sexta-feira, abril 30, 2004

Kill Bill 2.

Muito, muitíssimo estilo, e supera o primeiro. Com menos sangue mais honestidade, e algumas cenas de génio. O que não surpreende. E' essencialmente nestes tipo de filmes que a minha misteriosa propensão para perdoar os maus da fita, e ate' simpatizar com eles, se manifesta.

terça-feira, abril 27, 2004

Salvo por Bulgakov.

Não fosse o bom gosto literário e diria muito 'a pressa que o autor deste novíssimo blogue e' um plagiador. Mas colocar 'Margarida e o Mestre' na mesa de cabeçeira e' um golpe inteligente, amolece a alma. Já pegar no livro e lê-lo, fortifica. Bem vindo.

Uma revolução em cada esquina, pedia eu.

Três jornalistas foram despedidos do jornal portuense “O Primeiro de Janeiro”, ao que parece e a ser verdade, por terem um blogue e nele relatarem certas praticas correntes do referido periódico, nomeadamente no que diz respeito a contratos comerciais, relações laborais e muitas outras desmesuras. O blogue intitulam-no Diário de um Jornalista. A ler sem demora. Uma palavra de reconhecimento aos autores do blogue. Espíritos livres.

Que se denunciem todos os «Srs. Freitas» deste país.

É a revisão pró menino e para a menina.

Mais uma revisão constitucional. A 6ª em 28 anos... isto deve ser algum tipo de recorde. E lembram-se daquela história que era cirúrgica, só alterar dois ou três pontos... pois não foi, a lei de revisão tem mais de dez páginas (sim dez, 10, leram bem). O que é curioso é que os políticos estão sempre a dizer que a Constituição é muito densa, que é preciso simplificar... Então porque é que complicam de cada vez que mexem nela? Porque é que a aumentam? Ainda por cima mais esta maravilha legislativa foi feita sem qualquer tipo de consultas das academias ou de especialistas. Portanto para se rever o código penal andamos para trás e para diante com Sr. Prof. e consultas, mas para rever a constituição, "não obrigado, não precisamos de ajuda, fazemos sem precisar do conselho de ninguém". Não estou a dizer que acho mal que seja preciso consultar os especialistas de Direito Penal, só acho que os especialistas também deviam ser consultados quando se altera a Constituição, base do nosso regime e Estado. É que só foi alterado todo o sistema das Regiões autónomas e por arrasto das fontes normativas. A Constituição é só a lei mais importante que temos, só. Rever a Constituição parece o desporto favorito de alguns políticos e esta parece ter sido feita unicamente para agradar aos líderes das Regiões Autónomas. No entanto Alberto João, esse grande democrata, já veio dizer que não está satisfeito. Quando é que aprendem que ele nunca vai dizer que está satisfeito, a sua receita para ganhar as eleições é uma forma primária de demagogia contra o poder "colonialista" do continente que lhe dá o dinheiro para as suas obras faraónicas.
A imagem de Alberto João I Rei da Madeira, vestido de guerreiro zulu, a cantar "I can't get no satisfaction" invade-me a mente...

ultima hora, ultima hora, seguido, de variações sobre o nome de Mia Couto.

O Mia Couto tem um novo livro que se chama, ora foda-se, «O Fio das Missangas». Aguardam-se um pouco por todo o lado interessantes tertúlias acerca do mesmo.


O nome Mia Couto e' uma manobra de marketing subliminar para chegar mais depressa ao inconsciente feminino, publico alvo por excelência, do escritor mais alternativo da adolescência perdida e do divorcio assumido. Não se trata de forma nenhuma de vocabulário onomástico moçambicano. Primeiro aquele «mia», procedência de «miau», remetendo para esse animal de estimação, tão querido, e apreciado no mundo das mulheres, que e' o gato. Um Couto que mia escreve mais fundo. Solta o coração. Felino, gosta de festinhas no cocuruto. Depois Couto. Está-se mesmo a ver. Coito, sem duvida. Os homens são uns tipos egoístas e confusos no acto, quem sabe um Couto, que até Mia, desvende o coito no sumo alvo das folhas. Sensível. Couto, e' uma proposta anestésica de emancipação sexual. Deve ser. Depois a fantasia. Couto, descomplexado, mia ao luar para que o doloroso momento da criatividade, se suporte melhor. Sobra a vontade de domínio, o anseio de igualdade, o imperativo da ordem: Mia! (agora sedutor:) Couto... Mia! (agora sedutor:) Couto... (E quando ele não mia:) Mia!!! Não ouves?! Mia!!! Cabrão! Mia!!!
Tudo isto tomei conhecimento quando estava a tentar concentrar-me num coito, afinal, mal sucedido quando ela começa aos berros: Mia! Couto! Mia! Couto!
Pois comigo não se Mia. Parva.

1 de Maio, Dia da Vergonha.

Portugal e' uma perpétua procissão de aldeia. Um romance de faca e alguidar. Indivíduos que eram objecto de consideração publica, revelam-se afinal, pedofilos desequilibrados. Sujeitos desbocados e desde sempre alvo de vasta cobertura mediatica optaram viver amesquinhados pelas vilezas do compadrio. Este e' um retrato parcelar mas muito bem enraizado em abundantes insuficiências e fraquezas diversas. Haja neste Portugal de reprimidos, ao menos Justiça.
Nas ultimas semanas muito se escreveu sobre o 25 de Abril e as verdades históricas mais ou menos maquilhadas. Em verdade vos digo: o que lá vai, lá vai. O país passa o tempo nestas discussões acabrunhadas, nestes pseudo-conflitos. Mas que outro estilo poderia existir? Neste Portugal de procissão, todos devem a todos. Estamos num ponto em que destruir e' a melhor forma de criar novos espaços. Passo o exagero, bem falta faz uma revolução em cada esquina. E não me refiro a nenhuma tropa fandanga.
Ainda que o silencio abunde, mais parece haver um pacto de não agressão, aproximam-se de forma irreversível momentos de doloroso auto-confronto que resultam do alargamento da União Europeia já no dia 1 de Maio, em que o numero de estados-membros vai aumentar de 15 para 25. Com a entrada da Eslovénia, Estónia, Hungria, Chipre, Lituânia, Letónia, Polónia, Malta, Republica Checa e Republica Eslovaca, o nosso país vai, insolitamente, continuar em muitas áreas na famigerada «cauda do pelotão». A maioria destes países tem na sua historia recente, cronologias bem mais delicadas que a nossa, e no entanto ultrapassam-nos em matéria de Educação e Formação. E por via dos factos que apontam para um desenvolvimento bastante mais sustentado, sem loucuras megalómanas como se vivem em Portugal, aposto que são culturalmente mais desenvolvidos. Numa sondagem efectuada no inicio do ano pelo Eurostat aos jovens dos actuais e dos futuros estados aderentes, muitíssimo pouco divulgada nos nossos media, comparavam-se expectativas em relação 'a U.E., ao desenvolvimento do país de origem, e por exemplo, a noção da importância do voto. Os jovens portugueses eram os pior informados, os menos motivados e os mais desinteressados. Perante Estados de folego superior e com renovado impulso com a novidade da entrada na U.E., estamos pouco menos que condenados. Resta-nos a persistência da democracia e a paisagem.
Frank TJ Mackey: In this big game that we play, life, it's not what you hope for, it's not what you deserve, it's what you take. I'm Frank T.J. Mackey, a master of the muffin and author of the Seduce and Destroy system now available to you on video and audio cassette. Seduce and Destroy will teach you the techniques to have any hardbody blonde just dripping to wet your dock. Bottom line? Language. The magical key to unlocking the female analytical mindset. Tap directly into her hopes, her wants, her fears, her desires, and her sweet little panties. Learn how to make that lady "friend" your sex-starved servant. I don't care how you look. I don't care what car you drive. I don't care what your last bank statement says. Seduce and Destroy produces an instant money-back guarantee trance-like state that will get you this -- naughty sauce you want fast. Hey -- how many more times do you need to hear the all-too-famous line of 'I just don't feel that way about you?'

