto de vista do aluno, alguem que se sujeita a passar por isto de forma a concluir o seu curso, e nao um professor por exemplo ou uma outra pessoa que seja paga para isso, essas sim com uma maior responsabilidade naquilo que fazem.
Nao quero com isto dizer que nao aprecio estas alturas ou tipo de avaliacoes, penso que ate sao interessante, acredito que nos ajudam a sermos mais confiantes e que nos preparam a comunicar de uma forma mais elaborada ideias e conhecimentos. Por si so ferramentas importantes. Agora, acredito tambem que isto possa ser feito de forma moderada, e`bom passar umas quantas vezes por estas situacoes mas nao cheguemos ao ponto da perseguicao, como que fazendo os jovens desesperar, "bolas, mais uma apresentacao, odeio isto" e`certamente algo a evitar.
Quanto a mim, sempre tenho saido por cima e sinto-me sempre bem depois de tal situacao, fico mais aliviado e pronto para outra (refiro-me ainda ao topico desta posta).
Que venha entao o proximo trabalho.

domingo, março 14, 2004

Cinco anos de Bloco.

Quando o Bloco de Esquerda (BE) surgiu da união do PSR, da UDP e da Política XXI compartilhei todos os lugares comuns ditos acerca da recem-formada força política. Que vinha rejuvenescer o espectro partidário, que traria novos temas e causas renovadas para a agenda política, que significaria a renovação da esquerda, que seria um factor de aproximação dos jovens perante a política. Eu quase me entusiasmava. Tudo isso aconteceu, mas de forma bem menos tranquila e muito mais subversiva e com menos resultados positivos que aquilo que se poderia esperar para a democracia. O BE fazendo-se apresentar com uma excessiva causa contemporânea social rebela-se contra uma maioria de princípios éticos bem mais actuais que perverte. A forma caricatural e demagogica como lidou com a guerra no Iraque e' disso exemplo. O BE não e' moderno e' apenas extemporâneo, e se assim continuar as suas hipóteses de crescimento – que as tem – encontram-se ameaçadas. Depois o BE se quer primar pela diferença devia adoptar uma atitude muito mais pedagógica e construtiva, porque tem massa critica para tal. O BE devia dirigir as suas baterias para campos como a Educação e a Cultura na exacta medida em que e' por aí que passa a mudança de mentalidades que o BE tanto anseia. Mas em vez disto o BE não raras vezes cai no ridículo e em matéria de terrorismo verbal assemelha-se ao concorrente de horizontes opostos que e' o PP, tão só porque certo tipo de afirmações só podem ser consequência de uma incomodidade na própria pele. A sua acção política passar essencialmente por defender intransigentemente uma infinidade de pequenas causas de minorias resulta no quadro actual contraproducente. O que transparece e' que o Bloco preocupa-se mais com certas temáticas minoritárias do que com questões bem mais prementes que afectam os jovens como a habitação, o desemprego entre licenciados, a precariedade laboral ou, numa perspectiva mais abrangente a qualidade de vida nas cidades. Uma demasiada colagem com este tipo de grupos, principalmente com o nervoso ‘lobbi homossexual’ (a quem futuramente dedicarei um post) também não ajuda. Porque ou muito me engano ou Francisco Louça, Miguel Portas e Joana Amaral Dias (já nem falo em Fernando Rosas) são bem mais inteligentes que aquilo que mostram.

sexta-feira, março 12, 2004

"Con las víctimas, con la Constitución y por derrota de los terroristas".

O 4aferida tambem protesta contra o terrorismo.

TERRORISMO NAO!


Em memoria de todas as vitimas.
Sendo certo que a dinamica blogoesferica podia ser outra escrevendo-se menos sobre certos comunicados desonestos e infelizes, procurando antes levantar importantes questoes que surgem no rescaldo do horror, nao e' mais relevante o post de Daniel Oliveira que apressadamente multiplica disparos no eter nao informando ao menos se tambem apelida os atentados de Madrid de 'acto criminoso e fascizante'... Pouco importa.

