domingo, fevereiro 29, 2004

Há 16 anos, a vida, nas ondas da TSF.

Já corremos de mãos dadas a mais secreta noite do mundo
Já subimos ao alto da montanha
Sabemos todos os nomes do medo e da alegria
Em ti me transcendo
Podia morrer nos teus olhos
Se nestes dias de cigarras doidas
perderes de vista o meu coração vagabundo,
dá-me um sinal,
abraçar-nos-emos de novo
antes dos rigorosos frios
De novo o grande sobressalto
o formidável estremecimento dos instantes felizes
Podia morrer nos teus olhos
amada rádio.


Fernando Alves.

Desfecho

Confirma-se a situacao, a causa do problema do veiculo era efectivamente a bateria, depois de tentar em vao reanima-la decidiu-se proceder`a substituicao da mesma. Foi entao confirmado o obito e uma outra bateria instalada. A operacao foi um sucesso, ontem`a noite consegui trazer o carro para casa e o mesmo encontra-se ja estabilizado. Resultado:objectivo alcancado.

sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Aldeia da Meia-Praia
Ali mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga
Da melhor que sei e faço

De Monte-Gordo vieram
Alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta
Outro foi de marcha a ré

Houve até quem estendesse
A mão a mãe caridade
Para comprar um bilhete
De paragem para a cidade

Oh mar que tanto forcejas
Pescador de peixe ingrato
Trabalhaste noite e dia
Para ganhares um pataco

Quando os teus olhos tropeçam
No voo duma gaivota
Em vez de peixe vê peças
De ouro caindo na lota

Quem aqui vier morar
Não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constrói uma cabana

Uma cabana de colmo
E viva a comunidade
Quando a gente está unida
Tudo se faz de vontade

Tudo se faz de vontade
Mas não chega a nossa voz
Só do mar tem o proveito
Quem se aproveita de nós

Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te mudo
Chupam-te até ao tutano
Chupam-te o couro cab'ludo

Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De esganar a burguesia

Diz o amigo no aperto
Pouco ganho, muita léria
Hei-de fazer uma casa
Feita de pau e de pedra

Adeus disse a Monte-Gordo
(Nada o prende ao mal passado)
Mas nada o prende ao presente
Se só ele é o enganado

Foram "ficando ficando"
Quando um dia um cidadão
Não sei nem como nem quando
Veio à baila a habitação

Mas quem tem calos no rabo
- E isto não é segredo -
É sempre desconfiado
Põe-se atrás do arvoredo

Oito mil horas contadas
Laboraram a preceito
Até que veio o primeiro
Documento autenticado

Veio um cheque pelo correio
E alguns pedreiros amigos
Disse o pescador consigo
Só quem trabalha é honrado

Quem aqui vier morar
Não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constrói uma cabana

Eram mulheres e crianças
Cada um c'o seu tijolo
"Isto aqui era uma orquestra"
Quem diz o contrário é tolo

E toda a gente interessada
Colabarou a preceito
- Vamos trabalhar a eito
Dizia a rapaziada

Não basta pregar um prego
Para ter um bairro novo
Só "unidos venceremos"
Reza um ditado do Povo

E se a má lingua não cessa
Eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza
Dos índios da Meia-Praia

Quem vê na praia o turista
Para jogar na roleta
Vestir a casaca preta
Do malfrão capitalista

Foi sempre a tua figura
Tubarão de mil aparas
Deixar tudo à dependura
Quando na presa reparas

Das eleições acabadas
Do resultado previsto
Saiu o que tendes visto
Muitas obras embargadas

Mas não por vontade própria
Porque a luta continua
Pois é dele a sua história
E o povo saiu à rua

Mandadores de alta finança
Fazem tudo andar pra trás
Dizem que o mundo só anda
Tendo à frente um capataz

E toca de papelada
No vaivém dos ministérios
Mas hão-de fugir aos berros
Inda a banda vai na estrada

Eram mulheres e crianças
Cada um c'o seu tijolo
"Isto aqui era uma orquestra"
Quem diz o contrário é tolo

Os Índios da Meia-Praia , Zeca Afonso.

PORRA, definitivamente nao ando com sorte, RAIOS partam isto

Hoje de manha deixei as luzes do carro ligadas e ao final da tarde e`obvio que a bateria tinha ido toda`a vida, la deixei o carrro estacionado. So me faltava esta.

Centenario

O Glorioso faz cem anos. Salve`27 de Fevereiro 2004.

quinta-feira, fevereiro 26, 2004

A multa

Hoje levei com uma multa de estacionamento, nao que estivesse mal estacionado mas porque a permanencia na zona so era permitida ate o maximo de uma hora. Olha obrigado, claro que eu sabia isso, nao sou cego, bem que ja tinha visto a tabuletazinha com a informacao, mas e`exactamente isso, um sinal tao mediocre que nem mete respeito, da vontade de ignorar, coisa que geralmente todos os condutores fazem, ainda para mais porque e`numa zona residencial, fica fora das grandes vias e nem incomoda ninguem, pelo menos nunca presenciei grandes problemas de trafego. Eu que estava habituado a estacionar em tal sitio ha ja varios meses nunca sequer pus os olhos em cima de um agente da autoridade, Police Constable como aqui lhes chamam, e logo hoje o PC teve que aparecer, aquilo e`que foi distribuir multa pela rua inteira, aposto que devem ter um gozo enorme ao fazer isto, nao venham ca com o "so estou a fazer o meu trabalho" eu se fosse eles tambem fazia so o meu trabalho e ao mesmo tempo achava piada ao gastar um bloco inteirinho de multas. O pior disto tudo e`que a multa e`o equivalente a 45 euros (9 contos), toma la, embrulha e manda pra tulha, nao e`brincadeira nenhuma, mas nao tem nada mais importante a fazer do que andar a controlar quanto tempo e`que estamos estacionados, devem andar a fazer campanha de angariacao de fundos e`o que e`.
Bem, com a minha contribuicao podem eles contar, o cheque esta no correio, facam bom proveito.

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

UEFA

So para dizer que acabei de ver o Porto a jogar com o Manchester para a liga dos campeoes, vitoria merecida do Porto por 2-1, sim senhor, bem jogado, o Man U tambem esteve em baixo de forma e`verdade mas o Porto teve quase sempre a posse de bola e atacou mais, por isso penso que foi um resultado justo. Nem quero imaginar agora o ego do Mourinho. Bem, quero ver se em Old Trafford eles se safam, vamos la ver.

segunda-feira, fevereiro 23, 2004

O Abel.

