sexta-feira, setembro 16, 2005

Capital

Não vou em cantigas de deslumbrado. O olhar muitas vezes repetido e comparado. O Chiado porque tem bom comércio e um vago toque cosmopolita, o Saldanha que no fim de contas não é mais que uma passadeira entre duas torres espelhadas onde se pode fazer alguma vida, Santa Apolónia e gare do Oriente só porque gosto de estações. Algumas quelhas em Alfama. Talvez a Morais Soares. Depois todas as vistas sobre o Tejo, que não compensa, a cidade não pode ser reduzida a miradouro. O Parque aquando da feira do livro. O Bairro Alto de noite. Os mesmos lugares para morar e o Parque das Nações, a ponte Vasco da Gama para sair. O resto é formigueiro, cidade de tecto. O mais das ruas e avenidas são como fotos de putas mostradas a preto e branco, instantes fixados para serem ambíguos. Não vou em cantigas de deslumbrado. A diferença se existe nivela-se por baixo. A beleza existe como absoluto. O que fica aquém precisa de boa vontade.