Prefiro renovar a ideia do Basfemias e do Bota Acima e hoje por altura da grande manifestaçao em Madrid, colocarmos em todos os blogues o veemente apelo TERRORISMO NAO!

Do International Herald Tribune: E a Europol?

In a year when Greece will act as host to the summer Olympic Games, the bombings on Thursday in Madrid will be a test of pan-European police cooperation in the face of terrorist threats, experts said. Until now Europe-wide cooperation in the fight against terrorism has often been ad-hoc, according to the police. Police officials have preferred to contact one another bilaterally rather than passing through institutions of the European Union.

When European officials, including the president of the European Commission, Romano Prodi, were targeted with packages containing explosive devices in December and January, Italian, Dutch, Belgian and other police forces worked outside the established structures of pan-European police cooperation.

Europol, a police agency established by the EU in the 1990s, was not put on the case, despite the fact that Europol’s director, Jurgen Storbeck, was one of the recipients of an explosive package.

Europol, which was established to fight terrorism and other cross-border crime, has about 500 employees.

Under its current status, Europol cannot begin an investigation unless national authorities in EU countries request it.

At 7 p.m. on Thursday, less than 12 hours after the deadly terrorist attack in Spain, most of the staff at Europol had gone home.

‘‘No one is in their offices,’’ said a receptionist who answered the phone at the agency’s headquarters in the Hague.

Storbeck was in Rome for talks with an Italian parliamentary committee. He said the Madrid bombings did not ‘‘correspond to the modus operandi’’ of the Basque separatist group ETA, according to Agence France-Presse.

‘‘ETA has always committed attacks targeted at particular people and if there was a danger to the public at large, they gave a warning,’’ Storbeck said, without elaborating on what role Europol could play in the investigating the attacks.

The question of pan-European cooperation on terrorist matters is key for the European Union. Since the mid-1990s, European governments have abolished border checks but borders still remain for police. Police in most situations do not have the power to pursue and arrest suspects across national boundaries.

Following the bombings in Madrid, Spain has the option to suspend the Schengen accords, which allow for the open borders.

Pietro Petrucci, a spokesman for the European Commission in Brussels, said he had not received notification of any intention to reimpose border controls.

Petrucci said the Schengen accords had been suspended in Italy several years ago during a meeting of the Group of 7 industrial countries and more recently at the Spanish border with the British enclave of Gibraltar when many passengers on a cruise ship fell ill. Greek officials have debated whether to reimpose passport checks during the August Olympic Games, but have not yet reached a decision, according to officials in Athens.

On Thursday a number of European governments announced extra security measures following the Madrid bombings.

France raised its terror alert, according to a statement by Prime Minister Jean-Pierre Raffarin’s office. France moved from yellow alert status to orange, the second level in the four-level system.

‘‘A number of measures will therefore be implemented, including the reinforcement of police forces with the military, to increase security on public transport in particular,’’ the statement said.

Border police forces tightened security between France and Spain, the Associated Press reported.

Police officers stopped people on foot and searched cars and other vehicles, the AP said. At the Biriatou border crossing, heavy trucks were stopped for security checks. There is no link between the Madrid bombings and the recent threats to bomb railway lines by the shadowy group known as AZF in France, France 2 television news said, quoting officials.

In Greece, which recently requested help from the North Atlantic Treaty Organization to secure the summer Olympics, security was tightened on railway lines.

‘‘The Transport and Public Works Ministry is increasing security measures with immediate effect until further notice on all the country’s railway and metro networks following the bomb attack in Madrid,’’ a ministry spokesman told Reuters.

Swiss International Air Lines is adjusting security measures following the Madrid bombings, a company spokesman Jean-Claude Donzel told Bloomberg News.

And the Belgian government is taking more measures ‘‘to safeguard Spanish diplomatic interests in Belgium,’’ Peter Mertens, a spokesman for the Interior Ministry told the news organization.