O meu bisavô e' vivo e tem saúde. São 92 anos que ele carrega nas mãos e sobretudo no olhar. Mas não se espere ouvir historias aventurosas. O meu bisavô não e' romântico, nunca me transmitiu a sua velha sabedoria sentado 'a lareira, apenas no seu olhar baixo preso ao lume se adivinhavam inquietações e pensamentos bem guardados. Quem sabe pensamentos tão delicados quanto os jardins que ele cuidava. As flores eram a sua matéria-prima. Os jardins a obra de arte. Foi jardineiro. Este homem forjado no fogo do inferno e moldado pelos elementos, só percebe a linguagem da terra e do céu. E olha o outro com a desconfiança natural de quem muito viu corromper. Foi sapateiro, descobriu Lisboa e foi jardineiro dos senhores do Estoril, voltou 'a terra de partida e continuou jardineiro, desta vez do senhor local. Mas a terra, sempre a terra a enrijecer-lhe a pele rude e queimada pelo sol. Porque o meu bisavô tem a pele calejada das agruras que a busca nas raizes e nas entranhas provocam e o sangue-frio arrefecido nos desencontros com os homens. Toda a vida fez musica, tocava um improvável instrumento de sopro de que não me lembro o nome, tocava de ouvido porque não sabia ler pautas, aliás, não sabia ler, bastava-lhe mais uma vez a linguagem da terra com a qual discursava com mestria, o dialogo com os homens – sabia-o - apenas era alheamento, servia para os entendimentos fugazes ao balcão da taberna com muitas cervejas 'a mistura. O retorno a uma vida essencial nos dias presentes pouco interessa, e' inútil, e assim se pode encontrar o meu bisavô sentado ao sol muito direito e com as mãos caídas entre as coxas e com os olhos pregados no céu, talvez continuamente rogando aos elementos que a terra que ele conheceu regresse e o fortifique. Porque não renega aquilo que foi toda uma vida. Ainda vira costas 'a aldeia e com pedalada certa percorre os caminhos tortuosos que o levam de encontro com a sua alma, que a pairar entre parreiras e oliveiras rapidamente lhe sopra uma renovada inspiração de vida. E com a sua velha força gosta de estimar os torrões que um dia o hao-de acolher não permitindo que as ervas ruins tomem o espaço do solo fértil pronto a semear. Que colha o Abel, primeiro nome de filho de mulher, enquanto a terra o deixar.

domingo, fevereiro 22, 2004

Povo que lavas no rio

Um dos fados imortalizados por Amalia Rodrigues.


Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

Fui ter à mesa redonda
Bebi em malga que me esconde
O beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
A água pura, puro agreste
Mas a tua vida não.

Aromas de luz e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.

Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

Letra de Pedro Homem de Melo.






So that

O momento musical de hoje e' dedicado ao fado, ai as saudades que eu tenho de ouvir um bom faduncho. Va, vao la ouvir seus vadios. Temos lagarto ou nao?
Pronto, ja esta'.

sábado, fevereiro 21, 2004

A reter: Abbas Kiarostami esta semana na cinemateca.



Imperdivel e uma enorme referencia: 'O Sabor da Cereja', vencedor da Palma de Ouro de Cannes em 1997.

Seguimos o percurso de um homem que se quer suicidar e para isso procura alguem que a troco de dinheiro o enterre.

Destaco ainda 'Onde Fica a Casa do Meu Amigo?' filme tranquilo de grande beleza e num outro registo o seu filme mais recente 'Dez' onde a mulher iraniana e' o fio condutor. Quaisquer conotacoes politicas que se queiram dar ao autor resultam irrelevantes num cineasta que premeia a arte como poucos. E por esta semana outros filmes do realizador iraniano se hao-de descobrir...

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Reformas milionarias, ter ou nao ter, eis a questao

Ao ler o Correio da Manha esta semana reparo que colocam a seguinte questao "Seguranca Social-Deve existir um tecto maximo para o valor das pensoes?" ao que nos sao dadas duas respostas, sim e nao.
"Sim porque a Seguranca Social assenta num principio fundamental: o da solidariedade. E`justo que quem descontou mais deve ter uma pensao maior, mas essa pensao deve ter um limite maximo para poder haver um minimo digno. O estado deve zelar pelos desfavorecidos, impedindo desigualdades gritantes e nao permitir que centenas de milhar de idosos sobrevivam com pensoes de miseria."
"Nao porque a solidariedade social e`isso mesmo: uns trabalham para outros poderem colher, finalmente os frutos do esforco de uma vida. Ou ainda para ajudar quem, por razoes diversas, nunca descontou. Portanto e`justo que , feitas as contas, cada um de nos tenha direito a beneficiar de uma reforma em conformidade com os descontos efectuados ao longo da sua vida."
A partida sou levado a concordar com a segunda hipotese, o Estado nao tem nada que vir ditar quanto e`que posso ou nao posso receber, que diabos se durante a nossa vida pagamos mais pelos outros (sim porque as nossas contribuicoes vao para quem mais precisa, ou pelos menos deviam) porque e`que nao podemos ter uma reforma em excelentes condicoes, acima da maioria, afinal merecemos, pelo menos e`assim que no meu entender uma sociedade em que impera uma meritocracia devia funcionar. Claro que a questao da meritocracia na sociedade portuguesa e` muito debativel mas estou a falar da ideia aparente de que nos paises industrializados se vive tal situacao.
Ora para minha surpresa fico a saber mais a frente que tendo em conta informacoes do Instituto de Solidariedade e Seguranca Social em Portugal, dos cerca de 2,6 milhoes de pensionistas existentes no sector privado, 247 recebem uma pensao igual ou superior a 5 mil euros (mil contos) enquanto que quase 800 mil vivem com menos de 500 euros (100 contos) mensais, alem do mais as dez pensoes mais elevadas atribuidas pela Seguranca Social situam-se entre os 8395,56 (1683 contos) e os 11207,16 euros (2246 contos). Se tivermos em conta os salarios do primeiro-ministro e do Presidente da Republica que sao respectivamente de 5172 euros (1036 contos) e de 6897,94 (1383 contos) podemos ver que os muito poucos recebem substancialmente (para dizer pouco) melhor que os mais pobres, sao estes os chamados fat cats. Num pais como o nosso tal e` preocupante.
Ora estas pensoes douradas tem uma atribuicao no minimo "discutivel", antes da nova Lei de bases da Seguranca Social, aprovada em 2002, o calculo da pensao era feito com base nos dez melhores anos das ultimas 15 de contribuicoes e se levarmos em conta as palavras do secretario-geral da UGT, Joao Proenca, a pratica comum era descontar anos a fio o minimo possivel, declarando valores inferiores aos auferidos e depois, nos dez ultimos anos, descontar aquilo que ganhavam na realidade. Sendo assim aqueles que hoje recebem reformas elevadas, mas que sempre descontaram o que deviam, merecem a pensao, porque tambem contribuiram para a solidariedade. O problema esta nos que defraudaram a Seguranca Social. Ora bem, podemos entao ver as fragilidades do sistema, temos 247 pessoas com chorudos rendimentos, que ultrapassam ate o salario do Presidente da Republica ou do Primeiro-Ministro e embora sejam legais, pois descontaram para isso, parece-me a mim que tal situacao deixa muito a desejar. A questao de principio e`se cabe a Providencia publica suportada por todos os trabalhadores pagar estas reformas milionarias tendo em conta o aumento da esperanca media de vida e a quebra de natalidade que tendem a diminuir drasticamente o numero de contribuintes e a aumentar o de beneficiarios. Era bom que todos nos podemos podessemos receber este tipo de quantias mas temos que ver que cabe `a Seguranca Social pagar reformas dignas a toda a gente e infelizmente isso ainda nao acontece. Quem quiser ter estes rendimentos que faca seguros privados.
Justifica-se assim a intervencao do Estado com a intencao de diminuir esta disparidade, ao que foi criada a tal nova Lei de Bases da Seguranca Social, aprovada em julho de 2002, que fixa limites superiores para as contribuicoes a pagar pelo Estado aos reformados. Agora o que falta e`sim aplicar esta Lei, coisa que nao tem sido feito, segundo consta a demora esta relacionada com a situacao economica do Pais, que nesta altura nao favorece os fundos de pensoes sendo que so deve entrar em vigor em Janeiro de 2005. Relativamente `a situacao economica nao sou analista portanto nao sei, mas segundo oico dizer `ta mal`, agora estou convicto que esta e`uma medida que deve seguir em frente, algo tem que ser feito, a ideia e`fixar um tecto obrigatorio ate aos dez salarios minimos nacionais (ate 3656 euros), e outro voluntario, ate aos seis salarios minimos (ate 2193 euros), a partir daqui os descontos terao de ser feitos para sistemas privados, parece-me bem.
O importante e impedir situacoes de enormes disparidades na atribuicao das reformas por parte da Seguranca Social com vista a`subsistencia digna do reformado, digam-me com sinceridade o que e`que eu com sessenta e tal anos vou fazer com 100 contos ou menos? So depois de pagar os medicamentos, comida, casa (utilidades), nem quero pensar, nem tenho um tostao para ir mandar cantar um ceguinho. Rezem para que tenham ajuda familiar.
Como se costuma dizer, a forma como tratamos os mais idosos e`reveladora da nossa humanidade, cabe `a Seguranca Social distribuir melhor os rendimentos de todos nos, tendo em especial atencao os mais necessitados, assim espero eu que seja.

