segunda-feira, setembro 27, 2004

O Ivan num copo de água

Enquanto eu cometer estes erros, tiver estas distrações, baralhar as prioridades, nunca poderei considerar-me dono e senhor da minha existência. E tomar esse rumo, o da paternidade dos actos próprios, parece-me a partir de certa idade um sério objectivo a perseguir, para bem de um percurso exultado. A questão é que ainda subsistem nestes meus tão coloridos dias actos orfãos, responsabilidades alheias, atribuíveis não sei bem a que ou a quem. Identifico percas onde só deveriam existir ganhos. Sabem disso. Quem me mandou a mim não ter ido ver ao Indie o novo filme da jovem realizadora Lucrecia Martel La Ninã Santa? Mas o pior, como sempre, vem depois. Atolo-me na atitude desprezível de me contentar com o desejo fervoroso de que o filme, afinal, tenha sido mau, péssimo, aborrecido ou inútil. Se amanha encontrar alguém que tenha ido hoje ver o flme e me disser que "não foi nada de especial" vai ser essa a minha alegria. Que pequenez, que alegria doentia será essa? Sentir-me-ei melhor? Que doença será a minha?