Como combater entao actos terroristas organizados? Ou julgava-se que o terrorismo, como muitos faziam crer, nao era um problema europeu e portanto uma atitude preventiva era desnecessaria? Ao surgir uma terceira tese que aponta para a colaboraçao entre a ETA e grupos arabes radicais, nao sera' urgente uma resposta baseada em serviços de informaçoes e cooperaçao internacional? Como adequar uma resposta eficaz ao terrorismo sem entrar, passo a redundancia, numa histeria securitaria?

quinta-feira, março 11, 2004

Depois do sangue, o mais terrivel dos absurdos continua.

A incerteza da responsabilidade dos atentados, o medo, as manobras de contra-informaçao e o silencio dos assassinos fazem parte do mesmo absurdo que os terroristas alimentam.

O governo espanhol que de pronto imputou a responsabilidade 'a ETA informa agora por via do seu Ministro do Interior que "no se descarta ninguna línea de investigación". Uma vez que " una cinta en árabe en una furgoneta relacionada con los ataques abre esta hipótesis. Al Qaeda, por su parte, ha reinvindicado la autoría en una carta enviada al diario Al-Quds Al-Arabi" , conforme o El Pais.
O porta-voz da Sozialista Abertzaleak foi peremtorio em afirmar "el Estado español mantiene fuerzas de ocupación en Irak". "Por lo tanto, el modus operandi, el número elevado de víctimas y el modo de proceder me da qué pensar, y tengo en la cabeza como hipótesis que haya podido ser un operativo de sectores de la resistencia árabe" , ainda conforme o El Pais.

Repare-se que se forem os independentistas bascos os assassinos, ainda assim a Al-Qaeda, ou grupos ligados a esta, vieram a terreiro reivindicar o usufruto da barbarie. Assim se prova que a obssessao destrutiva serve em primeira mao o terrorismo Arabe. Da identificaçao da autoria dos atentados resultam leituras distintas que remetem para prognosticos desiguais ao nivel de futuros actos criminosos, situaçao que nao nos deve passar ao lado na medida em que temos em maos a organizaçao de um evento internacional como e' o Euro2004.
Sem alarmismos e com a serenidade que actos criminosos nao deve retirar.

Actualizaçao: Sera' uma repetiçao que se ignora? Este misto de silencio e perplexidade nao sera' igual ao que se seguiu aos atentados ao WTC? E' dificil aceitar que celulas da Al-Qaeda possam ter actuado em Madrid? Passou-se o dia todo a subestimar a evidencia que o terrorismo mais fanatico e destruidor e' Arabe? 23:00

O mais terrivel dos absurdos.


Numa altura em que as autoridades espanholas julgavam ter a ETA controlada e com fraca capacidade organizativa pelo desmantelamento de varios grupos, numa altura em que o IRA cumpre a promessa do depor das armas, acontecem os piores atentados terroristas de que ha' memoria em territorio espanhol e mesmo, atrevo-me a dizer, na Europa. Se foi realmente a ETA, esta aproximou o seu ignominioso modus operandi da forma de actuaçao de grupos islamicos radicais como a Al-Qaeda o que me parece ainda mais perturbador uma vez que penso (pensava?) que o terrorismo e' um fenomeno claramente Arabe. O presidente do partido basco Batasuna afirmou que a autoria dos atentados nao seria da ETA uma vez que, por exemplo nao tera' existido aviso previo. A policia, por seu turno, diz que os explosivos sao da ETA. O atentado ainda nao foi reivindicado, ou nao fosse esta forma de guerra sem rosto a maior das cobardias. Perto de 200 pessoas inocentes foram mortas por compatriotas indignos. Tal como naquele 11 de Setembro a dor tambem nos pesou a nos, neste novamente inquietante dia 11, agora de Março, somos sem duvida todos espanhois. Coincidencia ou nao o fanatismo e' ainda mais doentio e perigoso quando assenta em signos de horror previamente planeados que procuram que o espirito na hora fragil, abandone o trilho da razao e da justiça.