Bem, quem me vir com tanta conversa sobre solidariedade, ajudar os mais pobres, etc, ate pensa que virei a`esquerda. A partir de aqui o regresso ao capitalismo puro e duro.

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Preocupações

Ando preocupado.
Ando preocupado com uma série de coisas e vou só enunciar algumas delas.

A primeira relaciona-se com a América e o famigerado caso da mama de fora da mana do Michael Jackson. É incrível como ninguém parece ligar ao facto de o dito mano da dona da dita mama estar a responder (e ter já respondido apesar de ter sempre evitado ir a julgamento) por pedofilia e a única coisa com que aquelas alminhas se preocupam é ter-se visto um bocado da mama da mana Jackson. Mas isto não é o preocupante, é só o caricato. O preocupante é o facto de este incidente ter feito com que as cadeias de TV que transmtiram cerimónias em directo a seguir se terem auto censurado... Não sei se estão a ver o alcance da coisa, já não é preciso uma censura oficial que vise os conteúdos, são os próprios orgãos de media que, em nome de uma qualquer moralidade difusa e politicamente correcta, que se auto censuram... Mas eles não têm a maior indústria porno do mundo? Ou só há liberdade de expressão para quem pode (cultural e economicamente falando) e não para quem quer? Será que há uns que são mais iguais que os outros?

A outra coisa que me preocupa passa-se em França. É incrível como a pátria da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão aceitou a denominada lei do veú. Todos temos o direito a ter (ou não) a religião que quisermos. O Estado não deve ser confessional (ter uma religião oficial) nem deve impor opções religiosas ou de consciência aos seus cidadãos. Estes parecem-me príncipios fundamentais de um Estado de Direito Democrático que respeite os direitos, liberdades e garantias dos seus cidadãos. É claro que a minha liberdade religiosa não é absoluta, ou seja pode ser restringida. Mas apenas e só quando a minha liberdade estiver a afectar a liberdade dos outros. Proibir os simbolos religiosos nas paredes das salas faz sentido, o Estado é laico. Proibir os funcionários públicos de exibir simbolos religiosos faz sentido, são servidores do Estado e da República, representando-o e agindo em seu nome. Mas os alunos são cidadãos como outros quaisquer outros. São particulares e a sua liberdade religiosa deve ser respeitada, não há nada que justifique essa restrição. O que é preciso garantir é que as miúdas possam efectivamente escolher entre usar ou não o veú. Se livremente escolhem usá-lo nem eu nem o Estado francês temos o direito de fazer qualquer tipo de juízos de valor. Estão com medo do fundamentalismo? Mas assim estão a estimulá-lo perseguindo crianças pelas suas crenças e segregando-as. As mulheres islâmicas já tiveram que lutar muito para conseguir o direito a uma educação, estão a tornar-lhes as coisas mais dificeis. A proibição não deve ser encarada como uma vitória para o laicismo mas como uma derrota para a democracia e a tolerância.

A terceira coisa é cá na nossa terrinha. A genial Secretária de Estado da Educação já disse pérolas como "A religião oficial de Portugal é a católica". Esta afirmação não só esquece que Portugal não tem religião oficial desde 1911 (nem durante o Estado Novo houve, mas isto é só História, não posso exigir que a Secretária de Estado da Educação saiba isto), não só esquece a laicidade do Estado imposta pela constituição, mas como, pelo contexto confunde a religião da maioria dos portuguese com a religião oficial, o que quer dizer que a Secretária de Estado da Educação não se sabe exprimir em português corrente. O que não é muito repreensível, ela só escolhe os programas de português ensinados nas escolas... Esta certamente querida e algo beata Senhora decidiu baptizar (em todos os sentidos da palavra) a educação sexual de educação para a saúde. Mas isto é a mesma coisa? E ninguém vê que são coisas diferentes? Conseguiram tranformar estas aulas em aulas de biologia, se chegarem a ser isso, perdendo a componente psicológica e afectiva. Na pior das hipótese é a catequese outra vez. E a dignissima e santissima Senhora (mas não nossa) Secretária de Estado da Educação diz que não gosta de alguma linguagem e imagens dos livros de educação sexual... Mas eu ouvi bem? Isto é o meu século? Será que a Senhora pretende defender a Cruz (e a saúde) pondo-nos todos a arrotar avés-marias? E para quando proibir as bananas nas cantinas porque têm forma fálica? Ou será que as bananas já não lhe fazem confusão? E as laranjas?

E assim vai o mundo...

terça-feira, fevereiro 17, 2004

Interludio musical

Para descontrairem um pouco, sigam o link`e so. Eu, sempre a revelar o panorama musical.

