quarta-feira, julho 14, 2004

Bué alternativo

Eu sei que hoje em dia está na moda ser "bué alternativo". (Quase tanto na moda como ter "bué problemas", mas isso é assunto que já foi tratado...) Ver cinema alternativo, género afegão ou palestiniano (já não basta ser europeu... como até à uns anos atrás); ouvir o último projecto de trash-metal-funk-rock-goth-gang'sta reagge-martelada (pop é que não, tudo menos pop) a vir directamente das caves de Nova Iorque ou Nuremberga, ou melhor, a denominada "musica do mundo" (género ranchos foclóricos, mas como é feito por uma ganesa, filipina ou tibetana torna-se o supra sumo dos supra sumos), se possível só ouvido por nunca mais de três pessoas (pelo menos ao mesmo tempo) e que nunca, repito: nunca, passa em qualquer rádio; televisão, o que é isso?; livros, só de autores absolutamente desconhecidos, se possível já mortos, o ideal é que se tenham suícidado porque tinham "bué problemas". Fumar umas brocas, ir ao Bairro Alto. E estar sempre na moda: óculos da moda, ténis da moda, calças da moda, camsa da moda, etc, etc, etc... (parece-te um contra-senso? A mim também, por isso...).
Só uma pequena reflexão: o objectivo do alternativo é evitar o main-stream, certo? O main-stream é o que todos fazem, certo? Mas se todos querem ser alternativos, isso não torna ser alternativo main-stream? E isso quer dizer que um dia ser main-stream é ser alternativo? Isso seria o cúmulo da ironia, ou não?