Magnolia (1999).

segunda-feira, abril 26, 2004

Evolução.

Com o Bloco de Esquerda, a utopia passou a fantasia.

Termino a noite com o 'Quiz' do António Barreto.

E se é verdade que a maior parte dos jovens não sabe o que foi o 25 de Abril, o que choca não é isso, mas sim a confrangedora falta de cultura. Também não sabem o que foi o 28 de Maio, nem o 5 de Outubro. Não sabem quem foi Oliveira Martins ou Guilhermina Suggia. Não sabem quem foram nem o que fizeram Fontes Pereira de Melo, Guerra Junqueiro ou Egas Moniz. Como não sabem o que é o genoma, nem quem foi Galileu.

Não vou pôr-me aqui a explanar o que foi o 25 de Abril ou o 5 de Outubro porque seria um atentado 'a minha auto-estima. O tempo da escola primária já lá vai. Também não vou tocar no assunto do genoma, porque por via dos estudos por enquanto congelados, tenho obrigação de saber. Passemos de imediato 'as personalidades referenciadas. Egas Moniz: nobel da medicina. Guerra Junqueiro: uma bela rua ali para os lados da Avenida de Roma onde, de verão, da gosto estar nas esplanadas na companhia das mais airosas das meninas. Pronto, tudo bem. Foi poeta, isto e' certo, acho que realista, mas no meio das historias pessoais da que me asseveravam ser minha professora de português do Secundário, não ponho as mãos no fogo. Fontes Pereira de Melo: um exemplo de auto-emprego, criou o Ministro das Obras Publicas e foi ministro do mesmo. Foi o autor da lei da rolha, que muito deu que protestar. Guilhermina Suggia: uma extraordinária violoncelista e nasceu no século XIX. Sempre dava jeito existir a Luna. Oliveira Martins: historiador sei que foi, mas suponho que seja muito redutor, um humanista, por assim dizer. Galileu: um dos pais fundadores, se tivesse um blogue chamar-se-ia: 1ª Ferida Narcisica. Com o 28 de Maio e' que o António Barreto me lixou. Ou estou com uma enorme branca a esse respeito ou não faço a mínima ideia o que e' que se passou em 28 de Maio desse ano qualquer. Se quiserem façam linques para este texto e chamem-me inculto. Mas já agora agradeço que me elucidem. De qualquer forma a culpa e' do Cavaco Silva e do António Guterres. Desnaturados.

O bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao!

Una mattina mi son svegliato...

O bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao

Una mattina mi son svegliato ed'ho trovato l'invasor


O partigiano, portami via..

O bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao

o partigiano portami via, che mi sento di morir


E se io muoio da partigiano..

o bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao

e se io muoio da partigiano, tu mi devi seppelir


Mi seppellirai lassù in montagna..

o bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao

mi seppellirai lassù in montagna, sotto l'ombra di un bel fior


E le genti, che passeranno..

o bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao

e le genti, che passeranno diranno "o che bel fior"!


E questo è il fiore, del partigiano..

o bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao

e questo è il fiore, del partigiano, morto per la Libertà!

E questo è il fiore...del partigiano...morto per la Libertà!
Narrador: And there is the account of the hanging of three men, and the scuba diver, and the suicide. There are stories of coincidence and chance and intersections and strange things told and which is which and who only knows? And we generally say: "Well, if that was in a movie, I wouldn't believe it." Someone's so-and-so met someone else's so-and-so and so on. And -- it is in the humble opinion of this narrator that strange things happen all the time. And so it goes, and so it goes. And the book says: "We may be through with the past but the past ain't through with us."

Nas proximas semanas neste blogue os dialogos mais significativos do melhor filme do Mundo, escrito pelo genial Paul Thomas Anderson. Magnolia (1999). Isto significa, que eu vou colocar o argumento do filme praticamente todo. Um prazer.

I really do have love to give;



I just don't know where to put it.

domingo, abril 25, 2004

Especial 25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo


Sophia de Mello Breyner Anderson in "O nome das coisas" (1977)

Especial memória 25 de Abril.

Fechado para remodelação, abrimos com nova gerência.

O voto é a arma do povo, não votes que ficas desarmado.

Nem mais um faroleiro para as Berlengas.

Abaixo os organismos de cúpula, viva os orgasmos de cópula.

O último a sair que apague as luzes do aeroporto.

Pedimos desculpa por esta revolução, a ditadura segue dentro de momentos.

Amai-vos uns sobre os outros.

Os índios também eram vermelhos e lixaram-se.

Não queremos mais a kaka da pulitika.

O sarampo é vermelho.

Para uma melhor amizade Portugal-China compre sabão amarelo.

A dentadura do proletariado sofre de cárie burguesa.

O socialismo está em construção, visite o andar modelo.

Se Deus existe, o problema é dele.

O horizonte é vermelho, viva a menstruação.

Para os partidos, cola Pelligon.

O Cunhal não come feijões com medo da reacção.

O poder corrompe. Deus é todo poderoso. Logo, Deus é corrupto.

Liberdade para as sardinhas enlatadas.

Abaixo o abaixo.

A chuva é do povo, abaixo os guarda-chuvas.

Á portuguesa, só o cozido.

O PPD diz não à pílula. Hoje somos muitos amanhã seremos milhões.

Se Deus disse que vinha à terra que venha! Nós pagamos as passagens.

A terra a quem a trabalha. Mortos para fora dos cemitérios já!

Franco no espeto.

Se todos os caminhos vão dar a Roma, porque é que ninguém ainda não atropelou o Papa?

Nem votos, nem devotos.

Vamos fazer a constituinte! E quem é que faz a constituída?

A terra a quem a trabalha! E as colheitas são de quem?

Revolução sem sangue só com Tampax.

Hoje somos poucos, amanhã seremos menos.

A reacção não passou! A reacção não passará! A reacção não é nenhuma passarinha!

sábado, abril 24, 2004

Ainda o "R"

R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R R

É favor colocar os erres nos lugares próprios da realidade histórica. Só para evitar o sorriso da eacção (ups, isto de escrever sem erres pega-se).
Ou, como diria um amigo meu: abaixo a reacção, viva o motor de hélice.

Felizes os alheados*.

Escrevi um post aí para baixo que diz Eu no 25 de Abril de 74 não existia. Desculpem lá o mau jeito. Como se pode suspeitar o caso e' bem serio. Eu não conheço outro sistema político que não seja a democracia partidária. E diga-se que me parece ser o contexto mais conveniente. Nasci poucos anos após o 25 de Abril quando ainda andava tudo em bolandas e muito desesperava ser feito. Onde quero chegar: as opções políticas na actualidade não se fazem sem um longo jugo de sofrimento, uma travessia do deserto, muitas noites mal dormidas. Confortável posição tem quem já as fez no passado, quando as referencias eram outras, quando urgia escolher caminhos, as possibilidades eram todas, onde a pedagogia se aprendia na rua, na pratica, quando o fervilhar dos momentos exigia apostas rápidas, quando havia tudo para defender e se trocava constantemente de camisa. Quando existia mobilização. Não sabem, senhores e senhoras da blogosfera, a sorte que teem. Até sou capaz de invejar a vossa partidarite. A menos que a adesão se processe por clubite, por estatuto socio-economico ou, muito em voga, por fantasias pos-modernas, existe desde logo uma homogeneização pouco livresca, as identidades são brandas e os assomos são publicitários. Quem cresceu, quem se desenvolveu, 'a sombra dos anos finais do cavaquismo e, principalmente, dos anos iniciais do guterrismo não joga de igual para igual. Não há justiça em campo. Give me a break. E' injusto. Por vezes aterrorizo-me com o medo de sofrer de personalidade política múltipla. Acordo com suores. E ainda assim gosto de política. Doença que não sendo grave exige prolongada e complexa resolução. E' uma cultura mais aérea na qual fui fundado, a de Cavaco Silva e António Guterres. Mas não se pense que são tudo anseios, a minha situação e a de muitos como eu não e' precária por completo: permite um afastamento estratégico, uma presunção de honestidade, vantagens de crescer, atento, mas ideologicamente virgem. Revolução? a de mentalidades e' bem mais sofrida, muitos os avessos. Evolução? pompa a mais para um Portugal que, ora raios, havia de mexer. Mas meus amigos afastem para o lado a ingenuidade: sempre vos digo que vou tendo o meu fraquinho...

