terça-feira, dezembro 27, 2005
Os sete filmes mais interessantes do ano foram, por ordem decrescente, o Maria Cheia de Graça pela simples razão de ter estado «naquela fase» e necessitar sair de casa, que é uma iniciativa donde algumas vezes decorrem coisas boas. O Cinco vezes Dois porque continuava «naquela fase» e precisava de encontrar um drama amoroso que fizesse sentido, o que não se passou porque o filme valia a pena. O Colisão e o Fiel Jardineiro bons filmes para toda a audiência, ideais para ensinar a ver cinema. O Ela Odeia-me e Um Peixe Fora de Água, regressos de um realizador atento à mudança e de um actor que percebeu onde poderia fazer a diferença, que aliás está na cara. O Closer, melhor filme do ano, um pingue-pongue a quatro em jeito de prenúncio, depois daquele abrenúncio que foi 2004.
quinta-feira, dezembro 22, 2005
Aleluia
Menino,
peço-te a graça de não fazer mais poema de Natal.
Uns dois ou três,
inda passa...
Industrializar o tema,
eis o mal.
Carlos Drummond de Andrade
peço-te a graça de não fazer mais poema de Natal.
Uns dois ou três,
inda passa...
Industrializar o tema,
eis o mal.
Carlos Drummond de Andrade
«Ele não tem conversa», mas Soares tem arenga
Soares inspira um almanaque de classificativos. Berrante, espalhafatoso, amigo da insinuação, malcriado, arrivista, inconsciente, anacrónico, vaidoso, moralista, acusador, queixinhas, barrigudo, e candidato incrível à Presidência da República. O desempenho do candidato ainda entusiasma uns escassos 7% do eleitorado, talvez impulsionados pela época circense. Os outros 7% têm apenas um medo histérico de Cavaco Silva, não vá ele, ai ai, exceder na prática presidencial os poderes constitucionalmente atribuídos. Soares julgava comover o país com o seu regresso. Desatou em arlequinadas quando percebeu a desatenção a que foi votado. Voto Cavaco Silva, o carácter tranquilo o homem de economia nos movimentos. Atento e de personalidade desinteressada. A época contraria o homem. É exactamente isso que Portugal precisa. Votar Cavaco Silva já era uma questão de bom senso, depois do último debate passou a ser uma questão de bom gosto.
P.S. Ao nosso candidato falta a afabilidade, o traquejo de salão e o ar de quem leu as memórias do Marquês de Fronteira e d'Alorna, mas por estas bandas as aparências contam para pouco. Por aqui escolhe-se alguém realista, desperto e ao estrito serviço dos seus concidadãos (...)
Sempre à tabela.
P.S. Ao nosso candidato falta a afabilidade, o traquejo de salão e o ar de quem leu as memórias do Marquês de Fronteira e d'Alorna, mas por estas bandas as aparências contam para pouco. Por aqui escolhe-se alguém realista, desperto e ao estrito serviço dos seus concidadãos (...)
Sempre à tabela.
Correntes de ar
Maria Filomena Mónica escreveu sobre os anos da juventude. Dos anos bem vividos da sua juventude, do pulso, da vontade de contrariar um destino, da beleza, da paixão, da integridade. Da menina bonita que «não tinha cabimento» no meio estudantil. No caso de alguém se sentir incomodado sempre pode deter-se na qualidade literária da obra. Em Portugal existe demasiada palavra não dita para perder tempo a não gostar da autobiografia de MFM. Se a vida chegar, uma autobiografia não precisa ser muito composta. Para isso são mais apropriados outros estilos, como o romance. Para dizer mal há que primeiro um outro tomar a iniciativa de fazer alguma coisa.
quarta-feira, dezembro 21, 2005
Piadinhas...
Mas quem é que disse que a gripe das aves tinha graça? Quem? O que é que isso tem de cómico? Ok, uma piada, duas... vá lá, agora devemos todos perceber que já é um bocadinho de mais, não?
