terça-feira, julho 26, 2005

Ó tempo volta p'ra trás

O Mário Soares?
O Freitas do Amaral?
O Cavaco Silva?
Será que voltamos aos anos 80 e ninguém me avisou? Ou será que os noticiários da RTP Memória estão a contaminar as noticias dos outros canais?
Já agora, porque não Eanes?
Mas será que o melhor que toda a área esquerda do espectro político tem para oferecer é o Soares? É um rapaz novo e inexperiente... Começou agora, tem de-se lhe dar a oportunidade...
E o Vitorino? Quando é que ele faz alguma coisa para variar?
Estou muito, muito deprimido.

segunda-feira, julho 25, 2005



Talvez uma destas tardes a terra pare.
Lá para os lados do cabo Sardão.

sexta-feira, julho 22, 2005

O meu demónio diz pára com isso mas ainda sou pior

Posso dizer sem outras delongas que lhe meto medo. Não é necessidade natural de defesa perante um perigo físico ou verbal de ataque iminente. Isto é, não lhe vou chamar medíocre e muito menos bater na cara. Ela também o sabe. Se a ouvirmos um pouco vai discorrer sobre a prioridade de uma amizade (inexistente) continuada (encontros casuais misericordiosos) e equilibrada (irrelevante e quase vazia) entre pessoas adultas (premeditadamente falsas). Quanto maior a racionalização mais forte o sentimento original que a suporta. Já o meu avô o não dizia embora o soubesse na perfeição. É uma ansiedade um tanto difusa. Pode-lhe sobrevir esse pequeno terror, que é um medo, apenas pelo acto de me levantar e virar o pescoço na direcção da rua. Se existem pequenas coisas que provocam incomodidade é bom que facilitem o riso, caso oposto temos problema emergente. Pode até nem ser no imediato, digamos, um intervalo de tempo decorre até estar caída nos braços de um bárbaro e sentir uma subita indisposição, muito dela e muito subjectiva, como sempre dissimulada de prontidão elevada e profissional. Para que tal não aconteça profilaxia recomendada: apagar. A beleza está nos olhos de quem vê. Coisas destas permitem aliviar a consciência a alguns fracos, mas não a todos. Uns definham. Outros mudam. Life goes on.

terça-feira, julho 19, 2005

Vamos a isso gente!

Lisboa é (a)gente!
Vamos a isso!
Toca a arregaçar as mangas!

Será que há algum concurso para ver quem se lembra do slogan mais idiota?

Venha o diabo...

segunda-feira, julho 18, 2005

A loucura dos «adaptados»

De três dos quatro bombistas-suicidas de Londres são conhecidas algumas notas biográficas. Hasib Mir Hussein, dezoito anos, condutor encartado, possuidor de cartões de crédito e utilizador de lentes de contacto azuis para ficar mais bonito. Mohammed Sadique Khan, trinta anos, casado e pai de uma bébé, professor de crianças deficientes e frequentador assíduo de ginásios. Shehzad Tanweer, vinte e dois anos, tirou Educação Física em Leeds, conduzia um dos três mercedes do pai, este proprietário de uma loja de 'fish and chips'. Nenhum tinha cadastro e todos de nacionalidade britânica. Acreditavam no paraíso, o que acredito ser perversão suficiente na vida de qualquer sujeito, embora na maioria dos casos não decisiva. Fora a crença, levavam vidas aparentemente tão banais quantas aqueles que mataram. Por infeliz coincidência teriam também um sentimento excessivo acerca de si próprios que talvez embatesse numa vida normal, malograda, como a de tantos ocidentais.Vantagem de monta, temos uma educação e culturas superiores onde escasseiam líderes religiosos prontos a instrumentalizar fragilidades, estando extintos, tanto quanto se sabe, homens das cavernas de dedo levantado repetindo de forma não dramática mas séria qual o caminho da auto-glorificação. São terroristas diferentes dos que perpetraram o 11/09 e o 11/03. Não vejo que objecto seria odiado por estes três, não alcanço que tipo de vida ocidental «infiel» não suportariam. Cá para mim apenas não se tinham de pé na sua condição humana. E isso só se combate com mais civilização e não com relativismo. A estupidez é uma coisa bem antiga só que toma disfarces avançados.

Não aqui

Eu não devia estar aqui. Devia estar numa rara sombra algures na raia muito dedicado à escrita. Certo que mais tarde ou mais cedo chegava à conclusão acertada de que o meu tempo ainda era mais curto que experimentado. As várias associações estabelecidas entre A e B com C estavam muito verdes e a necessidade de sair muitas vezes de casa, e nunca para o mesmo lugar, continuava a sobrepôr-se. Mas nos intervalos de amachucar folhas e deitá-las no cesto podia subir a castelos seguindo o horizonte de frente até terminar nos meus pés olhados de cima e de perto. Ou percorrer veredas sem destino e sem gente. Ficar horas sentado e partir quando visse algo nascer das árvores ou do chão, ou maldizer a sorte que delapida a raia em quase deserto. Dominar um pedaço de terra comigo como conciliador imperfeito. E fazer sexo de modo a que ela gritasse muito e só eu ouvisse.