*e que morram como cães.
Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte

Amor é pensamento, teorema
Amor é novela
Sexo é cinema

Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia

O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval

Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom...
Amor é do bem...

Amor sem sexo,
É amizade
Sexo sem amor,
É vontade

Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes,
Amor depois

Sexo vem dos outros,
E vai embora
Amor vem de nós,
E demora

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval

Amor é isso,
Sexo é aquilo
E coisa e tal...
E tal e coisa...

Amor e Sexo: Rita Lee.
Letra: Rita Lee, Roberto de Carvalho e (sobretudo) Arnaldo Jabor.

Problemas de consciência.

Alguém que me ajude a tentar fazer entender aos amigos do blogue que se colocámos nos linques (pronto lá se foi o k) o Barnabé, temos que colocar também o Blog do Caldas, ou no mínimo, o Uma Geração 'As Direitas. Eles dizem que não. Ainda hei-de apanha-los distraídos.

Parece.

Este blogue parece esquizofrénico. (Ou sou eu?)

Editorial.

O Quarta Ferida achou por bem sublinhar alguns pontos, em antecipação a acusações de mau gosto. O mau gosto aqui também podia ter um significado ambíguo. A relevância informativa da foto abaixo inserida não pode ser posta em causa. Senão vejamos:

1. A proliferação de maquinas digitais e telemóveis com câmara fotográfica incorporada exige cuidados extra no que 'a compostura diz respeito. Quanto mais reduzidas forem as vestes melhores efeitos se conseguem.

2. A atmosfera de espaços nocturnos propicia, não raro, o deboche e a sem-vergonhice, aconselha-se vivamente o auxilio das bebidas alcoólicas para que a vigilância seja redobrada.

3. A excitação perante uma objectiva deve ser elevada aos níveis máximos: neste ponto agarra-te ao que estiver mais próximo de forma a não seres a(o) única(o) a fazer figuras tristes.

4. Não fosse a menina da esquerda ser mais espigadota e diríamos que estávamos perante três gémeas tal e' a semelhança nos cortes de cabelo e nas roupas. Apesar de ser óptimo estarem sempre a confundir-nos, tenta de vez em quando marcar a diferença.

5. Tira em media cinquenta fotos por noite. Muitas saem mal (não por ti, porque tu es montes de fotogenica). Mas alguma há-de ficar bem. Em complemento, toda a gente fica a saber que tens uma câmara fotográfica seja lá de que espécie for.

6. Não te metas com principiantes. Exige fotógrafos experientes. Esses de certeza não vão perder tempo contigo. Se fores fotógrafo em inicio de carreira, esquece África, veste o fato e vai 'a Kapital beber um copo.

Finalmente, o editor não pode ser acusado de voyerismo na medida em que a insipiência das provas a isso não conduzem. O mesmo se aplica ao exibicionismo.



A esta vou-lhe chamar: Betinha na Kapital com mamita rebelde.
Mas estamos abertos a sugestões. Os mais pudicos que não se alterem por coisa pouca...

sexta-feira, abril 23, 2004

Concordo. Mas aí reside a nossa desgraça.

(...) Paulo Portas tem sido um excelente ministro da Defesa e só lá vão dois anos de Governo (...)

Preferia termos um excelente Ministro da Cultura ou do Ambiente ou da Economia ou... de outra pasta qualquer. No actual estado de coisas a Defesa deveria ter o menor dos protagonismos. Mas não pode ter. A bicefalia não permite.

Submarinos 'a to(n)a.

Reparo afinal que não fiquei a falar sozinho a respeito dos submarinos (aqui e no texto imediatamente a seguir a este post). Mal andaríamos se uma decisão de flagrante falta de senso não fosse, no mínimo, discutida. Note-se os textos avisados do Bloguitica em dialogo com o Acidental.

O Portugal de encher o olho.

As questões relativas ao litoral português, que como se sabe e' um dos maiores da Europa, são um problema crucial para o futuro de Portugal. Com o rumo que as actividades económicas levam, o futuro depende muito do turismo e da potenciação dos recursos naturais (que restarem). A decisão errada (errada de facto, como errada no seu aspecto contratual) da aquisição dos dois submarinos relembrou-me a problemática da gestão marítima que devia constar na linha da frente das preocupações políticas. A nível de defesa e segurança interna a compra de submarinos constitui um episódio anedótico, já o cumprimento das nossas responsabilidades para com a NATO, de importância estratégica, insere-se num plano de deveres e direitos que assistem a Estados que querem ser olhados como parceiros de pleno valor. Mas neste contexto não e' isso que está em causa, já que a própria NATO considerou a operação um «desperdício». Um desperdício de tempo, uma confusão de prioridades, um desperdício de recursos, um desperdício de dinheiro. Antes de adquirir submarinos Portugal devia pensar na constituição de um sistema de controlo de trafego marítimo capaz, a vigilância marítima e' a chave para a gestão das nossas aguas territoriais. Os sistemas de radares costeiros, integrados geralmente com serviços de informação da gestão do tráfego de navios, existem em quase todos os estados costeiros europeus. Não são mantas de retalhos. E que dizer da nossa Policia Marítima, com recursos quase inexistentes e sem um poder de acção real? Um conjunto de lanchas rápidas seriam bem mais urgentes e eficientes para a actuação no combate ao trafico de droga. Que navios patrulha tem a nossa marinha? Que meios para efectuar busca e salvamento? Já existem navios de combate 'a poluição? A experiência portuguesa ensina que se deve andar 'a espera que um pedaço de costa seja afectado um destes dias com todos os custos sociais adjacentes para só depois se pensar no assunto. Que controlo e salvaguarda e' feita 'a nossa ZEE? Que tipo de investimentos e avanços existem na pesquisa científica marinha? Que recursos marinhos e que recursos comuns (como pescas), estão a ser acautelados? Será que existe alguma integração das diversas entidades entre a protecção do ambiente, o planeamento e ordenamento do turismo e a monitorização do tráfego marítimo, acautelando por exemplo, a passagem de produtos perigosos perto da costa? Parece-me que muito antes de se encher o olho com submarinos se devia pensar no que se pode fazer 'a superfície. Com 800 milhões de euros muito podia ser feito. A «Defesa» na actualidade passa muito mais por este tipo de questoes.

P.S. E que e' feito do Centro Internacional de Luta contra a Poluição do Atlântico Nordeste? Também foi para encher o olho?

A angustia.

Onde pára Carlos Magno??? O ‘opinion-maker’ mais intelectualmente honesto e culturalmente activo, o do «bom gosto, bom senso e golpe de asa», desapareceu dos media com a reestruturação da TSF. Esperemos sobretudo que continue pelas lides universitárias. A quem souber noticias favor informar.


Será que temos que levar com o Nuno Rogeiro para sempre?

quinta-feira, abril 22, 2004

O equívoco.