Luto

Nada justifica a morte de pessoas inocentes, nada. Não sei quais os objectivos da ETA ou sequer se foi a ETA, sei que nenhuma causa, nenhum motivo racional pode ser apontado. A única coisa que conseguiram foi com que que o PP vá ganhar nas eleições do próximo Domingo por larga maioria. Tenho confiança nas forças policiais espanholas, nos tribunais e no Estado de Direito Democrático e Constitucional. Os criminosos serão apanhados e punidos. Hoje, somos todos espanhois.

terça-feira, março 09, 2004

Espaco Opiniao

Best Things in Life.
Algumas das personalidades femininas ligadas ao mundo da musica que mais me atraem. (Actualidade)
Kylie `I should be so lucky` Minogue,
a australiana tem sido uma constante, sempre gostei bastante desta rapariga e aprecio imenso o seu trabalho, muito talentosa.
Gwen `Don`t speak` Stefani,
gosto dela, aprecio os clips da banda da qual e`a vocalista, os No Doubt, um grupo made in USA que tambem me cativa, penso que e`uma das (poucas) frontwoman de bandas de relevo do momento.
Nina `Lovefool` Persson,
desde o lancamento dessa musica (banda sonora do filme Romeu e Julieta, com Leonardo`Killing me softly`DiCaprio) que engracei logo com esta sueca muito gira...e tambem nao canta mal, infelizmente nos ultimos tempos nao a tenho visto muito, por onde andaram os The Cardigans?
`White flag`a Dido, rendo-me,
ja anteriormente tinha referido o seu ultimo Cd e como nao podia deixar de ser e`obvio que a tinha de mencionar, uma jovem britanica que quando a oico cantar me deixa muito `mellow`, que e`como quem diz nas nuvens.
Anouk `Nobody`s wife` Teeuwe,
quanto a esta menina nao tenho bem a certeza se a queria para esposa mas devo confessar que na altura a achei interessante, talvez pela sua rebeldia eis uma sugestao para os mais ousados (if you dear), so podia ser produto holandes.
No panorama nacional tavez mencione a Lucia Moniz, nao porque a leve muito a serio mas porque reconheco que tentou algo diferente em Portugal dentro do mainstream (e tem uma carinha laroca). Uma outra e`a Cat, vocalista da banda de Viseu, Eye, aprecio imenso esta jovem cantora e tambem gosto muito da musica que canta com o Pedro Abrunhosa,`Sombra do abraco`e`cinco estrelas.
Claro que e`caso para dizer que o que e` nacional e`bom, existem muitas bandas e personalidades de consistencia, acredito nisso mas isso agora ja e`outra historia.

Será que tenho um corpo?

Ao passar pelo Chiado não pude deixar de reparar num cartaz desse verdadeiro farol da nossa cultura pós-contemporânea, essa verdadeira candeia que vai na vanguarda da sociedade (e candeia que vai à frente alumia duas vezes, já lá dizia a minha avó) que é o Espaço Évoé. Depois dos cursos “bué da” alternativos do costume está um curso que me prendeu a atenção: “Consciência corporal”. Aparentemente trata-se de um curso para as pessoas que não têm consciência que têm um corpo. Todo esse mundo de pessoas que até hoje se interrogavam, “será que tenho corpo?”, têm a partir de hoje um lugar onde se dirigir. A grande interrogação: “cogito ergo sum, mas será que existo só em espírito ou também em matéria?” será respondida.
A grande interrogação será: quem é que não tem consciência que tem um corpo? Alguém com a cabeça nas nuvens? Alguém muito espiritual? Mas não está na moda ser muito espiritual? Ou será que as pessoas, à força de quererem ser tanto espirituais para estarem na moda, se esqueceram que têm um corpo? E se experimentassem beliscar-se? Assim apercebiam-se que tinham um corpo. Nos casos mais graves talvez uma pancadita com um martelo surtisse o mesmo efeito... Ou, a grande interrogação, o que é que fazem se as pessoas não ganharem consciência que têm um corpo, devolvem o dinheiro ou fornecem eles um? E se fornecerem, é o corpo de quem?
Mas espera... talvez seja consciência corporal no sentido marxista da coisa, ou seja, uma espécie de consciência de classe do corpo. O corpo, não será mais do que mão de obra explorada sem dó nem piedade pelo espírito, aquele que detém os meios de produção. Será importante por isso que o corpo ganhe consciência da sua exploração, para se poder levantar e instituir uma ditadura do proletariado rumo aos amanhãs que cantam socialistas... Mas... isto não faz sentido nenhum. Bem, se calhar estou a exagerar.
Agora a sério, mesmo para um curso new age este tem um nome um bocado estranho. Será que era possível ser mais vago?

