domingo, março 14, 2004

Cinco anos de Bloco.

Quando o Bloco de Esquerda (BE) surgiu da união do PSR, da UDP e da Política XXI compartilhei todos os lugares comuns ditos acerca da recem-formada força política. Que vinha rejuvenescer o espectro partidário, que traria novos temas e causas renovadas para a agenda política, que significaria a renovação da esquerda, que seria um factor de aproximação dos jovens perante a política. Eu quase me entusiasmava. Tudo isso aconteceu, mas de forma bem menos tranquila e muito mais subversiva e com menos resultados positivos que aquilo que se poderia esperar para a democracia. O BE fazendo-se apresentar com uma excessiva causa contemporânea social rebela-se contra uma maioria de princípios éticos bem mais actuais que perverte. A forma caricatural e demagogica como lidou com a guerra no Iraque e' disso exemplo. O BE não e' moderno e' apenas extemporâneo, e se assim continuar as suas hipóteses de crescimento – que as tem – encontram-se ameaçadas. Depois o BE se quer primar pela diferença devia adoptar uma atitude muito mais pedagógica e construtiva, porque tem massa critica para tal. O BE devia dirigir as suas baterias para campos como a Educação e a Cultura na exacta medida em que e' por aí que passa a mudança de mentalidades que o BE tanto anseia. Mas em vez disto o BE não raras vezes cai no ridículo e em matéria de terrorismo verbal assemelha-se ao concorrente de horizontes opostos que e' o PP, tão só porque certo tipo de afirmações só podem ser consequência de uma incomodidade na própria pele. A sua acção política passar essencialmente por defender intransigentemente uma infinidade de pequenas causas de minorias resulta no quadro actual contraproducente. O que transparece e' que o Bloco preocupa-se mais com certas temáticas minoritárias do que com questões bem mais prementes que afectam os jovens como a habitação, o desemprego entre licenciados, a precariedade laboral ou, numa perspectiva mais abrangente a qualidade de vida nas cidades. Uma demasiada colagem com este tipo de grupos, principalmente com o nervoso ‘lobbi homossexual’ (a quem futuramente dedicarei um post) também não ajuda. Porque ou muito me engano ou Francisco Louça, Miguel Portas e Joana Amaral Dias (já nem falo em Fernando Rosas) são bem mais inteligentes que aquilo que mostram.