domingo, janeiro 23, 2005

Nunca mais me deixarei escrever «cumplicidade cósmica»

Bebo álcool. Ando à boleia. Sou conduzido por mulheres. E o orgulho da minha mãe.
A melhor maneira de te conhecer é emprestares-te com essa verdade que te representa. A forma mais deliciosa de estar junto a ti, a forma mais deliciosa de viver, a única possivel, é a sedução de cada movimento teu, sorriso, palavra, toque. A tua complexidade e a tua simplicidade. Saber onde colocar cada uma não é para qualquer um, mesmo que muito esforçado. A tua ingenuidade inata. Esse teu modo feliz. Mil vezes haverei de falar e mil vezes haverei de engolir. É uma diversão muito próspera. Fechar a cara tantas vezes como aquelas que a libertamos, rostos sujeitos ao registo inapagavel dos momentos. Dá-la, afinal, em oportunidades contadas. Poderia, adorando-te, adorar-te até no meio do vazio. É muito ajustado perceber contradições. Ajuda a ler sentimento. Senti-lo distinto. A dois, cheios de mundo só causado por dois, o silêncio é uma cumplicidade cósmica. Sorrir e começar a beleza. Em cada atitude ou mínimo gesto vivê-la em sucessivos inícios. O labirinto das palavras nascido da reconstituição de um passado de poucos dias desemboca numa felicidade inquestionável. A próxima vez. A vez depois da próxima. E se olhar para tudo ao mesmo tempo. Lembro. Não esqueço. Onde ficou a coisa platónica e quanto valeu? Porque sempre existiu um outro desejo, como movimento fácil, deixa-me fluir contigo para além do tempo.