Adoro equívocos. Os equívocos da pequena vida, que e' onde se situa a vida que vale, os desejos equívocos. Esses mesmo. Que assemelham a vida a um labirinto, julgando saber-se o que fica alem da curva, quando a dado momento se percebe o erro, se reinventa num ápice para poder prosseguir, exigência maior para, urgente, não perder momentos. Paixões equivocas, o principio enfadonho do igual para igual, principio triste, pé atras, passo 'a frente, sitio nenhum, lugar errado, sem um ermo para reflexões ou espelhos. As contingências de tantas escolhas. O equivoco desperto e' uma espera, um conhecimento que não termina, um fim adiado. Mas sem perdas de tempo. O fogacho da identidade soçobra perante a sofreguidão dos estados de espirito. Aproveite-se o equivoco a ambiguidade e libertemo-nos onde o embaraço for mais proveitoso. O equivoco e' afinal das mais fáceis construções e das mais pueris desculpas. As variáveis que desestabilizam e inserem dados novos, impossível viver agora e sempre com a mesma cara, a exclamação da descoberta que morava ali ao lado. O verbo conjugado em todos os tempos de uma assentada. Adoro equívocos, os de principio de noite, que culminam na cama já manhã a desenhar estrelas. Adoro o sossego e a respiração compassada.
Nunca choraremos bastante quando vemos
O gesto criador ser impedido
Nunca choraremos bastante quando vemos
Que quem ousa lutar é destruído
Por troças por insídias por venenos
E por outras maneiras que sabemos
Tão sábias tão subtis e tão peritas
Que não podem sequer ser bem descritas


Sophia de Mello Breyner Anderson

Golpes.

O tipo, referenciado desde já como o bandalho, ria a olhar de lado como que a esconder uma formula de que não se podia conhecer a pratica. Este riso parecia consistir na única contradição necessária ao desempenho da encenação. Nas constantes conversas de grupo, próprias de quem frequenta o mesmo espaço todos os dias, apresentava-se abandonado e aguardava quedo o desenrolar do palavreado, procurava ajustar a banalidade ao exacto momento em que a vozearia se tornava menos subtil e mais acesa. Não fosse, por azar, sobrar verdade para o seu lado. Quebrava os momentos que na sua continuidade poderiam desembocar em algo útil. Ora isto era contrario 'a sua natureza, o descomprometimento outorgava-lhe a liberdade de objecto publico. Servia para tudo, porque não servia nada. Qualquer assomo de personalidade era uma machadada nas hipóteses de sucesso. O bandalho preferia desempenhar o papel de caricatura; se havia alturas em que era necessária algum género de acção, esta estava preparada para sair repentina. Decalcava, o bandalho. Agia por colagens. E incidia sempre numa natureza deficitária. Faltava sempre algo. O bandalho mimetisava uma ausência que culminava em suplica. Certo era o bandalho representar o lamento da espécie. Eu lamentava-o, a tristeza.

-Um merdoso qualquer trocou-te as manhas?
-Faltava-lhe o útero, intuíam elas.
-E davam-lho?
-As inocentes.

quarta-feira, abril 21, 2004

«Contrato de compra de dois submarinos assinado hoje no Alfeite»

Os dois submarinos vão custar 800 milhões de euros, um investimento que a NATO considera "um desperdício"

Esta decisão governamental e' a mais vergonhosa, idiota e mesmo ofensiva de que tenho memória. Apesar da conjuntura, parece que esbanjar dinheiro não incomoda ninguém. Isto na realidade só pode acontecer num pais de gente estúpida. Por cá as manifestações (porque em desespero de causa apenas resta a indignação publica) só se convocam por fait-divers ou motivadas por lobis da moda, quando a desgraça bate 'a porta o pessoal também se lembra de protestar mesmo que já seja tarde, e os ataques mais cerrados dirigidos ao governo fazem-se em contextos e matérias mediaticas porque daí se retiram dividendos eleitorais. A voz de uma sociedade civil que se quer atenta devia ouvir-se nestas ocasiões. Mas a democracia está bloqueada... por cidadãos alheados. Não há na compra de dois submarinos milionários e inúteis a mínima hipótese para razoes convincentes serem dadas.

«Olhó festivau!»



Eu não vou.
(Ilustraçao via especie duma coisa qualquer)

A Lua e as Fogosas.

Infelizmente, existe um déficite de participação feminina na blogosfera. Os blogues ditos de referencia são na esmagadora maioria masculinos. Mas este mês juntaram-se ao blogger dois novos blogues femininos: A My Moleskine e a Desassossegada. Como me parecem dignos de atenção, com uma prosa solta e atenta, foram para os links. E a pouco e pouco sempre se vai conseguindo uma espécie de paridade... Curioso foi a troca de miminhos entre a única referencia feminina na blogosfera (boa ou má não interessa) e as prazenteiras recém-chegadas. Isto de provocar feridas narcisicas e' cada vez mais serviço publico.
Desde que acompanhado da dose certa de, porque não, Cesare Pavese. Só fica bem.

Expedientes de bolso.

Se em questões de substância me rebatem com criticas de estilo eu dou-me de imediato como vencedor.

segunda-feira, abril 19, 2004

O "R"

Eu sei que parece estar fora de moda, mas continuo a achar que o 25 de Abril foi uma revolução e não apenas evolução. Uma evolução é um desenvolvimento de uma situação para uma coisa diferente sem rupturas e querida pelos dirigentes. O 25 de Abril foi uma revolução. Não aconteceu como em Espanha em que os fascistas continuaram pacificamente nos seus lugares de poder até se reformarem. Neste país houve coragem e dignidade. E não me venham com os custos económicos porque não há dinheiro que pague a dignidade.
Já que estamos numa de tirar a primeira letra aos dias comemorativos, o que é que vamos festejar no primeiro de Maio? O dia do rabalhador? E o 25 de Dezembro passa a ser Atal? Domingo de Áscoa? Sexta feira Anta? Dia de Ortugal, Amões e das Omunidades?
Não brinquem com a história, deixem-se de revisionismos mais ou menos oficiais e apreciem os trinta anos da democracia portuguesa. (Ou será emocracia ortuguesa?)

Eu no 25 de Abril de 74 ainda não existia.

Desculpem lá o mau jeito.

De regresso.

Consequencias imediatas se todos os dias fossem fim-de-semana:
-O Blogue nunca estava actualizado;
-Nao prestava atençao 'as noticias;
-Andava com os pulmoes menos poluidos;
-Sofreria de alcoolismo agudo;
-Estava sempre com os amigos;
-O premio do seguro do carro era muito maior.

sábado, abril 17, 2004



Funciona assim como um teste de personalidade. Quatro mulheres diferentes entre si, com modos bem proprios de se relacionarem com o mundo, que e' como quem diz, com o homem. Pelo menos na perspectiva delas. Ou seja: perguntei um destes dias aqui aos amigos do blogue, (espero não ser inconfidencia...) qual das quatro era a sua preferida. (Temo que a pergunta tenha sido menos civilizada, culpa da hora etilica, quem sabe.) O Edgar preferia o desafio das duvidas existenciais da Carrie e os seus belos cabelos encaracolados. O Rui confessava, maroto, o seu apego 'a libertinagem da Samantha o que e' perfeitamente compreensivel. Já eu, a sensualidade inata da Charlotte era bem possivel que me tirasse do serio. Local onde, de qualquer forma, eu prefiro não ficar muito tempo. A metamorfose que se adivinha no olhar aceita a sobriedade diurna. Como do dia para a noite. Loucura em part-time ainda resulta em luxuria maior.
Por fim decidimos que a personagem Miranda, asseptica, ficava para quem não gosta da vida e papagueia apenas a beleza interior. Bom proveito.
A questao e' que pouco lhes importa a perspectiva dos Iraquianos, foi isso mesmo que fiz notar aqui há umas semanas. Espevitado, esse farol da esquerda criativa, mas muito pouco objectivo. Os americanos que saiam – repetem - que saiam, que saiam. A voz berrada para os EUA de costas voltadas para o Iraque.

sexta-feira, abril 16, 2004

Este post era para ser sobre 'Coldplay' e a paneleiragem 'as três da manha. Só que isso era politicamente incorrecto.