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

Um bem haja

Depois de seguir com regularidade o Blog de Pedro Lomba chega a noticia de que o Flor de Obsessao chega ao fim. E pena mas assim sera, resta-me so desejar boa sorte ao Pedro e mandar-lhe um abraco.

domingo, fevereiro 15, 2004

Adeus pirata.


sábado, fevereiro 14, 2004

De Silves (III).

Eis, Abu Bacre, saúda os meus lares em Silves e pergunta-lhes
se, como penso, ainda se recordam de mim

Saúda o palácio das varandas da parte de um donzel
que sente perpétua saudade daquele alcácer

Ali moravam guerreiros como leoes e brancas gazelas,
e em que belas selvas e em que belos covis!

Quantas noites passei divertindo-me à sua sombra
com mulheres de ancas opulentas e talhe fatigado

Brancas e morenas produziam na minha alma
o efeito das espadas refulgentes e das lanças escuras!

Quantas noites passei deliciosamente junto a um recôncavo do rio
com uma donzela cuja pulseira rivalizava com a curva da corrente!

O tempo passava e ela servia-me o vinho do seu olhar
e outras vezes o da sua taça e outras o da sua boca

As cordas do seu alaúde feridas pelo plectro estremeciam-me
como se ouvisse a melodia das espadas nos tendoes do colo inimigo

Ao retirar o seu manto, descobriu o talhe, florescente ramo de salgueiro,
como se abre o botao para mostrar a flor.


Al-Mutamide, Evocaçao de Silves.




1242 - D. Paio Peres Correia reconquista Silves aos muçulmanos
depois de uma presença de quase cinco séculos.

De Silves (II).

Comunicou-me Gabriel - a paz seja com ele -
que nos confins do ocidente há uma ilha chamada Al-Andalus.
A minha comunidade conquista-la-á depois de mim
e nela os homens que morrao serao mártires e os vivos serao combatentes felizes.
As nuvens levá-los-ao ao local de reuniao no dia do juízo.


Maomé



777 - Desembarque abássida no Al-Andalus.

Diz-me em que posicao dormes e dirte-ei quem es

Segundo um recente estudo ingles a forma como dormimos e`indicadora do tipo de personalidade do individuo. Eu na minha experiencia devo confessar que me divido por varias posicoes pois sou daqueles que ainda mexo bastante. E voces, a posicao enquandra-se na vossa personalidade? Bem, pelo menos uma coisa e`certa se nao gostarem do tipo de pessoa que sao podem sempre mudar a posicao em que dormem.


A posição feto, onde as pessoas adormecem com as pernas junto ao peito, revela que são sensíveis, tímidas quando apresentadas a alguém, embora rapidamente ganhem a sua confiança.

Deitado de lado, com os braços ao longo do corpo é a posição do tronco. Divulga pessoas com facilidade para se relacionarem, algo ingénuas, sociáveis, que gostam de trabalhar em equipa.

A posição do insatisfeito, pessoas que dormem de lado com os braços estendidos à frente do corpo são desconfiadas, cínicas quanto basta, lentas a tomar decisões embora quando o fazem raramente mudem de opinião.

Quem adormece de costas com os braços ao longo do corpo adopta a posição do soldado. Indivíduos calados, reservados, que não gostam de grandes confusões.

Queda livre, deitado de bruços, com as mãos em redor da almofada com a cabeça virada para um dos lados, descreve alguém ousado mas nervoso, que não gosta de criticas e de situações extremas.

A última posição é a da estrela-do-mar. Quem se deita de costas com os braços para cima aparenta ser um bom amigo, sempre pronto para escutar ajudar quem necessita, mas que não gosta de ser o centro das atenções.

Mais rock

Ainda relativamente a`musica e ja que da ultima vez falei do festival Super Bock Super Rock desta vez menciono aqui o festival Rock in Rio-Lisboa chamando a atencao para a confirmacao de uma das bandas da actualidade, os Incubus vao assim actuar no dia 4 de junho. Sendo ja um fa de longa data e depois de ter assistido aos seus concertos no Coliseu dos Recreios e no Pavilhao Atlantico recomendo vivamente a passarem por la, alias o cartaz para esse dia parece-me bastante interessante, pelo menos enquadra-se mais no espirito do acontecimento ao contrario de outra actuacoes como a Britney, ta mal, as Sugababes ainda se comem, e esse tal de Alejandro, ta mal tambem.

Pequena nota

Relativamente a`questao das armas de destruicao macica so quero chamar a`atencao o post do Maradona e do joao sobre o assunto. Penso que as ideias do post "Encomios a`parte", e "O caso a favor da guerra" destes dois bloggers se identificam com a minha posicao. Relativamente a este assunto tenho dito.

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

De Silves.

Lisboa cansa. As 'escapadinhas' de fim-de-semana sao sempre uma optima hipótese para se descansar do bulício da capital. Amañha calha ser dia dos namorados o que ainda constitui motivo de maior regozijo! Silves é um Algarve diferente. Um Algarve repleto de história. O castelo de Silves, de longuíssima história, é digno de uma visita e está muito bem conservado. Silves teve o seu auge nos seculos XI e XII aquando da presença árabe. Imagine-se que Silves era entao conhecida como a 'Bagdad do ocidente'! Época de grande riqueza, quando o rio Arade era perfeitamente navegável e as trocas comerciais abundantes. Dados históricos para reter durante a visita de amanha ao Museu Arqueológico local. Este Algarve do interior interesa-me sumamente. Muito diferente daquele Algarve dos 'Aparthoteis', das praias sem lugar para mais um e das filas intermináveis com que o portugues rejubila, julgando ser o esse o único potencial que o 'reino dos Algarves' apresenta. Este Algarve mais interior, aprendi-o numa semana de saudoso refrigério estival em Alcoutim, á beira do Guadiana. Mas ñao se julgue que este fim de semana vao ser só a busca histórica dos lugares, amañha (se o apelo do silêncio nao for maior...) está marcado encontro com o presente através de uma noitada ali nas 'discos' de Albufeira. Este ping-pong entre a busca diurna das raizes culturais e o envolvimento nocturno com a oferta comtemporânea mais actual, é o melhor que se proporciona à saude e ao espirito. Enche de alma.

