quinta-feira, janeiro 20, 2005

A renúncia como escolha

Vou permitir-me um abuso interpretativo provavelmente com tiros consecutivos no chão. Dancemos pois. Passo a enumerar certa gente que me diverte; embora quiçá indigna de atenção personalizada uma vez que não funciona sem ser em grupo. De humildade sem paixão. Que é a forma mais indecorosa de soberba. Um tanto oportunistas. Preconceituosos para com tudo o que se afaste da sua frágil bolha de ar. Delicados demais. De sorriso treinado. Habituaram-se a radicalizar em voz suave. Transformaram a vida numa pequena parcela e alimentam-se ao canto. Negam o mundo. Acreditam muito e odeiam a imensidão da possibilidade. Confinam-se ao esotérico. Embebedam-se com filosofia oriental. Escondem-se na minoria. Não querem pertencer.Vestirem-se como se o mercado do pronto-a-vestir não existisse deve dar uma superioridade moral desconhecida. E fazer coisas descalço. Para sentir melhor o chão. Fazem do prazer um conjunto de intróitos sem fim. Outros transformam o retorno ao útero num périplo semi-intestino tentando afirmar o seu sentido obrigatório de altar grosseiro. Entregam-se a uma técnica qualquer de relaxamento e esperam nada menos que uma vénia da parte do comum mortal. São obcecados com «raízes» e repetições totémicas. Respirar de boca aberta deve dar uma elevação espiritual celeste. Comportam-se de acordo com três ou quatro ditames e não perdem oportunidade de defesa da sua lei. Não comer bifes deve dar uma superioridade divina que me escapa. Afunilam a vida única de que são donos. Procuram sub-mundos. Depois acreditam numa transcendência algo conveniente. A conclusão é também ela natural. É no meio desta gente bonita que se pode encontrar a possibilidade da verdade.

3 Comments:

Blogger Mar said...

Admiro essa gente, com um misto de espanto e respeito, por não conseguir ser como eles. Gosto demasiado do excessivo e intenso, de levantar a voz se me der na gana e pedir desculpa a seguir. De um bife com batatas fritas cheio de molho, da Portugália embora também de um sumo natural com bolinhos de seitan. Defendo a agricultura biológica e a preservação do ambiente mas gosto de um carro que emite Dióxido de carbono para a atmosfera. Enfim...
Não gosto de fundamentalismos.

1/21/2005 11:37:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

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12/13/2006 01:14:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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3/06/2007 09:51:00 da tarde  

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