Ainda por cima, é daquelas coisas que as pesssoas repetem até à exaustão, como o eram as piadas do Herman no início dos anos noventa, ou algumas expressões dos Gato Fedorento.
Eu já ouvi piadas que metiam a expressão “passarinha constipada” e não, não estava na revista. Mau gosto? Não...
A próxima pessoa que fizer uma piada destas à minha frente...
Ainda por cima, é daquelas coisas que as pesssoas repetem até à exaustão, como o eram as piadas do Herman no início dos anos noventa, ou algumas expressões dos Gato Fedorento.
Eu já ouvi piadas que metiam a expressão “passarinha constipada” e não, não estava na revista. Mau gosto? Não...
A próxima pessoa que fizer uma piada destas à minha frente...
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Nas torres das igrejas, feitos em cima de chaminés, nos postes de electricidade, ninhos, de Cegonha a bater o bico
domingo, dezembro 18, 2005
sábado, dezembro 17, 2005
sexta-feira, dezembro 16, 2005
Ela demorou seis meses a ler o «Cem Anos de Solidão». Who cares?
"Sim!!!! Isso mesmo! Eu, adoravelmente, terminei de ler meu último companheiro de 6 meses, meu fiel amigo de cabeceira, meu gorducho livro! Gabriel e eu realmente nos entendemos! Cem Anos de Solidão me fez viajar por lugares quentes, me apresentou mulheres loucas e admiráveis e ainda me descreveu uma cena de amor infestada de borboletas amarelas... Despedi-me dele feliz, cheia de histórias novas e com uma sensação boa de respeito por uma coisa tão simples, pequena e poderosa: o livro! Agora ele ta lá, na minha estante... se juntou ao meu “ourinho”... "
Adoravelmente, Luana Piovani, actriz brasileira.
Até entrar n' O Código de Santiago estive aqui a decidir se escrevia, se citava, ou se arriscava continuar o Million Dollar Baby
quarta-feira, dezembro 14, 2005
Outro Jeff mundano
A AS alertada - e bem - pelo Jeff do Coupling pergunta-se onde param as mulheres que usam meias. Eu, sujeito à gula e à luxúria, faço a mesma pergunta e vou sugerindo como quem não tem, longe disso, aliás até me contento com pouco basta uma enxerga e uma luz de presença, absolutamente nenhum fetiche, que vivo apartado da mais habitual imaginação, que a cópula está me toda no acto físico e não na elaboração mental, eu, sempre que me é dada oportunidade de uma sugestão menos desinteressada indico a peça de roupa mais feminina que existe à face da tradicional diferenciação homem/mulher que ainda vou aceitando como boa guia nos contactos quotidianos. Para não utilizar a palavra «classe» fora de moda e pouco referenciada entre a minha geração, envio a razão para o campo da sensualidade que umas pernas assim duplamente suaves despertam num contacto mais íntimo. Dirão que não é prático. Digo que é muito prático para quem faz sexo. Não precisa tirar. Digo que fica belo e acentua a carga erótica. Eu, ser excitável numa escala que vai do momento imediato às várias horas, separo as utilizadoras das meias ligadas (ou simples) em apenas dois grupos. As que o fazem a toque de caixa, ou por jogo, e como excepção, e aquelas que as utilizam por gozo e gosto próprio. Como uma marca de estilo pessoal. Algumas dessas também vão à missa no domingo de manhã e ainda assim gostam, bem além do que é medíocre, de se desamodorrar. E aqui começava um terceiro que nem se pode chamar grupo.
Nota: A foto foi colada do Sem Pénis nem Inveja.
Nota: A foto foi colada do Sem Pénis nem Inveja.