Eu gosto de chorar a ouvir musica.
Eu gosto mesmo de chorar a ouvir musica.
Eu adoro chorar a ouvir musica.
O meu passatempo favorito e' chorar e ouvir musica.
Quando oiço 'My Immortal' fico três dias sem mijar porque gastei tudo em lagrimas, a ouvir musica.
Eu adoro chorar a ouvir musica. Mete no Re-Play que eu ainda não chorei tudo.
Estou tão depressivo.
Mas adoro gajas a cantar em cima de telhados com ar suicida. Sou tão infeliz.
E a Lua não me liga nenhuma.
Vou esfolar uma galinha viva, pode ser que depois me sinta melhor.


I'm so tired of being here
Supressed by all my childish fears
And if you have to leave
I wish that you would just leave
Cause your presence still lingers here
And it won't leave me alone

These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time can not erase

When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I held your hand through all of these years
But you still have all of me

You used to captivate me by your resonating mind
Now I'm bound by the life you left behind
Your face it haunts my once pleasant dreams
Your voice it chased away all the sanity in me

These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time can not erase

When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I held your hand through all of these years
But you still have all of me

I've tried so hard to tell myself that you're gone
But though you're still with me
I've been alone all along

When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
I held your hand through all of these years
But you still have all of me


My Immortal, by Evanescence.
Para combater a «fuga de cerebros» do País: Governo atribui bolsas a investigadores com mais de 100 trabalhos publicados em revistas cientificas.

Para combater a elevada abstençao: Possibilidade das mesas de voto encerrarem 'as 22 horas ponderada.

Declaraçoes de Jorge Sampaio na actual presidencia aberta sobre Ambiente a respeito da reserva ecológica nacional e da reserva agrícola nacional : "O país não pode ser uma reserva total, de norte a sul, que inviabilize a presença de cidadãos e o seu próprio desenvolvimento."


Declarações de um jovem que há vários dias tenta derrubar uma arvore centenária, soprando-lhe para as folhas: "Estou sem fôlego."

1ª, 2ª, 3ª, 4ª. Sim, 4ª.

Isto da ordem numérica das feridas narcísicas pode não lembrar ao diabo. Por isso volta não volta, rebatizam-nos o titulo. Um dia destes criamos um blogue ao lado com o nome «Caricias Narcísicas» e assim já se escusa de mencionar ordem. De caricias narcisicas está o mundo cheio. (Claro que de enganos também.) São infinitas. Perdem-se no tempo a que foi primeira, segunda, ou terceira. Seria um blogue de inspiração tolinha mas eventualmente mais simpático, o que nos dias que correm (e em quaisquer outros) fica sempre bem. Fica bem ficar bem. Por outro lado, havia de ser bonito se este blogue se chamasse 3a Ferida Narcísica. Para fazer justiça ao nome teríamos que ser bem mais insurrectos, mandar a prudência e o bom senso as ortigas e divagar entre sonhos, fantasias, meninas nuas, angustias, sofrimentos, mulheres nuas, desejos, traumas, ódios e paixões que pairam no inconsciente mais ou menos agrilhoadas. Resumindo: não muito diferente de tudo o resto mas com muito menos cultura. Esta cultura (não a dos livros e dos quadros que essa sim) que tudo transfigura, relegando carências e riquezas para a nebulosa da normalização.

Por isso companheiros do Blogo Social Português tenham lá atenção nessa hierarquia das feridas: quarta e' a nossa. Uma abstracçao. Uma lonjura, pronto. Mas que as mentiras conformes caiam todas. Com ou sem feridas.

A nova Constituição iraquiana será instântanea?

Ouvi na TV no outro dia esse iluminado da Ciência Política que é o Sr. George W. Bush a estabelecer o calendário para a instituição da democracia no Iraque e para a retirada das tropas ocupantes. Para além da estranheza que me provocou o chefe de estado de um país (democrático) ditar o calendário de acontecimentos noutro (será o Iraque um protectorado ou uma colónia?) outra coisa me causou estranheza. O Sr. disse que as eleições para a constituinte estão marcadas para Janeiro do ano que vem e que a constituição deve estar pronta em Outubro. Menos de um ano? Eu não quero ser chato mas a constituição de um país é uma coisa séria (acho eu!). No nosso país, por exemplo, a discussão, elaboração, aprovação e publicação demorou um ano. Mas o nosso país não tem problemas de minorias religiosas ou étnicas, não há pretenções de independência de nenhuma área. A única coisa que temos parecida são as Regiões Autónomas dos arquipélagos do atlântico, mas que, convenhamos, não são um problema que se compare, nem de longe, com o dos Curdos. Os açoreanos e os madeirenses são tão portugueses como um transmontano, não há diferenças étnicas ou de história, nada. Os Curdos querem ser independentes desde pelo menos o príncipio do século e a Turquia já avisou que se for dado algum grau de autonomia ao Curdistão iraquiano se verá obrigada a invadir o Iraque. Para além do problema dos sunitas versus xiitas, minoria cristã, extremismos religiosos, etc. Menos de um ano? Mas é o quê, instântanea? É só juntar água e puf, nasceu um novo regime.

terça-feira, abril 13, 2004

Que nunca se saia desse jogo (com ou sem fair-play?).

Tell me
Just what you want me to be
One kiss
And boom you're the only one for me
So please tell me why don't you come around no more
Cause right now I'm crying
Outside the door of your candy store

It just takes a little bit of this
A little bit of that
It started with a kiss
Now we're up to bat
A little bit of laughs
A little bit of pain
I'm telling you, my babe
It's all in the game of love

Is whatever you make it to be
Sunshine set on this cold lonely sea
So please baby try and use me for what I'm good for
It ain't sayin' goodbye it's knocking down the door of your candy store

It's all in this game of love

You roll me
Control me
Console me
Please hold me
You guide me
Divide me
Into one...who...

So please tell me why don't you come around no more
Cause right now I'm dying outside the door of your loving store

It's all in this game of love
It's all in the game of love
Let's play the game of love

Roll me
Control me
Please hold me
(Make me feel good, yeah)

Now I'm here on my own
On my own....


The Game Of Love (Feat. Michelle Branch)
By Santana.

Paulo Coelho em entrevista 'a Veja: «Que rio, pô?»

Veja – Depois de tanto sucesso, as críticas ainda o incomodam?
Coelho – Eu sou um autor muito polarizador: as pessoas me amam ou me odeiam. Estou acostumado. Mas a única crítica que me magoou não foi dirigida a mim. Foi quando disseram que meu leitor era burro. Eu não quero generalizar, mas existe um fascismo cultural no país.
Veja – O senhor se sente perseguido por ele?
Coelho – Acho que são perseguidos por ele todos os que não se enquadram num certo padrão, que é o de valorizar o que é incompreensível e inacessível. Só que, felizmente, isso só vale para a crítica, que se isolou da realidade. As pessoas que escrevem esse tipo de coisa ficam numa torre de marfim, sem saber o que se passa em torno delas. Acham que estão abafando, que está todo mundo escutando o que elas dizem. Só que não sabem que ninguém dá ouvidos a elas. De
que adianta um livro que impressiona mas que não é lido? O que eu disse sobre James Joyce é verdade: ele é ilegível, ilegível.
Veja – Mas livros como Ulisses e Finnegans Wake, de Joyce, são considerados marcos do modernismo, talvez dos mais geniais do século
XX. O senhor acha que a sua obra irá sobreviver também?
Coelho – O fato de uma obra sobreviver não quer dizer que ela seja lida. Eu tentei ler Ulisses, não consegui e achei que era burro. Só que eu não sou burro, Ulisses é que é ilegível. Mas as pessoas se acovardam muito para falar dessas coisas. Você tem sempre de passar a idéia de que entendeu tudo. E a culpa não é sua, a culpa é dos caras que escreveram. Eles têm a obrigação de ser claros. Burro é quem não
sabe se explicar. Mesmo um livro como Sidarta, do Hermann Hesse, é uma coisa mal-acabada. O cara não soube acabar o livro, entendeu? Termina com aquela frase: "Tem que olhar o rio". Que rio, pô? Acho que o Hermann Hesse não sabia como terminar o livro e meteu essa história aí de rio.