(P.S. Repararam nos enes com til? O teclado do hotel é espanhol!)



quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Tematica do Limao

Ha uma expressao em ingles que eu acho bastante interessante, e que diz assim "If life gives you lemons you make lemonade". Ou seja, se a vida nos fornece limoes o melhor que temos a fazer e` transforma-los em limonada. Esta e` uma expressao que se aplica a`vida em si, se as circunstancias da vida nos dao varias oportunidades (boas ou mas) a`que saber fazer o melhor dessas oportunidades, aproveitando-as em nosso proveito. Temos que jogar com as cartas que nos sao dadas ou neste caso com os limoes que nos sao dados, e que melhor fazer com eles do que limonada (uma bebida refrescante, por acaso gosto bastante).
Mas basicamente e`esta a ideia por detras da dita expressao, algo de tao simples, conforma-te com aquilo que tens, aproveita, parece tao facil nao parece? Mas muitas vezes nao nos conformamos, nao aproveitamos os limoes, simplesmente nao acontece, se calhar ha pessoas que nao gostam de limoes, paciencia, se calhar essas pessoas desejariam algo diferente, nao interessa, isso ja nos levaria a uma outra discussao, e eu so quero chamar a`atencao a simplicidade de algumas destas frases que dizem respeito a situacoes do nosso percurso de vida.
E` curioso como o ser humano como que quase se transforma num poeta ao dizer este tipo de coisas (embora de qualidade debativel) parece que qualquer um tem sempre uma destas na manga, a`espera da situacao ideal, e entao o povo portugues, nem digo nada, se fossemos a ver eramos um pais de filosofos, se o senso comum fizesse parte dos metodos aplicados a`ciencia eramos um pais muito a`frente. Mas infelizmente (ou felizmente) nao.
Quanto a mim, como ja disse ate que gosto de limonada mas isso nao implica pacifidade, pois muito bem que venham os limoes, mas nao temos que os aceitar a todos, podemos e devemos sim escolhe-los. Que se escolham os melhores, que se facam as melhores limonadas possiveis e que depois se bebam essas limonadas. Nao devemos no entanto deixar cair no esquecimento que essas limonadas vao ser as nossas limonadas, somos nos quem devemos estar satisfeitos com elas, eu nao ando a fazer limonada para mais ninguem. Se um dia vier alguem beber da minha limonada, ou que queira ajudar a torna-la melhor, entao forca, ai sim, em conjunto faremos a nossa limonada desses limoes que sao a vida.

PS1-Se houver por ai algum especialista em limoes que possa exlicar como e`que se distinguem os melhores, que diga qualquer coisa.

PS2-Caso nao perceberam estou a brincar, todo este post tratou-se ele de uma grande metafora.

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Incultura Urbana.

Acabei de fazer ha' pouco o IC19 no sentido Lisboa/Sintra. Percorrer a estrada mais congestionada da Europa e' assim como jogar a lotaria. Podemos ter sorte, podemos ter azar. Hoje a 'Grande Lisboa' acordou com um Fiat Punto a arder no IC 19, no sentido Sintra/Lisboa (como se ve tive sorte, 'apenas' apanhei o congestionamento decorrente dos basbaques que sempre abrandam a olhar a desgraça dos outros). Foi um espectaculo surreal ver a imensa fila literalmente parada por varios quilometros do outro lado do separador e os rostos apaticos dos ocupantes das viaturas. E sublinhe-se esta nota essencial: nao fujo 'a verdade se disser que dos milhares de carros que vi mais de 80% tinham um unico ocupante! Trata-se de um desperdicio de tempo e de recursos, e contribui largamente para a diminuiçao da qualidade de vida na cidade de Lisboa. Todo o portugues leva o carrito para o trabalho e se chegar tarde, tanto melhor: foi o transito... e que se lixe a produtividade!

(P.S. Eu proprio circulava de carro, mas utilizo-o tanto como os transportes publicos.)

terça-feira, fevereiro 10, 2004

João Pedro Pais, poeta injustiçado

Eu sei que é política do blog não fazer isto, mas não resisti. Aqui vai a última balada comentada do Robbie Williams português:

João Pedro Pais é, para alguns, o melhor músico da sua geração. Para outros é o "Robbie Williams português". Para mim é um dicionário de rimas ambulante. Um dicionário de sinónimos Porto Editora, uma Enciclopédia e o CD "Falar por Sinais" são o necessário para uma tarde bem passada a fazer Palavras-Cruzadas. Mas não nos fiquemos só pelo riso sufocado enquanto desligamos rapidamente a RFM. Numa primeira tentativa de encontrar o realsignificado de cada verso por detrás do elevado estado alcoolizado do autor, tenho o prazer de apresentar uma análise cuidada do hit "Um Resto de Tudo".

Um Resto De Tudo
(Grande título, começamos bem...)

Desce pela avenida a lua nua
(Estou a descer uma avenida à noite)

Divagando à sorte, dormita nas ruas
(Estou desorientado e com sono. Ao usar ruas em vez de "avenidas" já consigo quase rimar com lua nua)

Faz-se de esquecida, a minha e tua
(Não sei o que acabei de escrever mas pelo menos "tua" também rima com lua nua)

Deixando um rasto, que nos apazigua
(Lua, nua, ruas, tua, apazigua. Boa. Vem aí o refrão!)

Refrão:
Sou um ser que odeias mas que gostas de amar
(Uma contradição fica sempre bem)

Como um barco perdido à deriva no mar
(Grandiosa comparação: "Um ser que odeias mas gostas de amar como um barco perdido à deriva no mar". As outras hipóteses eram "como um pássaro ferido a tentar voar" e "como um bife vendido, num talho do Lumiar")

A vida que levas de novo outra vez
("De novo outra vez", espero que seja suficiente para passar a ideia de repetição)

O mundo que gira sempre a teus pés
(A Terra gira sobre si própria. É um facto. Já Copérnico o afirmava, mas nunca foi Disco de Platina)

Sou a palavra amiga que gostas de ouvir
(Tu e mais 120 mil que compraram a merda do cd)

A sombra esquecida que te viu partir
(Pá, fica mesmo giro isto de meter sempre um adjectivo estranho à frente dos nomes: palavra amiga, sombra esquecida, noite vadia...)

A noite vadia que queres conhecer
(Abordagem a problemas sociais como a vadiagem e a prostituição)

Sou mais um dos homens que te nega e dá prazer
(Mais uma contradição, estou imparável! É a loucura!)

A voz da tua alma que te faz levitar
(Um certo exotismo oriental)

O átrio da escada para tu te sentares
(Não rima muito bem com levitar, damn it! )

Sou as cartas rasgadas que tu não lês
(Não entendo pá, será que ela não gosta dos meus poemas? Também era dificil ler uma coisa rasgada...)

A tua verdade, mostrando quem és
(O que é a Verdade? Quem somos? Para onde vamos?)

Entra pela vitrina surrealista
(Eu optava pela porta, mas isso sou eu)

Faz malabarismo a ilusionista
(Ou "faz contorcionismo a trapezista")

Ilumina o céu que nos devora
(Estou completamente pedrado)

Já se sente o frio, está na hora de irmos embora
(Devora, hora, embora...)

Sou um ser que odeias mas que gostas de amar
Como um barco perdido à deriva no mar...
(gostava mais do bife no talho do Lumiar, mas o que fazer...)



Conclusão: nem tudo o que rima é poesia, mas ao menos dá para rir...











domingo, fevereiro 08, 2004

O Pendular.

