quarta-feira, junho 29, 2005

Estava eu muito bem no Metro, olho para o lado e vejo que o sujeito sentado à minha direita está a usar chinelos de enfiar o dedo (aquilo que agora se convencionou chamar Havaianas, como se fosse uma coisa totalmente nova e nunca vista que os brasileiros inventaram, já existem há muito tempo, e era assim que se chamavam, chinelos de enfiar o dedo, não é por lhes darem um nome diferente que as coisas mudam). O pior é que o gajo estava de perna traçada, ou seja, eu estava a levar com os pés dele a escassos centímetros de mim. Porque é que isto se tornou moda? Porquê e quando. Será que passou por aí um memorando a dizer que agora era socialmente aceitável usar chinelos de meter o dedo em todas as situações e em todos os lugares e ninguém me disse? Eu também tenho calor nos pés no Verão mas isso não me leva a impô-los às outras pessoas. Especialmente num transporte público. Especialmente um com as janelas fechadas. Lamento informar, meus amigos, mas vocês não vivem no Brasil. Eu sei que muitos de vocês certamente o prefeririam, mas, infelizmente, não vivem no Brasil. Wake up and smell the coffe.
OK, admito, não me importo muito se for uma rapariga a usar as chinelas. Até tenho um amigo com um fetiche de pés que me mataria se eu dissesse o contrario. Mas um gajo? Ali com os pés?
Devem ser problemas meus, da minha educação pequeno-burguesa.
Sim, o problema deve ser meu.
Mas ás vezes, só ás vezes, apetece-me berrar.
Que o Rei vai nú.

Desculpas...

Peço desculpa pela minha ausência. Questões de fim de ciclo.

terça-feira, junho 07, 2005

O Non e o Nje

Não sou nenhum defensor da Constituição Europeia (ou melhor, do Tratado que aprova um Constituição para a Europa). Acho que se está a ir depressa demais e sem a participação dos povos europeus. No entanto é um bocado triste ver o Não ganhar referendos pelos motivos errados. Ninguém sabe nada sobre o Tratado mas toda a gente tem uma opinião. O futuro da Europa não pode ser fechar-se sobre si mesma. A adesão da Turquia é essencial para contrariar o poder do grande directório.
Em Portugal ainda é pior. Querem tornar o Referendo numa consulta sobre a União Europeia. Ninguém questiona a bondade da União nem o bem que fez ao nosso país, a questão é que o método bicicleta (temos de andar para a frente senão caímos) está esgotado. As pessoas estão fartas de não ser tidas nem achadas sobre coisas essenciais à sua soberania. Não podemos culpar o eleitor, pois ele é a base da democracia. A culpa terá de ser dos políticos (por muito cliché que isto seja).
Sobretudo detesto os argumentos ad terrorem que parecem querer dizer que sem a Constituição é o fim. Não é. Pode até ser que seja o começo. Mas de outra coisa.