segunda-feira, março 08, 2004

8 de Marco- Dia Internacional da mulher

Celebremos entao este dia. Merecem todo o meu respeito.
Ja agora aproveitem e leiam isto.

?

"Reward and Punishment...are the spur and reins whereby all mankind are set on work, and guided".
(John Locke)

Pensem nisso.

Espaco Opiniao

Dedicado a: Best Things in Life (Ou Let`s spice things up).
Nao pretendendo de maneira alguma ser exaustivo nem sequer atribuir um qualquer grau de importancia aqui ficam algumas das pequenas (grandes coisas) da vida. No meu entender as melhores. Passo assim a inaugurar uma tematica onde poderei partilhar alguns dos meus gostos, os quais abrangem os mais variados assuntos.
Lanco aqui tambem o repto aos meus colegas para que participem com opinioes, sugestoes, observacoes, teorias e tudo o mais que lhes venha a cabeca sobre coisas da vida.
Mulheres BOAS,
Sim porque todas as mulheres sao boas ou pelo menos devem ser, com B GRANDE. Claro que a inclusao de personalidade tambem e`extremamente importante, nao digo que nao, cada qual tera as suas preferencias sobre esta mas meninas sejamos honestos,`a que ter um cuidado especial com a aparencia, o corpo e`o nosso templo. O prazer proporcionado pelas mulheres e`certamente uma das melhores coisas da vida (Thank Heaven).
Loiras, Morenas, Ruivas ou assim assim, nao importa, cada qual tem os seus atributos agora nao vamos e`inventar novas cores de cabelos, quanto no minimo uma ou outra madeixa assim mais diferente mas nada de abusos.
De notar que podera haver Mulheres Menos boas, estas poderao nao ser das mais atractivas fisicamente mas muitas vezes acabam por ser das raparigas mais interessantes (e das mais acessiveis).
Vendo bem, as Mulheres em geral, Ok, sejamos realistas, excluindo o facto de podermos ser ou um milionario ou algum George Clooney nos comum dos mortais teremos que nos contentar com aquilo que aparece, muitas vezes o que vem a rede e`peixe.
Claro que no que toca a ementa eu no meu caso gosto de comer bem...e variado.

ps- o facto de este post coincidir com o Dia da Mulher tratou-se de um mero acaso mas aqui fica a contribuicao.



Comissoes.

Normalmente sao criadas para monotorizar problematicas complexas que exigem estudos e uma atençao particular tendo em vista a tomada de decisoes fundamentadas. E' por isso natural que em tematicas de cariz social existam varias comissoes que se querem de fundo cientifico para auxiliar a tomada de decisao do poder politico. Sao exemplos disto a Comissao de Acompanhamento da Lei da Adopção bem como a Comissao Nacional de Saude Materna e Neonatalidade (referida no post imediatamente abaixo deste). Mas quando se tem 'a frente destas duas importantes comissoes pessoas como Luis Villas-Boas, que preside 'a primeira, e que diz que mais vale uma criança passar toda a vida numa instituição ou em famílias de acolhimento à "infelicidade de ser educado por homossexuais, sejam dois ou um", bem como Albino Aroso, que preside 'a segunda e que de forma leviana refere a possibilidade do fecho de maternidades sem apresentar dados concretos, pode-se concluir que as variaveis que literalmente presidem 'as comissoes, que mais uma vez noto se devem situar o mais proximo possivel do valor cientifico, sao as mesmas de sempre em muitos campos da vida portuguesa: o preconceito enraizado na frustraçao e os criterios cegamente economicistas.

Submarinos sim, maternidades nao.