E' uma falha imensa. Uma das minhas paixoes sao os comboios, e nem uma linha ainda tinha escrito sobre o tema aqui no blog! Aproveito entao esta deixa do Blog-sem-Nome para fazer umas elucidaçoes que segundo sei, estao correctas. Na verdade pode causar estranheza que o Alfa-Pendular que tem como velocidade maxima 220km/h demore, na ligaçao Lisboa/Porto, quase o mesmo tempo que o 'saudoso' Foguete! Mas tem explicaçao. Primeiro os carris na maioria do percurso ja' tem umas dezenas de anos e nao comportam velocidades muito elevadas, dai' tambem o tal barulho incomodativo que nao se faz notar em zonas de carris recentes como por exemplo na gare do Oriente. Depois uma outra questao prende-se com a existencia de algumas curvas que nao permitem exceder velocidades da ordem dos 120/140km/h. Suponho tambem que a bitola portuguesa excessivamente larga nao auxilie a grandes performances. Mas a principal questao e' que se o Pendular circulasse a 220 levaria literalmente 'a frente todos os restantes comboios suburbanos, regionais e interregionais que compoem a restante rede ferroviaria!!! Uma vez que e' inviavel, atraves da conjugacao de horarios e cruzamentos, proceder ao encosto de todos esses comboios nas estaçoes 'a passagem do Pendular. No minimo causaria graves transtornos 'a restante circulaçao comercial (que ja' nao e' muito famosa...) Note-se que mais de 80% do percurso da linha do norte e' efectuada em somente duas vias, uma em cada sentido... Dai' a necessidade de uma verdadeira linha de alta velocidade. Em todo o caso, nao sei ate' que ponto seria possivel (e mais aliciante financeiramente) a mera quadriplicacaçao da linha do norte (pelo menos em certos pontos do percurso e num horizonte a curto/medio prazo) que decerto ja' ajudaria a reduzir distancias. Certo e sem fim a' vista, e' mesmo de comboio, o Porto continuar a nao menos que 3 horas de Lisboa. Quem tem pressa que se cuide, quem nao tem que aprecie a viagem...

sábado, fevereiro 07, 2004

Um bom exemplo para o mal-comportado e inconsequente Vitor Hugo Salgado.

Do 'Publico' de hoje na integra:

'Estudantes do Porto Aderem à Manifestação, mas com Discurso "Voltado para Dentro"

A Federação Académica do Porto (FAP) decidiu participar na manifestação nacional agendada para o dia 24 de Março, mas adoptando "um discurso diferente do que tem vindo a ser seguido". A ideia da FAP é voltar a contestação "para os problemas concretos dos estudantes" da Invicta e não "apontar baterias" apenas para a lei de financiamento e em particular para o capítulo dedicado às propinas.

Estas decisões foram tomadas anteontem à noite, no decorrer de uma "longa e participada" assembleia-geral da estrutura estudantil, adianta uma nota de imprensa. À Lusa o presidente da FAP, Nuno Reis, referiu que os estudantes do Porto que estarão presentes na manifestação vão adoptar "um discurso próprio, mais voltado para dentro".

A falta de instalações condignas para a Faculdade de Ciências da Nutrição, a inexistência de equipamentos culturais, recreativos e desportivos no pólo universitário da Asprela e a "discriminação" a que estão sujeitos os alunos do ensino particular e cooperativo em termos de acção social são alguns dos temas que Nuno Reis pretende valorizar.

No que diz respeito ao financiamento, a assembleia-geral da FAP decidiu que os estudantes devem reivindicar "a fixação imediata da propina mínima, como primeiro passo" para pedir a reformulação da lei. De resto, os alunos do Porto entendem que é fundamental que o Governo reveja o estatuto da carreira docente, dado que consideram que a falta de preparação pedagógica dos professores contribui para o insucesso escolar. '


A isto chama-se ter ideias e adoptar uma atitude construtiva com diagnosticos certeiros em cima da mesa. A berraria do costume pode ser muito jovial e rebelde mas nao resulta em mudanca nenhuma.
A inteligencia e' sempre um bom principio. Enfim uma boa noticia, alias duas, a origem do bom exemplo vir do Porto e' a segunda. Uma cidade do Porto com mais intervencao precisa-se. Que essa intervençao começe, por exemplo, nos estudantes.

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

A Reafirmação.

Dia após dia, quase cinco meses de blog, e' chegada a altura de estender o mapa no chão e com o olhar que a cobiça forja, fixar o ponto mais distante. Depois de assim identificado o objectivo, há que perceber se afinal alguma coisa se continua a passar na cabeça do autor. Como tudo na vida, para que alguma coisa se passe no exterior – de bom ou de mau mau – terá que se passar meticulosamente primeiro no interior da cabeça do sujeito. Repare-se que este expediente serve para, não raro, com propriedade chegar junto de alguém e ajuizar:

- Lamento.
- Lamentas o que?
- Lamento, mas dentro da tua cabeça não se passa absolutamente nada.

Se for um interior bem escondido, quase secreto de tão bem guardado, temos que algo em grande se prepara. Para quando não se sabe. Se escolheres a via da grandeza e ninguém te seguir, ainda assim pensa que se te apressares outros como tu alcançarás. E nesse caso o festim sera' maior. Como em tudo, vamos lá, existem excepções. Se estivermos com os olhos postos em alguma abundância sensorial, tudo de peito aberto nas acções do felizardo. A vertigem e' a medida maior. Porque isto de escrever sem ordem e com pouco limite, pode ser tarefa árdua. Sento-me e olho 'a volta. Do sossego da minha cadeira nunca sairá nada. Mas: olho 'a volta e, depois de cansado, sento-me. Faz toda a diferença. Escolho partes de mim para avaliar uma manifestação exterior. Ou escolho-me por inteiro? Aqui perceber e' difícil. Ou talvez fácil. No pequeno acto, o peso completo do fardo faz-se notar. Quem me dera que num texto passe um pouco de mim ou que eu leia pedaços de ti. Diversifica-te, entra segura nesse labirinto de que não conheces a saída. Ainda assim, não me dês parvoíces cósmicas. Não te pertencem. Mas e a visão do Mundo? Tenho reparado que a minha tem sido 'as cores. Melhor assim.

quinta-feira, fevereiro 05, 2004

O Mourinho de sitio nenhum.

