Que termine o Grande Pretexto
A demissão de Ariel Sharon do Likud e a novidade da consequente fundação de um partido ao centro (Partido da Responsabilidade Nacional), bem como a convocação de eleições antecipadas (28 de Março) adensa as melhores perspectivas para o cumprimento do Roteiro da Paz no conflito israelo-palestiniano. As repercussões no Médio-Oriente, principalmente a forma como Israel é vista pelos seus vizinhos, poderia de agora em diante sofrer uma melhoria significativa, não estivessemos nós a falar de estados de cariz fundamentalista e oligárquico onde o ódio a Israel serve de pretexto à manutenção de líderes e políticas nefastas à paz e democracia. Foi o próprio Sharon (com um «passado negro na repressão palestiniana» enquanto General) que percebeu no programa do Likud a incapacidade de dar resposta a objectivos realistas para um futuro de paz. As guerras políticas internas que tinham por base os nacionalistas e a não concessão de território aos palestinianos eram muito difíceis de ultrapassar no seio do próprio Likud. Também Shimon Peres pode sair do partido Trabalhista (onde perdeu as eleições internas) e juntar-se a Sharon no partido recém-criado e contribuir com um auxílio decisivo para um objectivo de futuro. A omnipresente questão das fronteiras e domínio territorial (por questões histórias, religiosas, ou de recursos naturais) continua a ser a pedra de toque de todo o processo, mas da parte de Israel existe vontade política. Depois da última oportunidade perdida com Clinton e Barak, falta agora que o novo partido vença as eleições e exige-se a colaboração e o bom senso dos responsáveis palestinianos.
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