Este governo continua com a inutil intençao de adquirir submarinos. E nao se contentam com um. A NATO fez saber no final da semana passada que nao necessitava da contribuiçao portuguesa no que a submarinos diz respeito. Ou seja nao precisam dos nossos submarinos para nada. O que ja' se adivinhava. Mas decerto que Portugal tem importantes missoes unilaterais onde sao urgentes os submarinos. Ou o combate ao trafico de droga por via maritima, a pesca ilegal na nossa zona economica exclusiva e a actuaçao rapida em situaçoes de poluiçao e' mais eficaz com a utilizaçao de submarinos??? Nas relacoes externas Portugal gosta muito de se fazer apresentar de rabo alçado e venia pronta. Como a questao e' militar pior um pouco. O soldadinho portugues e' pobrete mas azougado. Olhai companheiros da Nato! Este Portugal e' um orgulho! Pobre e irrelevante mas com submarinos! Agora a soberba e' ao contrario. Nao sera' apenas porque a NATO fez saber que nao precisava dos nossos submarinos que nao os vamos adquirir... Vitoria do lobbi militar e do despesismo. Mas para equilibrar as contas pensemos em qualquer coisa em que se possa poupar uns trocos. Que tal fechar maternidades? Nem mais.
Albino Aroso, presidente da Comissao Nacional de Saude Materna e Neonatalidade equaciona a hipotese de encerramento das maternidades de Bragança, Chaves, Mirandela, Lamego, Guarda, Covilha, Figueira da Foz e Castelo Branco na medida em que fazem menos de 1500 partos por ano, o minimo recomendado internacionalmente para uma maternidade funcionar. Ora aqui ja' se querem seguir as recomendaçoes internacionais. E colocar os naturais da Beira Interior e de Tras-os-Montes em vias de extinçao. Ja se entreve um potencial albicastrense obrigado a nascer em Coimbra, ou mesmo a meio caminho, na ambulancia e em lugar incerto, porque no caso Coimbra fica a mais de 100 Km! Sao este tipo de medidas centralizadoras que nega 'as regioes do interior e ao pais desiquilibrado que temos o desenvolvimento e o encontro com o potencial por lapidar, primeiro fecham-se escolas do 1º ciclo depois pensa-se em encerrar maternidades. Que se saiba apesar de o numero de partos ser inferior a 1500 nao se tem conhecimento de nenhum problema de saude publica com as maternidades referidas. Espera-se que esta idiotice nao passe de um delirio passageiro de Albino Aroso, e tranquiliza-nos o facto de Adao e Silva secretario de estado adjunto do Ministro da Saude ja' ter dito que se isso acontecesse ele deixaria o governo. Ainda assim as declaraçoes levianas de Albino Aroso merecem uma veemente condenaçao por estupidez.

domingo, março 07, 2004

Um Ze' do telhado vindo do leste.

Eu costumava parodiar o ucraniano que passou a morar no andar ao lado, neste quinto andar a caminho do ceu, do predio pombalino onde vivo. O que se passa e' que o senhor gosta de se plantar na larga janela da sua casa emprestada, e fazer discursos improvisados para o horizonte, tendo como improvaveis ouvintes a estaçao de Santa Apolonia, o Tejo, e se tiver bom ouvido, o castelo de Palmela. A rua fica muito em baixo, as silabas arranhadas nao devem chegar aos ouvidos dos transeuntes, alheios do homem que continuamente tenta a sorte . Do portugues complicado do senhor, podem-se perceber alguns improperios dirigidos 'a nossa abençoada naçao. Resultado decerto de uma convivencia conflituosa com um patrao explorador. O homem trabalha nas obras do meu predio e ao mesmo tempo tornou-se o vizinho do lado. Sucede que este homem nao e' ucraniano. Hoje na pagina 60 da revista Noticias Magazine, que sai com o DN e com o JN, para meu pasmo deparo-me com uma fotografia de pagina inteira tirada em cima do telhado do predio ao agora meu famoso vizinho. Apresenta-se ele com o seu peculiar ar de bom malandro. Mas desta vez um malandro a equilibrar-se. O que ja' e' um principio, quanto mais nao seja porque a queda nao pouparia nem um gato com as suas sete vidas. E' georgiano e tem uma veia de filosofo. O pai deu-lhe o nome de Jimi Curjishvili em honra de Jimmy Carter e, sacrilegio no tempo presente, por respeito 'a America. Tambem e' artista. Pinta paredes e casas mas aborrece-se porque ninguem quer que ele pinte quadros. Mas ha' mais. Faz poemas e utiliza como pseudonimo Karl Marx. Tambem faz musica e na sua terra natal ja teve um programa intitulado Rock Legacy. E porque saiu do seu pais? Pelo motivo mais simples e crucial: segundo ele, para perceber a vida e ver a verdade. Sera Portugal um bom lugar para essa busca?
Entretanto o palanque da janela do quinto andar vai continuar a proporcionar o desabafo das palavras. Sopre-as o vento para longe. Quem sabe exista algum ricochete feliz.