O Mourinho só fica bem, assim mesmo em diminutivo.
Bem pequenino como a alma dele.
O Mourinho e' enviesado, o rapaz, se existe mesmo,
e' uma brincadeira de mau gosto,
porque o Mourinho e' mal-formado, o Mourinho e' deformado.
A alma do Mourinho e uma involucao ontogénica,
no mínimo descendera' de algum reptil azarado.
O Mourinho olha os outros e fica perplexo,
porque a criatura apenas quer ver aquilo que conhece:
reflexos morbidos de seres em fuga.
O Mourinho só destroi porque de outra coisa não e' capaz.
Quando de um semelhante não gosto, com Mourinho o insulto,
ele de ofendido que fica,
informa que tal nome nem ao pior inimigo se apelida.
Mourinho desrespeita,
manda e desmanda como respira,
não existe Educação ou Ética que Mourinho escute e atente.
O Mourinho como não acredita em si,
só conhece a falsidade,
ele julga que a mentira e' real,
quando por ele e' proclamada.
O Mourinho sem sentimentos, tem sempre a mesma mascara,
o ar serio e medroso de um recem-enrabado homossexual.
Quando por acaso vão contra Mourinho,
ele rápido alardeia que um crime contra a humanidade se propõem levar a cabo
e satisfeito pelo reencontro com o seu elemento natural,
insulta, ameaça, incendeia.
Não existe mais ninguém senão Mourinho,
Mourinho nega o outro.
O Mourinho moralista, de dedo em riste moraliza.
Mourinho crê que se não existisse, para sempre a humanidade,
choraria a sua ausencia.
O Mourinho quando não esta',
entretido com o seu umbigo,
fecha os olhos e imagina,
os outros em vénias sucessivas,
desesperado por lhe confirmarem a sua existência ignóbil,
porque por vezes nem Mourinho, de tão pequenino,
acredita em si próprio.
Mourinho lança ao ar e os outros que se protejam.
Mourinho e' uma invenção de algum deus frustrado,
ou quanto muito consequência,
de alguma punheta mal batida,
que por azar acertou,
num qualquer buraco fertil.
I don’t want to be shy
Can’t stand it anymore
I just want to say ‘Hi’
To the one I love
Cherry blossom girl

I feel sick all day long
From not being with you
I just want to go out
Ever night for a while
Cherry blossom girl

Tell me why can’t it be true

I never talk to you
People say that I should
I can pray everyday
For the moment to come
Cherry blossom girl

I just want to be sure
When I will come to you
When the time will be gone
You will be by my side
Cherry Blossom Girl

Tell me why can’t it be true

I’ll never love again
Can I say that to you
Will you run away
If I try to be true
Cherry blossom girl

Cherry blossom girl
I’ll always be there for you
That means no time to waste
Whenever there’s a chance
Cherry blossom girl

Tell me why can’t it be true

Cherry Blossom Girl, Air.



This song decribes me so good. I'm in love with one boy, but have no strength to tell him. Even though, he likes me too and ahows it pretty much. But, feelings are still not sure. Are they strong enough to become more then just a smile? More then a compliment or a crazy eye look? This is a wonderful song, very good, interesting, pretty much different than other songs. It's so pure, so... Ah, f**k it... Anyways, I luv this song! Even though I prefer bands like Linkin Park, Limp Bizkit, The Rasmus, Slipknot, Evanescence, Marilyn Manson... I prefer scary, strange and different, not ordinary things. So, this song is really something that fits to unique personality. :) Luv ya allllll....

(Posted by CrazzzyGirl, not posted by Sam.)

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Um desejo

Eu sei que se queixam de eu só falar de política, por isso exprimo só um desejo: Gostava que o Ministério da Justiça do meu país não cometesse crimes e ilegalidades... Aliás gostava que existisse uma Ministra da Justiça...

domingo, fevereiro 01, 2004

Anything Else

Este elemento do blog tem a honra de recomendar vivamente o último filme de Woody Allen, é realmente bom. A Critina Ricci está excelente e o actor principal não parece o mesmo que fez aqueles filmes escatológicos que envolviam contactos intimos entre adolescentes e tartes de maçã. Adorei a imagem dada dos psiquiatas... Só tenho pena que mais uma vez o título tenha sido mal traduzido, será que ainda não perceberam que antes de dar nome ao filme convém vê-lo e ver se tem alguma coisa a ver?

Neve, e' neve! E' branca!

A minha vida estava vazia e nao lhe encontrava sentido. Para aligeirar os dias levantava-me cedo encharcava-me de perfume e assim envolta no meu odor misturado com Davidoff procurava enfrentar mais um dia em constante correria. Era a minha arma. O meu sorriso mil vezes treinado em frente ao espelho ja' nao o considerava meu, de tantas vezes que o mostrava a quem me interpelava no trabalho. Forma melhor de corresponder 'as solicitacoes a que me sentia incapaz de dar resposta. Que revelar de mim? Nem a melhor maquilhagem Estee Lauder conseguia disfarcar as minhas insuficiencias... O que me salvava era que na maioria dos casos encontrava-me entre iguais. Tentava nao levantar grandes burburinhos, por exemplo ia sempre almocar ao restaurante onde iam todos os meus colegas e no meio deles esforcava-me por passar despercebida: o meu trunfo era rir bastante alto das piadas que os meus colegas faziam e assim parecer melhor integrada. Senti um terror enorme so' de pensar se no lugar da Mariana fosse eu a interpelada pelo Bernardo quando ela nao se riu de uma piada que ele fez acerca do banho dos caes Dalmata dele. Esteve bem 15 minutos a perguntar-lhe o que e' que se passava com ela, se estava bem. Ele deve ter tido um ataque subito de inferioridade so' porque ela nao se riu da piada que ele fez. Ficou rispido e distante. Bom, na verdade distantes somos sempre todos. Proximidade so' mesmo quando por exemplo o Bernardo e eu ficamos a actualizar o Software ate' mais tarde e ele me comeca a beijar o pescoco e manda que deite na mesa para, diz ele, aliviar o stress acumulado. La' tenho eu que fingir um orgasmo e utilizar da melhor forma possivel a imaginacao que nao tenho.

