segunda-feira, maio 03, 2004

Jorge Sampaio.

O discurso de Jorge Sampaio na cimeira europeia de sexta-feira sobre relações transatlânticas merece um elogio pela sua honestidade e franqueza política. Sampaio aproveitou a oportunidade que lhe foi concedida e exprimiu com clareza, criticas aos Estados Unidos por alguma postura sobranceira adoptada em relação 'a Europa e alertou os estados europeus para atentarem nos erros do passado que adensam a delicada inconsistência política da Europa. Numa atitude pedagógica Sampaio lembrou a necessidade de "maior abertura de mentalidades, maior capacidade de consulta, maior esforço para concertar estratégias". Numa Europa de lideres fracos onde o politicamente correcto emerge na maioria dos discursos oficiais, e' de aplaudir a intervenção certeira do Presidente da Republica (como também aplaudi as declarações de Durão Barroso a propósito de Zapatero e o Iraque, questão que ultrapassa o limite de mera política externa espanhola). Pode ter sido um discurso de efeitos politicamente irrelevantes mas a justeza da opinião pessoal do homem publico, sobretudo porque correcta, e' por si só motivo de regozijo.

Mas este aplauso a Jorge Sampaio tem uma contra-analise a propósito de outra questão: o comportamento diplomaticamente inaceitável de Sampaio que subverteu as hierarquias e fez figura de bombeiro da nação. O seu desdobramento em manobras de sedução ou reflecte a desconfiança nos diversos corpos diplomáticos, incapazes de dar provas de organização concertada, ou aponta para um «voluntarismo» excessivo que muito prejudica a imagem da primeira figura do Estado enfraquecendo-a. Para melhor informação ler quem sabe, neste caso o Notas Verbais.