Exterminador Implacável
Por falar em Califórnia, Stanley Williams foi o décimo-segundo executado no estado norte-americano desde 1977. Preso e condenado à morte, cumpriu pena durante 24 anos pelo assassinato de quatro pessoas. Não lhe valeram todos os apelos fossem eles judiciais ou espontâneos de músicos e actores. Não lhe valeu a indicação para prémio Nobel da Paz. Não conseguiu provar a Arnold Schwarzenegger que a reabilitação existe tendo escrito vários livros de intenção pedagógica por forma a evitar que crianças e adolescentes ingressassem em gangues. Foi-lhe ministrada a injecção letal esta terça-feira. Um episódio negro na história dos Estados Unidos. O país das oportunidades negou-se a dar uma segunda hipótese de vida e a aceitar o arrependimento.
Sim debates, mas o que queria esta semana...
...era ser monotemático e só falar dos sets de djing do Vibe no Lux, ou em qualquer lado, por exemplo nas há muito extintas festas Sound System da Yorn e ó caralho, posso confidenciar tê-lo decidido às sete da manhã deste domingo enquanto me mexia ao som de iluminação às cores e intermitente. As repercusões de um House tamanho que ombreia com Chicago, Viena ou Berlim. Tema de sobra para alguns pequenos posts. Não se pode confiar em decisões feitas às sete da manhã. É um exemplo, em outra altura do dia também não existe a certeza absoluta. Temos pena. Um rapaz tão jeitoso e ó caralho.
terça-feira, dezembro 13, 2005
O oásis (lembram-se dos anos oitenta?)
O candidato que é do “povo” promete fazer de Portugal a “Califórnia da Europa”. Será a Califórnia a versão da direita dos “amanhãs que cantam”?
Entendeu?
«Eu acho que o sexo tem que ser entre pessoas que se amam, ou se gostam, ou se respeitam, ou então não se conhecem mas não têm nada mais para fazer entre as seis e as oito. Senão fica uma coisa mecânica, entende?»
Orgias, Luis Fernando Verissimo. Via Gávea.
Orgias, Luis Fernando Verissimo. Via Gávea.
segunda-feira, dezembro 12, 2005
Cavaco vs Louçã (III)
Último debate até à data. Cavaco again, desta feita mais nervoso ou não fosse o seu oponente Louçã, o temível, com a receita do costume. Aquela simpatia que não é natural, muito menos honesta, mas que serve de bandeira, auxílio à ideologia alternativa, o sorriso de vice-reitor de seminário, a conversa do costume que não muda o palanque nem o actor, só muda a circunstância. Quanto mais vezes o actor representa melhor lhe sai o texto mas menos vezes se emociona, maquinal. Três ou quatro golpes preparados para incomodar (os piores o de Nogueira Leite e o do «Nelson») e uma tentativa de vitimização «verifico que me interrompe muitas vezes», ao jornalista, decerto feito com o adversário. Cavaco mais próximo do discurso de quem vota nele. Remetendo algumas respostas sobre cenários possíveis para os serviços administrativos do Estado, disse um exagero (o dos imigrantes) considerado asneira. Sendo Louçã um exagerado ideológico terá que ser considerado, pela mesma linha de raciocínio, uma enorme asneira.
Jerónimo vs Soares (II)
Do debate entre Mário Soares e Jerónimo de Sousa, há a realçar o guarda-roupa renovado do secretário-geral do PC, casaco bege, camisinha branca, gravata à maneira, estilo impec, daquele que evolui de tolerável a bem vindo na minha escala de simpatia. Tivesse ele lenço bordeaux no bolso da frente do casaco e faria concorrência ao Lobo Xavier. Mário Soares deixou-nos mais umas notas acerca da extensa bibliografia, acrescido de lembretes e resposta a dilemas vários, que mesmo o mais minúsculo lhe confere oportunidade para comprovar a evidente vocação para o falatório.