Tentei pensar, e esforcei-me: Primeiro julguei ideal comprar um livro daqueles de auto-ajuda, tipo: 'Aprenda a ser feliz em 30 licoes', como avaliava o meu caso de rapida perda identitaria como grave, (quer dizer, como se perde o que nunca se alcancou?) ajuizei que 30 licoes seria pouco e coloquei a hipotese de lado. A solucao veio alguns dias depois quando andava na net a' procura de um 'gigolo' porque ja andava farta de passar tanto tempo sem conseguir ter orgasmos. E' que a minha ansiedade e a minha pouca disponibilidade para me entregar a uma pessoa tem sido um bloqueio ao prazer! Eu so' queria ser uma mulher de emocoes passageiras e variaveis como todas aquelas que conhecia e assim tentar ter algum prazer. (Sera que elas tinham?) Andava eu entao a procurar na net um 'gigolo' e inseri no campo de pesquisa Sex in Lisbon. Relembro essa hora gloriosa com genuina alegria ( va' nao se riam foi mesmo genuina!) Vou ter a uma pagina que tinha a data de 30 de Janeiro e que dizia no inicio: A minha cabeça estava muito confusa, não sabia que pensar nem o que sentir (para variar!). Delirei! Identifiquei-me logo! Era aquilo mesmo que eu era! Nao sabia nunca o que sentir, baralhava tudo, e pensar nem sabia se pensava, alias melhor seria senao pensasse mesmo! Sem pensar sim, teria certeza de sucesso nas minhas relacoes sociais! Ali tinha eu na minha frente um guia futil e actual (cheio de referencias a marcas!!!) para me dedicar todos os dias e assim ajudar-me a enfrentar o mundo aparente em que eu estava inserida. Bastava seguir todos aqueles 'cliches' e procurar algumas dicas de comportamento e nao correria riscos de parecer uma pessoa com sentimentos, ou vida propria, ou (Deus me guarde!) personalidade! Aquele cabecalho era o auge da falsidade! Dizia tudo! Os autores eram um fenomeno; corpos andantes telecomandados por esta sociedade fundada na imagem e no consumismo! Reparem: 'aventuras e prazeres', nao ha' ali nada de aventureiro ou prazenteiro apenas a mesma linha de rumo previamente definida e sem surpresas. Depois: 'dois amigos que falam de tudo o que se fala nos dias de Lisboa', e' a subversao completa! eles julgam que o mundo pequenino deles representa tudo e todas as conversas vejam la' se nao era de um mundo pequenino que eu estava mesmo a precisar? e' que senao perco-me percebem? Nem pensar em extravasar os limites! Ainda mais: 'sem hipocrisias e sem demencias'. Bom aqui concordo. E' preciso ter-se o minimo de inteligencia para se ser hipocrita! E quanto 'a demencia e' um caso crasso de identificacao projectiva, (onde e' que eu aprendi isto??) eles defendem-se chamando aos outros aquilo que eles proprios sao! Simples! Alias, nem poderia ser de outra forma... E as historias de cama? Sem uma gota de sensualidade ou amor! Apenas avaliacoes frias e calculistas. E a finalizar a grande perola que me deixou convencida: mencionar a palavra 'independencia' e' sinal que eles serao realmente os meus gurus para sempre. Estao irremediavelmente perdidos! Confundem uma longa teia de dependencias, influencias, em que o 'Eu' desaparece e e' devorado por um nos' que se sobrepoe a qualquer tentativa de pensamento individual, duas palavras, alias, rigorosamente proibidas! Sao todos profundamente dependentes uns dos outros, sempre numa logica descartavel! Usa e deita fora! Fazem todos as mesmas coisas, tem todos os mesmos gostos, dois 'amigos' sao capazes de se chatear 15 vezes num mes que esta' tudo bem, porque no fundo nada importa! A nao ser, claro, o parecer! Amanha ja' vou falar numas ferias na neve, que faz de conta que fiz! Claro que o que vou contar sera os amigos com quem fui e o que comprei e que foi o maximo! Neve, e' neve! E' branco! Ja' tenho assunto e vao-se roer de inveja! So' nao percebi uma coisa: com tantos comentarios e numero de visitantes, havera' assim tantos e tantas frustradas e desesperadas em busca desenfreada de pistas para uma vida inutil?

Maria Joao Pires e Camara Municipal de Castelo Branco: um exemplo a seguir.

A consagrada pianista Maria Joao Pires e a Camara Municipal de Castelo Branco, assinaram um protocolo de cooperacao para que a a dinamizacao e gestao das actividades culturais do concelho de Castelo Branco tenha no Centro de Estudo das Artes de Belgais o mais forte impulsionador. Isto significa que um espaco privilegiado como e' o Cine-Teatro Avenida que apos a sua reabilitacao conheceu uma forte utilizacao e que entretanto esmoreceu, continue a ser usado em concertos e manifestacoes artisticas de varia ordem em prol do enriquecimento do povo beirao e do pais em geral. Entretanto para o futuro Centro de Cultura Contemporanea de Castelo Branco adivinha-se que projectos nao irao faltar, assim se confirme a sua real execucao. Um belo exemplo a seguir noutros pontos do pais. Um artista empreendedor que luta e nao desiste perante dificuldades e uma Camara Municipal atenta e que auxilia na promocao cultural. Haja iniciativa e afaste-se as ideotices provincianas da concentracao da oferta cultural apenas no litoral porque no interior 'nao ha' publico'.

Entretanto outra magnifica noticia que veio no jornal albicastrense 'Reconquista':

Documentário mostra Belgais ao mundo

A pianista Maria João Pires e o Centro para o Estudo das Artes de Belgais, em Escalos de Baixo, são o tema central de um documentário que está a ser produzido para a BBC e a NHK, uma cadeia de televisão japonesa. A produção está a cargo do holandês Roel van Dalen, da produtora IDTV, e o resultado de meses de trabalho poderá ser visto por milhões de telespectadores nos quatro cantos do mundo. A Associação Belgais já havia sido contactada por vários canais internacionais de televisão, no sentido de apresentarem aos telespectadores um programa dedicado ao projecto impulsionado por Maria João Pires, uma das pianistas mais consagradas da actualidade, e que dispensa apresentações no nosso país. Para evitar muita tensão sobre as actividades que decorrem no centro, com a presença de várias equipas televisivas, a solução encontrada foi o acordo com uma produtora para realizar o documentário, explica Carlos Semedo, co- responsável pela direcção artística do centro, juntamente com Maria João Pires. A BBC e a NHK são para já os canais interessados na compra do documentário, podendo surgir mais. As filmagens começaram no início de Dezembro passado e terminam esta semana. A versão inglesa, de uma hora, deverá estar concluída no final do mês de Abril e a japonesa, de maior duração, lá para Setembro, segundo o produtor Roel van Dalen adiantou ao “Reconquista”. 'O retrato de um sonho' - O documentário' “é uma espécie de caleidoscópio sonoro e visual sobre tudo o que gira à volta do centro artístico”, salienta Carlos Semedo. A pianista Maria João Pires é a figura central, à volta da qual surge Belgais com todas as suas actividades, incluindo a escola da Mata. O produtor foca ainda aspectos importantes da carreira internacional da pianista. “O filme é o retrato de um sonho antigo que ela tem”, adianta Roel van Dalen que há alguns anos acompanha profissionalmente o trabalho da pianista. Já não é a primeira vez que o produtor holandês filma sobre a vida e a carreira de Maria João Pires. Mas este é certamente o documentário com maior abrangência e duração. “Todos os que se interessam por arte e pelo misterioso processo da criatividade vão poder ver o filme”, refere o produtor. A equipa de produção passou também pela Escola do 1º Ciclo da Mata, onde a Associação Belgais, com o apoio do Ministério da Educação e da Câmara de Castelo Branco, tem em curso um projecto educativo inovador, alicerçado no ensino das artes. O Coro Infantil de Belgais, as exposições, os concertos, os cursos de formação e o estúdio de gravação, fazem parte deste universo criado pela pianista, e por toda a equipa que a apoia, a partir das ruínas antigas de uma quinta da Beira Baixa. O documentário é o “retrato do sonho antigo” de Maria João Pires concretizado na Beira Baixa.


O que e' o Centro de Artes de Belgais?