O James Joyce e o Hermann Hesse não se sabiam explicar. Conclusão directa. Porque tudo e' simples em Paulo Coelho, ou em escritores do género «levezinho», estas respostas bem podiam ser dadas tal e qual pela Margarida Rebelo Pinto. Eu mesmo se me conseguisse abstrair da complexidade da construção dos sentimentos ate me lançava numa aventura emocional muito 'a flor da pele e daqui a três meses já tinha carro novo. E' com o mercado de leitores envolvidos num dia-a-dia desgastante, proporcionado ou por uma intrínseca incapacidade de gestão de afectos ou pelas bem mais tangíveis dificuldades que condições de vida exigentes representam, que os escritores de cenários estereotipados e resposta pronta contam. Quantas pessoas tranquilas encontram prazer neste tipo de livros? Depois o unico o feed-back esta' em não encontrar feed-back. Esquece. Trata-se do afastamento do Eu, ou se quiserem expressao menos livresca, da ausencia de confronto. Se não há confronto, não existe conflito interior. Mas também não se cresce. Como diria Saramago, um escritor menor que se tornou moda criticar negativamente: “Cresce-se mais 'a sombra que ao sol”. Pois. Só que a sombra não bronzeia. Tudo isto e' legitimo mas bem diferente de cometer erros de avaliação. E' a escrita da adequação instantânea das emoções. Baralha pouco e volta a dar. Ora perguntem lá aos Morangos com Açúcar da blogosfera se com mais ou menos pozinhos de perlim-pim-pim, não rabiscam em três tempos um fast-book de venda imediata???

A escolha do livro, parafraseando Italo Calvino.

"Foi logo na montra da livraria que descobriste a capa com o titulo que procuravas. Atras desta pista visual, lá foste abrindo caminho pela loja dentro através da barreira cerrada dos Livros Que Não Leste, que de cenho franzido te olhavam das mesas e das estantes procurando intimidar-te. Mas tu sabes que não te deves deixar assustar, que no meio deles se estendem por hectares e hectares os Livros Que Podes Passar Sem Ler, os Livros Feitos Para Outros Usos Alem Da Leitura, os Livros Já Lidos Sem Ser Preciso Sequer Abri-los Por Pertencerem 'A Categoria Do Já Lido Ainda Antes De Ser Escrito. E assim transpões a primeira muralha dos baluartes e cai-te em cima a infantaria dos Livros Que Se Tivesses Mais Vidas Para Viver Certamente Lerias Também De Bom Grado Mas Infelizmente Os Dias Que Tens Para Viver São Os Que Tens Contados. Com um movimento rápido passas por cima deles e vais parar ao meio das falanges dos Livros Que Tens Intenção De Ler Mas Antes Deverias Ler Outros, dos Livros Demasiado Caros Que Podes Esperar Comprar Quando Forem Vendidos Em Saldo, dos livros Idem Idem Aspas Aspas Quando Forem Reeditados Em Formato De Bolso, dos Livros Que Podes Pedir A Alguém Que Te Empreste e dos Livros Que Todos Leram E Portanto E' Quase Como Se Também Os Tivesses Lido. Escapando a estes assaltos, avanças para diante das torres do reduto, onde te opõem resistência
os Livros Que Há Muito Programaste Ler,
os Livros Que Há Anos Procuravas Sem Encontrares,
os Livros Que Tratam De Alguma Coisa De Que Te Ocupas Neste Momento,
os Livros Que Queres Ter Para Estarem 'A Mão Em Qualquer Circunstancia,
os Livros Que Poderias Por De Lado Para Leres Se Calhar Este Verão,
os Livros Que Te Faltam Para Pores Ao Lado De Outros Livros Na Tua Estante,
os Livros Que Te Inspiram Uma Curiosidade Repentina, Frenética, E Não Claramente Justificada.

E lá conseguiste reduzir o numero ilimitado das forças em campo a um conjunto sem duvida ainda muito grande mas já calculável num numero finito, mesmo que este relativo alivio seja atacado pelas emboscadas dos Livros Lidos Há Tanto Tempo Que Já Seria Altura De Voltar A Le-los e dos Livros Que Dizes Sempre Que Leste E Seria Altura De Te Decidires A Le-los Mesmo."


Se Numa Noite de Inverno Um Viajante, Italo Cavino.

Presidência aberta sobre ambiente.

O Presidente da República escolheu começar pelo Parque Natural do Tejo Internacional e não podia ter escolhido melhor, decerto bem informado. Um habitate único na Europa, onde nidificam diversos exemplares de aves em elevado risco de extinção, com o alto patrocínio do Ministério do Ambiente e do Instituto de Conservação da Natureza. A presença de Amílcar Theias, Ministro do Ambiente, até podia ser augúrio de mudança mas a experiência não aconselha grandes entusiasmos. Samuel Infante, dirigente da QUERCUS de Castelo Branco, talvez hoje durma mais descansado, mas temo que a luta sem quartel que vem desde há muito levando a cabo não cesse. A fotografia de cima é um abutre preto e a de baixo um abutre-do-Egipto. Fotografias selvagens de aves soberbas tiradas curiosamente na Estremadura espanhola mas que por enquanto ainda (?) se podem admirar em Portugal. Haja a divulgaçao científica que as escarpas merecem.




Histéricos ou bajuladores?

Neste fim-de-semana esteve em Lisboa um dos maiores paquetes do mundo, ou mesmo o maior, ou o diabo a sete. Atracou ali 'a Rocha Conde de Óbidos. Por mim tudo bem. Mas segundo parece no sábado 'a tarde cortaram o transito na ponte que tem como nome data de revolução do povo. Uma qualquer mente iluminada antecipou que aquando do exacto momento da passagem do navio por baixo da ponte, alguém se iria lembrar de com a ajuda da gravidade lançar umas bombitas, ou perigo de não desconsiderar, umas bem portuguesas pedras da calçada. E os responsáveis de direito anuíram. Procedimentos securitarios para inglês ver. Que eu saiba as normas de segurança devem ser proporcionais... O português servil sempre em acocorada atitude em relação ao poder. Nem menciono a total desconsideração com os milhares de utilizadores da ponte. Que significam em comparação com turistas milionários? Naveguem tranquilamente senhores da bela Europa que em matéria de segurança ninguém nos bate: corta-se o mal pela raiz. Podiam ser apenas os indicadores económicos a afastarem-nos da cada vez mais longínqua Europa mas são os exageros prostrados dos patronos deste pais que culturalmente nos afastam ainda mais irremediavelmente. Uma nova geração sem provincianismo precisa-se. Eu estou presente.

segunda-feira, abril 12, 2004

E o que fica da Páscoa?