Festivais de Verao.

Passemos pelo Rock in Rio como cao passa por vinha vindimada e aponte-se ja' para os bem mais apeteciveis festivais de verao que este ano sao quase obrigados a subir a parada, eis as datas:
Meco: 10 de Julho;
Vilar de Mouros: 16, 17, e 18 de Julho;
Sudoeste: 5, 6, 7, e 8 de Agosto;
Paredes de Coura: 17, 18, 19, e 20 de Agosto.

A primeira confirmacao e' a de Chemical Brothers em Vilar de Mouros, espera-se uma grande actuacao com as colunas a debitar uma house penetrante entregue aos sentidos que de imediato exigem um corpo frenetico. Quem os viu no Sudoeste em 2002 percebe a experiencia do outro mundo que aquele duo proporciona. Mas atençao so' percebe a experiencia quem nao e' alienado ja' de si mesmo.
Vamos com eles?

Come with us
And leave your hurt behind
Bright and clear
We see the light
Our universe is at your side!
Please lead us to other suns' warm light
Leave home
We're coming back
Leave home
We're coming back
We're coming back
We're coming back
We're coming back
We're coming back
Come with us...

sexta-feira, março 05, 2004

O Hip-op (não, não me enganei, leiam o post antes de julgar)

É curioso como as modas afectam a música. A grande moda actual é, sem qualquer dúvida, o hip-hop. Não me cabe fazer julgamentos sobre se é boa ou má, não sou crítico de música de profissão e acredito que toda a música, desde tenha público, é legítima. Tenho, no entanto, de acrescentar que esta nova moda me irrita um bocado. Eu ouvia hip-hop no princípio da década de 90, muito antes de Eminem e companhia. Gostava deste género de música porque gosto da língua inglesa e achava um desafio tentar compreender as letras e aprender o calão. Também gostava muito da mensagem social que era passada, anti exclusão e racismo. Hoje não creio que seja só assim. Para além de ter crescido e consequentemente o meu gosto musical ter evoluido para além do hip-hop foi o próprio género de música que mudou. Aliás, estou a ser injusto, o que mudou foi que começaram a aparecer meia dúzia de palhaços que misturaram outros ritmos, o tornaram mais digerível, lhe retiraram qualquer conotação politica, em resumo o tornaram asséptico, o desinfectaram, mastigaram, digeriram e regurgitaram em papa pronta a ser engolida sem indigestões pelas massas. E depois o tuga vai e nasce o "hip-hop tuga"... não há nada mais execrável do que o termo tuga... mas isso fica para outro post.
Cheguei a ouvir dizer que o hip-hop era o novo rock (não sei se era publicidade à Mega) o que não percebo porque o rock é o rock, não é hip-hop. O que é certo é que o hip-hop se tornou cada vez mais main-stream, sendo hoje verdadeiramente hip-Pop, ou, como eu prefiro, Hip-op, que é mais ou menos como o tuga o lê.
É só o que eu acho, não sei. Agora se me disserem que gostos não se discutem, terei que concordar dizendo que respeito este hip-op, tal como respeito a música do glorioso Toni Carreira, seguida ávidamente por uma múltidão de fans. Ou, como o hip-op tuga tão caracteristicamente o verbaliza: "ssse bem, ssse cool".
Mas isto são cá coisas minhas.

quinta-feira, março 04, 2004

Irreversivel.

