quarta-feira, agosto 24, 2005

...sai de cima do telhado

Vizinhos. Vizinhos de prédio. Vizinhos de cidade grande. Só gosto daqueles que nunca vejo. Podem ser grandes conversadores, um sentido de humor óptimo, infalíveis com o condomínio, bons samaritanos, a despensa repleta de ramos de salsa, generosas na cama. Tanto se me dá. Sou mau vizinho, surdo e com rotinas como calha. A comunidade não é um rebanho de ovelhas. Mas há uma vizinha uma mãe ainda jovem, de quem não sei mais nada nem quero saber, que oiço cantarolar muitas noites, embalar o filho, que pode ser filha, adormeçê-lo num sono descansado. Isto não se passa aqui. Isto acontece em lugares com tempo. Na cidade grande nada de importante se passa dentro de casa, a noite é um tempo inoportuno onde a cama é o caminho mais curto para chegar à gloriosa manhã, embocadouro de coisa nenhuma. Há lugares onde uma jovem mãe embala o filho e onde os cães ladram sozinhos a noite toda.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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3/02/2007 01:40:00 da tarde  

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