Cada um que carregue a sua cruz.

domingo, abril 11, 2004

Educação tecnólogica de classe

O Governo anunciou a possibilidade do alargamento da educação tecnológica. Logo se ergueram as vozes do costume. Que era a elitização do ensino. Que todos devem ter acesso ao ensino superior. Mas isto são falácias de tal maneira enraizadas no discurso oficial de certos sectores dos poderes instituidos que são quase tidos como certos. Mas então e o meu direito a uma educação profissional ou pelo menos profissionalizante? Ou será que temos de ser todos Dr? Uma das coisas que mais falta neste país são quadros médios, bons profissionais e competentes. Há operários especializados que ganham mais do que professores universitários (também não é preciso muito). Por tudo isto, toda esta discussão é derivada de efabulações de teses que assentam em crenças e não em factos. Todas as escolas profissionais estão a abarrotar de alunos e aí as taxas de abandono são muito mais baixas. Essas teses, nem quando foram primeiramente formuladas em Portugal (há mais ou menos 30 anos) estavam certas já assentavam naquilo que posso chamar "preconceitos de classe". Mas desenganem-se: não é mau ser proletário. Acordem.

quinta-feira, abril 08, 2004

Fidelidade. Respeito. Responsabilidade.

Quem me fala nestes conceitos? Quem os privilegia em detrimento de outros? Que conceitos são estes que ignoro? Serão motivos religiosos? Que sociedade os prefere, nos amarra 'a disciplina, e nos dificulta os sentidos? A que férreo autodomínio nos prende?

Se apenas resta o respeito muita coisa se quebrou antes.
A amizade, a empatia, a aprendizagem, a partilha, a verdade. Porque o respeito torna a verdade dócil e parcial. O respeito transfigura a verdade e corrompe-a. Torna-a inacessível. Quando queremos dizer que uma pessoa nos e' totalmente irrelevante, podemos afirmar: “respeito-o muito”. Que riqueza relacional se sustenta no respeito?

Se só resta a fidelidade muita coisa se perdeu antes. Onde já ficou o amor? Num estádio muito anterior com toda a certeza. A união equilibra-se somente numa mera fidelidade penosa. E que dizer do desejo? O desejo morreu com o amor. Sem desejo, a morte avança galopante. Não se sente, não se acredita, envelhece-se. Que hipótese de celebração existe numa vida resguardada em fidelidades? Se por um laivo de fortuna o desejo se reacende, a fidelidade obriga a apaga-lo. Em que tipo de verdade assenta a fidelidade?

Se só resta a responsabilidade muita coisa se quebrou antes. A responsabilidade e' um relicário onde se guardam as cobardias de quem recusa ser feliz. Apenas responde. Tudo lhe e' dado previamente, apenas sabe que tem que cumprir, agradar a. Que liberdade nos e' dada quando apenas temos responsabilidade?

Não quero ser fiel, quero amar sempre. Não quero respeitar apenas, quero rir francamente lado a lado e julgar a cada momento, nem quero tampouco dar-me ao respeito, quero ser digno de estima. Não quero ser responsável, quero prazer, empenhamento e que a plenitude se revele na acção.

Maldito o dia em que a minha vida mergulhar nesses conceitos na orla do precipício, ser fiel, respeitador, responsável. Que pequenez de vida seria essa? Uma vida perdida, pálida, esquecida de valores maiores que engrandecem o espirito. Suponho serem os fracos os peritos nesses infelizes conceitos, incapazes de ousar diverso. Recriar o ser.

quarta-feira, abril 07, 2004

Três referências da nova musica portuguesa:

Primeiro os Loto, o grupo de Alcobaça (terra fértil em projectos musicais) afirma-se finalmente através de um trabalho que abandona o pop mais convencional e abraça leituras mais actuais e dançáveis como o excelente single, “Back to Discos” demonstra. O recente CD “The Club”, conforme o nome sugere, remete para uma sonoridade eletropop muito anos 80. Numa fase mais adiantada de conhecimento ao publico esta Flic Flac Circus de Sloppy Joe, com um trabalho bem original (e com um preço muito simpático) em que se misturam varias tendências como o Pop, o Reggae, o Ska ou o Jazz. Parece realmente que o que está dar são as fusões entre estilos. E bem. Também bastante dançavel. Finalmente refiro ainda uma consagração que se vai impondo por cá, já com uma certa internacionalização: Spaceboys. O núcleo duro dos Cool Hipnoise num projecto audaz e vanguardista onde imperam os sons dub e electrónicos com uns assomos de Jazz e chill-out pelo meio. Uma viagem instrumental que tem como pontos obrigatórios os temas “Moonshrine”, “Eclipse”, “Space is the Place”, ou “Cosmic Love”. Muito dançavel mesmo... Três bons exemplos de como a musica portuguesa respira vitalidade e de como o publico português esta cada vez mais sabedor e sensível a projectos inovadores e actuais.

A Raia na Blogosfera.

Congratulo-me que a raia beirã tenha (já há uns meses) um blogue! Ver referencias a aldeias carregadas de historias, como e' o caso de Idanha-a-Velha, e' sempre um prazer. O saber gravado nas pedras: documentos históricos de legado irrepetivel na inconstância dos dias que correm. Inconstância essa que permite continuamente atentados ao património de séculos.
O Idanhense merece uma visita.
E gentes de Castelo Branco fazei-vos 'a WWW!
O meu professor de Finanças públicas sempre me disse que a questão do equilíbrio orçamental não era minimamente objectiva, que dependia dos critérios que escolhessemos e que a contabilidade era uma arte. Esse professor era o Prof. Sousa Franco, descrito pelos economistas afectos ao actual governo como aquele que nos lançou no caminho do pecado e perdição, perdão, do défice. Que não, não era asssim. Que com a Drª Manuela ia ser muito diferente. Que "isto ia entrar nos carris" (o que quer que isso queira dizer). Será que se lembraram de avisar o Ministro da Saúde? É que ele andou atentar maquilhar as contas dos Hospitais S.A. para serem melhores que os públicos.
Mais uma vez se confirma como a doutrina neo-liberal assenta em erros. O sector privado não é mais eficiente que o público, pelo menos em matérias de saúde. Tal como não o é em matérias de educação, segurança social, etc. Vivemos num Estado Social de Direito e o Estado tem obrigações para com todos nós. Independentemente dos interesses dos «boys» dos aparelhos partidários este é um princípio da social-democracia, não devia ter de ser eu a lembrá-lo. Olhem para a Suécia. As políticas neo-liberais conseguem que a economia cresça e que os ricos fiquem mais ricos, mas e os pobres? E a solidariedade? É que por acaso a fundação do nosso Estado assenta na dignidade da pessoa humana. Será que isso se compadece com certas alegadas poupanças nos hospitais?
A propósito de mentiras neo-liberais, lembram-se daquela que dizia que com a liberalização dos preços o preço da gasolina ia baixar?

segunda-feira, abril 05, 2004

Provocações.

Este post não significa regozijo, significa lamento.
Após uns meses de várias voltas à blogosfera tentei identificar, ou pelo tipo de escrita ou por referências mais ou menos esclarecedoras, quais os blogues cujos autores têm uma idade aproximada sub-30. Conclusão: uma maioria de blogues jovens são aflitivos. Ou depressivos ou esotéricos. Outros (femininos na sua grande maioria) vão simplesmente do apático ao patético. Os depressivos gostam sempre de se menorizar, a vida parece madrasta, tudo corre mal. Chove sempre «lá fora». Nos depressivos existe um subgrupo bastante visível que é o poético-melancólico revestindo-se de dimensões dantescas quando os autores do blogue e os autores dos poemas coincidem. Eu por mim acho que essas pessoas ficam deprimidas exactamente por se aperceberem que não têm nada para dizer. Ora criar um blogue e não ter nada para dizer é, no mínimo, masoquista. Vão por mim: apaguem-no. Depois temos os esotéricos, que no fundo também são um pouco depressivos, pejados de imagens cheias de «alquimia», referem bastas vezes o «sol» e a «lua» e estão sempre a falar de «fragmentos» e «pedaços». Que vidas desfeitas são essas? Depois também existem os apáticos. Estes funcionam do seguinte modo: a autor(a) levanta-se da cama e pensa «vou escrever que não tenho nada para escrever», no final desloca-se à sala deita-se no sofá e passa o resto da tarde a fazer festas ao gato. Isto não é certo, podem sempre existir variantes, em vez do gato pode existir um livro do Paulo Coelho, o que em termos de exercício mental vai dar no mesmo. Depois ainda temos os «blogues de humor», na sua maioria masculinos, em que o autor se esforça por ter muita piada. Estes ainda assim são um mal menor, porque de desgraça em graça o cérebro vai mexendo. Que intelectualidade é esta, jovens portugueses? Comprai antes um diário na loja dos trezentos e guardai-o a sete chaves debaixo da cama.

