sexta-feira, março 05, 2004

O Hip-op (não, não me enganei, leiam o post antes de julgar)

É curioso como as modas afectam a música. A grande moda actual é, sem qualquer dúvida, o hip-hop. Não me cabe fazer julgamentos sobre se é boa ou má, não sou crítico de música de profissão e acredito que toda a música, desde tenha público, é legítima. Tenho, no entanto, de acrescentar que esta nova moda me irrita um bocado. Eu ouvia hip-hop no princípio da década de 90, muito antes de Eminem e companhia. Gostava deste género de música porque gosto da língua inglesa e achava um desafio tentar compreender as letras e aprender o calão. Também gostava muito da mensagem social que era passada, anti exclusão e racismo. Hoje não creio que seja só assim. Para além de ter crescido e consequentemente o meu gosto musical ter evoluido para além do hip-hop foi o próprio género de música que mudou. Aliás, estou a ser injusto, o que mudou foi que começaram a aparecer meia dúzia de palhaços que misturaram outros ritmos, o tornaram mais digerível, lhe retiraram qualquer conotação politica, em resumo o tornaram asséptico, o desinfectaram, mastigaram, digeriram e regurgitaram em papa pronta a ser engolida sem indigestões pelas massas. E depois o tuga vai e nasce o "hip-hop tuga"... não há nada mais execrável do que o termo tuga... mas isso fica para outro post.
Cheguei a ouvir dizer que o hip-hop era o novo rock (não sei se era publicidade à Mega) o que não percebo porque o rock é o rock, não é hip-hop. O que é certo é que o hip-hop se tornou cada vez mais main-stream, sendo hoje verdadeiramente hip-Pop, ou, como eu prefiro, Hip-op, que é mais ou menos como o tuga o lê.
É só o que eu acho, não sei. Agora se me disserem que gostos não se discutem, terei que concordar dizendo que respeito este hip-op, tal como respeito a música do glorioso Toni Carreira, seguida ávidamente por uma múltidão de fans. Ou, como o hip-op tuga tão caracteristicamente o verbaliza: "ssse bem, ssse cool".
Mas isto são cá coisas minhas.