sexta-feira, setembro 30, 2005

Post 944

Acabei de ver o françês «De Tanto Bater o Meu Coração Parou» pelos olhos do Ivan. Admito o mau início. O título soou-me bem. E não seria motivo de lamento caso não tivesse as Memórias Póstumas de Brás Cubas na cada vez mais derreada mesa de cabeçeira. Há coisas que são incompativeís e um gajo nem se dá conta. Para depois simpatizar com títulos coninhas mais valia ter gasto os 16€20 do livro a comprar toalhetes de casa de banho porque embiam melhor o óleo que derramei no porta-bagagens do carro. Depois li a sinopse. Fui a tempo de emendar o senso ofuscado pelo senso bom de ignorar o filme. Já não há paciência para filmes assépticos. Não sei a que lacunas e em que tipo de consciências estes filmes se vêem associar. Mas encontro o denominado sintoma «oriental». Nos tempos que correm o norte-americano é a cavalgadura e um chinês ou um tailandês são a pureza de sentimentos. É comum agora dizer-se «eu não vim à procura de nada» o que parece querer conferir uma certa independência e superioridade a quem o diz. Movimenta-se mas não procura nada. Age mas não procura nada. Vai ver um filme e não encontra nada. A repetição de lugares comuns é ideal para quem não quer nada, mas gosta apesar de tudo, de não se apresentar totalmente morto em reuniões sociais e deveres paralelos. E até parece que a namorada do rapaz que --surpresa-- tem um coração que bate, é bonita e mesmo assim recusada. Entre uma que dei e outra que dou, é a uma foda bem bombada que eu me prefiro dedicar. Isto se percebem a natureza da coisa.