Por Saramago, ponho as mãos na 'Jangada de Pedra'.

Não posso falar de José Saramago. Não consigo avaliar nada a ele respeitante.
Sou incapaz de lhe fazer uma critica com um mínimo de honestidade.
Quando zurzem em Saramago fico desesperado.
Apetece-me ter logo 'a mão a Jangada de Pedra e dizer:
-Lê por favor isto e cala-te!
E dou como justificação os mais simples dos lugares-comuns que acredito piamente terem sido inventados propositadamente para aquele livro:
-Não existe livro português repleto de maior beleza, envolvência e imaginação.

Perante a Jangada de Pedra, Saramago está perdoado.

domingo, abril 04, 2004

Esther Mucznik no Publico de Sexta-Feira: 'A Nova Geração Árabe'.

"Gosto de cantar, porque, quando canto, faço algo que não me é imposto..." Palavras de uma jovem iraniana, uma entre os muitos jovens entrevistados para um excelente documentário, recentemente transmitido no canal Odisseia. Intitulado "A nova geração árabe", o documentário dá a palavra a jovens universitários do Líbano, da Síria, da Jordânia, do Irão e do Egipto e do Sudão.

O que dizem esses jovens? O seu ódio à América ou Israel? O seu fervor na "jihad"? Nada disso. Como no Ocidente, encontramos jovens que bebem, fumam e cultivam a sua aparência, jovens preocupados com o seu futuro e com o futuro do seu país, cheios de sonhos e projectos. Mas, diferentemente dos europeus, com uma verdadeira ânsia de democracia e de liberdade. "Queremos liberdade de expressão, sonhamos com ela", disseram todos os entrevistados sem excepção. "Aqui não se mostra a realidade. Estamos mais informados sobre o que se passa em Israel ou nos EUA do que sobre o que se passa aqui."

Pró-ocidentais esses jovens? Não forçosamente, mas não é isso que importa. O que importa é perceber que para uma larga maioria de jovens da classe média (os mesmos que poderão ter um papel de liderança nas sociedades do mundo árabe) não é a revolução islâmica que os faz sonhar, mas sim a liberdade. E aquilo que os aflige é a descrença total e absoluta nos regimes ditatoriais, corruptos e retrógrados que os governam. Por isso não é de admirar que um desses jovens, inquirido sobre o que faria se lhe dessem um passaporte americano, tenha respondido: "Preferia que não fosse a América, mas claro que aceitaria. Quem não aceitaria?"



No céu, só o tempo bastante para tentar libertar Deus da sua modorra.
Mora talvez em filmes, e no coração dos homens livres. Os seus olhos azuis perscrutam-nos ainda, cintilam cada vez que cobardemente tentamos defender as nossas vísceras, como quem julga que tem a vida eterna.
Jogai antes as vísceras ao mundo e senti-lhe o seu pulsar.

Feridos

Foi noticiada que GNR's portugueses no Iraque foram feridos. O número é ainda incerto. Não me cabe fazer juízos de valor sobre se deviam ou não lá estar. A minha opinião é conhecida e esta não é certamente a altura de discutir essa questão. Resta-nos a noticia e a esperança de um mundo onde não exista terrorismo.

«Alá e' grande, vou morrer matando!»

Esta frase da ordem do irracional foi gritada antes de um grupo de homens, ao que parece do Grupo de Combatentes Islâmico Marroquino, terem desmembrado os seus corpos com o rebentamento de bombas que os próprios deflagraram num prédio, numa localidade próximo de Madrid. O que se passa e' que o inconsciente colectivo árabe, esta' fundado numa violência gratuita que desponta perante a adversidade. Talvez tenhamos que recuar muitos séculos atras para encontrar algumas pistas: o filho que mata o pai já era regra e resultado de disputas pelo direito de sucessão a Maomé entre sunitas e xiitas. A aceitação directa de crenças religiosas por parte de certos grupos árabes não envolve nenhum esforço de raciocínio ou reflexão. Este poderoso inconsciente colectivo e' identificado quando percebemos que domina de forma absoluta o principio de realidade que, 'a partida, levaria a que o impulso de conservação da vida não fosse superado pelo sacrifício.
É a guerra do fanatismo, da intolerância e da insatisfação. Que países islâmicos mais ou menos opressores fomentam através do exercício do poder. O Iraque comportava o regime que era o expoente máximo desta forma de controlar o povo. Os terroristas árabes, forjados pela ganancia dos seus lideres, voltam-se para fora, porque estao impossibilitados de se revoltarem para dentro. O problema do terrorismo árabe reside no exercício de poder que regimes opressores levam a cabo. As pequenas minorias que detêm a gestão do poder fomentam o ódio contra as ‘democracias ocidentais’ e o ‘imperialismo norte-americano’. Os exemplos de liberdade não são bem-vindos. Não e' despiciendo que actos terroristas começaram por ser mais visiveis nos países árabes do medio-oriente onde a democracia dava passos mais seguros como e' exemplo a Turquia. Alguns estados corporativos islâmicos o que fazem e' servir-se da perturbação psicológica das massas. Naturalmente falhas e erros de política externa que o ocidente democrático adopte, principalmente os Estados Unidos, bem como as relações com Israel são rapidamente capitalizados como factores que o poder islâmico instalado aponta como ataques 'a ‘nação árabe’ que merecem uma resposta ‘adequada’. Merecem mais sangue. Neste quadro e' extraordinariamente importante um Iraque que encontre através dos seus próprios cidadãos formas de governo livre e plural enquadradas na cultura árabe que significa muito mais que ódio instigado por quem se quer manter no poder a todo o custo. Por outro lado, urge constituir um estado palestiniano o mais pacificado possível para terminar com o terrorismo de origem especifica levado a cabo por palestinianos. E para acabar também com a desculpa da ‘humilhação’. O desaparecimento de ícones como o recém assassinado líder do Hamas ou Arafat, permitem a um certo mundo árabe perder algumas referencias instigadoras de morte pela morte. E o afastamento de Israel em relação a políticas quase exclusivamente militaristas e tremendamente erradas como as do General Sharon permitem um esvaziamento do ódio de parte a parte. Assim os israelitas percebam isso e actuem conforme nas próximas eleições. Enquanto os cidadãos islâmicos não tomarem consciência de quem os governa, e a civilização árabe no seu todo não voltar aos fundamentos de civilidade de outrora, resta-nos uma Interpol eficaz... e por muito tempo nos há-de continuar a valer somente, porque mesmo no seio das sociedades ocidentais existem alguns que confundem os lados. Entretanto, Madrid aqui tao perto e ja' se assemelha a Telavive, a Jerusalem ou a Gaza.

Ideias.

Ao fim de seis meses de blogue e depois de um contacto continuado com a blogosfera resolvemos acrescentar links para os blogues que mais assiduamente frequentamos. Como se pode verificar não fizemos nenhum tipo de emparcelamento; segundo pensamos, ideias e modos de estar devem conviver de forma salutar entre si, e' para esse ponto que a nossa desnorteada bússola aponta. O conhecimento só se adquire através do contacto com a diversidade e, mais alem, no confronto com o diferente. Passeemos pois, pela blogosfera portuguesa.