sexta-feira, julho 15, 2005

Como é bom citar longamente Clara Ferreira Alves

A incrível leveza do ser

Lisboa não é uma cidade cosmopolita (e também não o é no sentido cultural, note-se) porque os seus habitantes são todos iguais ou quase todos iguais. A manta de retalhos tem poucas cores e menos variedade: além dos africanos, alguns brasileiros e imigrantes do antigo império soviético, os quais, curiosamente, ficam logo iguais aos portugueses no modo de vestir-se e comportar-se, visto que a pressão social de uma sociedade fechada como a nossa não tolera a excentricidade nem a diferença. (…) Japoneses de cabelo roxo, góticos alemães, senhoras distintas de cabelo louro cinza, cavalheiros de chapéu de chuva e gabardina em Agosto, caribenhos de pele de bronze e cabelo rasta, nórdicos desmaiados com borbulhas, nórdicas de cartaz turístico, americanos desastrados, loiros portadores de sandálias perenes (com peúga), argentinos de tez malte e olho traiçoeiro, brasileiros de amarelo e verde, chineses incompreensíveis, ingleses irrepreensíveis, raparigas de saia curta, rapazes esguedelhados, crianças d olhos pretos, crianças, de olhos azuis, crianças de todas as cores e feitios, e adultos de todos os feitios e cores, foi esta a variedade que vi em Londres e que vejo ainda em qualquer grande capital, deslizando pelos lugares como modelos numa passadeira utópica onde coubessem todos os formatos da humanidade. Em Portugal, e em Lisboa, existe a tolerância dos formatos, mas não a variedade nem a tolerância dos comportamentos. (…) A beleza também nos irrita, e não é pouco. A beleza é um valor espiritual, quer queiramos quer não, mas, ninguém está disposto a admitir tal verdade, porque beleza tem de ser aliada da estupidez, da ambição, da tontice e, afinal de contas, um sinal de menoridade, um sinal de aleijados e, sobretudo, aleijadas. Uma mulher bonita incomoda muita gente, como os elefantes, o que até é compreensível, porque, de um modo geral, se excluirmos as novas gerações de adolescentes bem nutridos, os portugueses, e as portuguesas, não se caracterizam pela grande beleza. Deus fez os italianos e depois guardou o molde bem guardado. A beleza e a inteligência são o supino irritante da pele mesquinha, tenhamos cuidado. Poucas cidades no mundo são tão obcecadas com o sexo como Berlim. Vêem-se vestidos decotados, saltos de dominatrix, decotes arrevesados e trapos com pedaços de metal incorporados. Vêem-se lantejoulas e missangas, tecidos transparentes e joalharia espampanante, saltos-agulha e botas de biqueira, vernizes e indiscrição a rodos. (…) Foi em Berlim que a semente da democracia e dos princípios libertadores dos americanos gerou a sua planta mais vigorosa, uma sociedade culta e tolerante, educada nos valores da universalidade e do cosmopolitismo, sabendo que a negação do Outro gera o gulag e o campo de concentração, o extermínio e a separação, o Muro e a vergonha histórica. Um dia, todas as cidades serão feitas desta maneira. Um dia, Lisboa sairá da sua soturnidade melancólica e descobrirá que existe uma vida para além do nosso preconceito.

Pluma Caprichosa
, in Expresso.

Dicionário de dois bicos

Um dia próximo já posso falar de toureio, praças, cavaleiros, forcados, cornos e cornadas. Eh touro! Eh touro lindo! Que de encornados sempre pude falar. E nunca percebi nada do assunto. É coisa que já nasce. Nem se davam conta. Nem elas, nem eles. Das duas temáticas, subcultura em vias de extinção e do tabu, pode ser dita uma palavra mui cara aos detractores da festa brava mas por ela envolvidos: tudo cagança. É quase dialecto da lezíria.

quinta-feira, julho 14, 2005

Dos meus tempos de adolescência para além de muita sobra de índole diversa, restam no meu quarto antes virado para o horizonte agora virado para um prédio onde moram pessoas que não conheço, um poster de João César Monteiro (poster é exagero, porque César Monteiro não se tinha muito em papel de pregar em parede) e outro de Jan Ulrich. Continuam a merecer a minha iconoclastia. Julho é mês de um dos maiores espectáculos desportivos do mundo - a Volta à França. Na semana passada enquanto decorria uma etapa ía comentando com uma pessoa próxima, que julgava o ciclismo desporto limitado a andar para a frente onde o primeiro ganhava, as dezenas de particularidades que ocorrem pelo meio envolvendo estratégia e diferenciação de tarefas. Na verdade, não existe nada onde o objectivo de algo se reduza a um mero andar para a frente. É que há sempre muita gente há volta. Depois nada como uma bicicleta a subir uma ladeira para depois a descer. É também por isso que este homem falou bem.

quarta-feira, julho 13, 2005

Abastecimento

Sempre disse que o tempo intermédio é o melhor dos tempos. O tempo depois de um fim e com o início, ou o novo, como direcção. É aqui que a coisa criativa se passa. O tempo intermédio ou o meio caminho. Existe um certo equilíbrio leve. Desprendido e despreocupado. A terra de ninguém é uma boa possibilidade de conquista. Também é uma das mais fáceis. Não é surpresa nenhuma: sempre gostei de áreas serviço. São os oásis possíveis.

terça-feira, julho 12, 2005

Live 88

Devo confessar que sou uma pessoa pessimista. Não acho que se acabe com a fome em África e com a pobreza no Mundo em geral com concertos. Despertar consciências? Já estão despertas, e agora? Também não vamos lá com reuniões do G8. É incrível que as pessoas que mais protestam contra essas reuniões são as que mais esperam delas e, aparentemente, aquelas que mais nelas acreditam. A solução para África é recompensar boa gestão dos recursos disponibilizados ou então tentar controlar com transparência o destino e utilização dados às doações feitas. Só assim poderemos chegar a algum lado.