domingo, dezembro 11, 2005
Cavaco vs Alegre (I)
Dos cinco principais candidatos à Presidência da Republica simpatizo, razões totalmente opostas, com Cavaco Silva e Manuel Alegre. De forma muito romântica apaixonei-me pelo voto em Alegre logo que se apresentou como candidato, mas muito naturalmente vou acabar por votar Cavaco Silva. O debate entre os dois pode não ter sido o mais esclarecedor (e não precisava), mas foi o mais pacífico e civilizado de que há memória. As touradas do costume, com que Mário Soares nos vai continuar a presentear, não foram razão conveniente, muitas vezes apresentada, para afastar o espectador/eleitor do debate. Pode ser que com menos ruído se aprenda a escutar melhor. A ideia podia ser chegar a mais gente (por parte de Alegre principalmente), para a elucidação, para o voto. É assim que funciona. Na escala das prioridades isto favorece bem mais a democracia do que exaltar a condição de político e comportar-se como forcado profissional.
quinta-feira, dezembro 08, 2005
A ideia mais útil deste Natal...
... já está identificada e tem como dono o Jorge B. do espécie duma coisa qualquer: uma cotação de Ferrero Rocher. Fica à esquerda imediatamente antes dos linques.
A Estrela vai à Luz pisa aquela merda de campo, cospe, e depois mostra o dedo, «foda-se, mas eu sou bom»
terça-feira, dezembro 06, 2005
Ainda na ressaca do Robert Schneider,
o da aldeia austríaca: "Senhora minha mãe, que quer dizer «amor»?" A mãe sorri e ajeita o capuz do menino, finda a resposta. Uma narrativa conta uma história não responde a perguntas. Acaba-se por encontrar alguma utilidade prática no meio da vida de um talento perdido, como era o caso, como em todas se encontra. Não se responde a perguntas, mas há quem as faça. Existe uma familiaridade nos pátios alfacinhas acessados por portões largos, onde de portas tapadas por calças e roupa interior a pingar, aparecem rapariguinhas envergonhadas, apanhadas de camisa de dormir, por estranhos de olhar interessado. Espreitar por postigos é um enraízado português modo de ser com as variantes contemporâneas que a mudança de hábitos e moradas obriga. Em que degenera, porque é bem capaz de ser uma degeneração, desviar o cortinado enfuscado do postigo, qual é a correspondência com o tempo do crédito mal parado? Dúvida de dias seguidos. Isto se não estiver numa das encostas da Serra da Estrela. Aí não. Aí encosto o carro e deixo-me estar a olhar para baixo. Repete-se a viagem, mas a bagagem do regresso nunca é a mesma. Só desta última vez é que percebi ser o Pônsul o rio que passa em Idanha-a-Velha. Ainda traz água do Pônsul o Tejo que corre ao lado de Lisboa.
Só para quem gosta de perder tempo...
...existe uma dinâmica curiosa entre os posts da Joana Amaral Dias e os comentários que origina.
quinta-feira, dezembro 01, 2005
Como Shakira passa no crivo das figuras pop relevantes
Eva > Freud > C.G. Jung > Skakira: "Siempre he pensado que soy una persona muy oral. Es mi mayor fuente de placer".
Fijación Oral, vol. 2
Fijación Oral, vol. 2
O mais curto conto de fadas do mundo (versão «...mais decidida» e versão «isto afinal não me soa nada bem»)
Era uma vez um rapaz que perguntou a uma rapariga:
- Queres casar...?
- Sim.
-...comigo?
-Não. FIM
Era uma vez um rapaz que perguntou a uma rapariga:
- Queres casar comigo?
Ela respondeu.
Mas o rapaz correu, entrou na primeira boca do metro e nunca chegou a saber a resposta. FIM
Mais um pequeno contributo para as histórias mínimas.
- Queres casar...?
- Sim.
-...comigo?
-Não. FIM
Era uma vez um rapaz que perguntou a uma rapariga:
- Queres casar comigo?
Ela respondeu.
Mas o rapaz correu, entrou na primeira boca do metro e nunca chegou a saber a resposta. FIM
Mais um pequeno contributo para as histórias mínimas.