sábado, janeiro 15, 2005

Duas no Presente, Uma no Pretérito Perfeito

Que significa a verdade quando sinto a beleza do beijo? Que realidade mora na curva do joelho dela? Romper o ar com perguntas ocupa muitos anos. Para mim o interesse colocado no exercício esgota-se ao fim de cinco minutos. Mesmo concedendo que proporciona um elevado volume de matéria parece-me destinada a preencher algo que se pressupõe estar meio vazio. Pelo caminho que isto leva quando tiver a idade da Manuela Ferreira Leite (longe venha o dia) a minha obssessão será com o binómio presença/ausência. A pergunta é uma forma acertada de príncipio. Desbrava um pouco. Vislumbra a direcção. Se a arte não andar na amargura do objecto com a medida certa, querendo ingénua ou maldosamente tentá-lo completamente apreendido por qualquer palma de mão, a pretensão mais inútil de todas, o orgulho da pessoa inconsequente, a arte saberá usar a pergunta como combustivel para alimentar o espaço intervalar. Mas não se haverá de passar a vida toda no príncipio. Muito menos transformar a vida numa pausa interminável. Onde é que ficou a coisa platónica e quanto valeu?