Irreversible > Because time destroys everything
> Because some acts are irreparable > Because
man is an animal > Because the desire for vengeance
is a natural impulse > Because most crimes remain
unpunished > Because the loss of a loved one
destroys like lightning > Because love is the source
of live > Because all story is written in a sperm and
blood > Because in a good world > Because
premonitions do not alter the course of events
> Because time reveals everything > The best and the worst.


Foi este o filme, que se destaca sobretudo pelo seu realismo aliado a imagens cruas, muitas vezes violentas, que venceu o Festival de Cinema de Estocolmo.
Posso dizer que gostei do filme, talvez um nada excessivo. Mas apenas um nada. E' bom que o cinema continuamente se reinvente, e este filme e' uma das formas possiveis. Mesmo que essa reinvençao nasça do orgulho e ambiçao de um jovem realizador, Gaspar Noe, que se quis revelar de pronto. Sendo o homem condiçao permanente de todas as coisas, por vezes as grandes obras resultam tao somente de um deslumbramento fugaz ou de uma zanga com o mundo ou de uma paixao/necessidade arrebatada por uma injecçao de realismo. Nem sempre o continuo carnaval em que se vive nos alimenta apenas. Adiante. O argumento encaixa perfeitamente na sinopse de frases curtas acima transcrita. Sem tirar nem por.
O filme esteve presente em cinco festivais de cinema, a saber: Telluride, Sundance (E.U.A.), Cannes, Toronto e Estocolmo. Foi vencedor do Festival de Estocolmo, capital da Suecia, peninsula escandinava, onde os indicadores de desenvolvimento mostram que existe melhor qualidade de vida e onde os direitos dos cidadaos estao melhor assegurados, em comparaçao com muitos outros paises do mundo, e onde se vive regra geral em tranquila paz social. Por outro lado sao aqueles paises nordicos que apresentam maiores taxas de suicidio, e consequencia ou nao, onde o estilo de musica Gotico/Metal impera e tem maior numero de simpatizantes. Depois um filme como 'Irreversivel' vence o festival de Estocolmo. Das duas uma: Ou os paises com maior indice de desenvolvimento humano do planeta tem um problema de emoçoes, ou estao num estado de evoluçao e auto-conhecimento em que gerem e apreendem as emoçoes de forma mais polida, nao negando os impulsos de raiz sexual que os sustentam, aceitando-os de forma muito menos cinica e atabalhoada que nos por ca'. O que em certos psiquismos particulares pode ser um contra. Como mostra o poeta, um exagerado sentimento de si pode originar uma bala na cabeça...

quarta-feira, março 03, 2004

Frankly, my dear, I don't give a dam...

Muito gostam as pessoas de contar histórias, de dizer coisas. Num autocarro, numa repartição, numa bicha para qualquer coisa, lá está alguém a contar uma história das suas vidas. Os media, esses iluminados, aproveitaram imediatamente a oportunidade de seguir esta tendência instituindo o hábito, assaz irritante, de ir fazer entrevistas de rua sobre qualquer aspecto da actualidade. Então se der para ser um directo... é uma festa. Qualquer tema serve: a morte de um famoso, o último jogo da selecção, um filme, um livro (como ninguém lê, mas ninguém admite que não lê, estas são as minhas favoritas, ver as pessoas a dizer banalidades que servem para qualquer coisa).
Esta necessidade, esta “fome de conversa” é aflitiva... o que é que se passará nesta sociedade para as pessoas se sentirem tão sozinhas que sentem a necessidade de falar de quaisquer assuntos (mesmo os pessoais) com qualquer desconhecido. Será que sentem que ninguém as ouve? Todos falam, sem interessar muito o que dizem, só para sentir que alguém os ouve.
Será que precisamos todos de terapia?