sexta-feira, fevereiro 06, 2004

A Reafirmação.

Dia após dia, quase cinco meses de blog, e' chegada a altura de estender o mapa no chão e com o olhar que a cobiça forja, fixar o ponto mais distante. Depois de assim identificado o objectivo, há que perceber se afinal alguma coisa se continua a passar na cabeça do autor. Como tudo na vida, para que alguma coisa se passe no exterior – de bom ou de mau mau – terá que se passar meticulosamente primeiro no interior da cabeça do sujeito. Repare-se que este expediente serve para, não raro, com propriedade chegar junto de alguém e ajuizar:

- Lamento.
- Lamentas o que?
- Lamento, mas dentro da tua cabeça não se passa absolutamente nada.

Se for um interior bem escondido, quase secreto de tão bem guardado, temos que algo em grande se prepara. Para quando não se sabe. Se escolheres a via da grandeza e ninguém te seguir, ainda assim pensa que se te apressares outros como tu alcançarás. E nesse caso o festim sera' maior. Como em tudo, vamos lá, existem excepções. Se estivermos com os olhos postos em alguma abundância sensorial, tudo de peito aberto nas acções do felizardo. A vertigem e' a medida maior. Porque isto de escrever sem ordem e com pouco limite, pode ser tarefa árdua. Sento-me e olho 'a volta. Do sossego da minha cadeira nunca sairá nada. Mas: olho 'a volta e, depois de cansado, sento-me. Faz toda a diferença. Escolho partes de mim para avaliar uma manifestação exterior. Ou escolho-me por inteiro? Aqui perceber e' difícil. Ou talvez fácil. No pequeno acto, o peso completo do fardo faz-se notar. Quem me dera que num texto passe um pouco de mim ou que eu leia pedaços de ti. Diversifica-te, entra segura nesse labirinto de que não conheces a saída. Ainda assim, não me dês parvoíces cósmicas. Não te pertencem. Mas e a visão do Mundo? Tenho reparado que a minha tem sido 'as cores. Melhor assim.