quarta-feira, maio 19, 2004

Isto é tudo igual. Ou não.

Não sou eu que quero desculpar terroristas iraquianos, os outros é que querem desculpar criminosos americanos. Já disse e repito: o que se passou não foi um acaso, é uma técnica de interrogatório admitida e instigada pelo governo americano. As democracias não podem abdicar dos seus princípios na luta contra o terrorismo, porque senão o terrorismo já venceu. Se isso acontecer, as democracias perdem a sua legitimidade e começam-se a tornar só menos más do que as ditaduras. Os presos têm direitos, os mesmos direitos do que qualquer um de nós, são humanos, mesmo que sejam iraquianos. É certo que certas pessoas que os querem libertar à força devem estar um bocado chateadas por eles não estarem a querer ser colonizados, perdão, libertados. Quando se compara a acção de soldados americanos com a de extremistas islâmicos está-se a por os dois ao mesmo nível, a admitir que a situação é comparável. Mais uma vez a tornar um menos mau do que o outro, mais desculpável. Será que acham que por se ter cortado a cabeça a alguém se podem torturar os presos do inimigo? Isso faziam os nazis... Até eu acho que não deve ser isso, por isso concedo que deve ser um engano no raciocínio. Não se pode comparar criminosos extremistas com os membros de um exércio de uma democracia que (supostamente) estão ali para libertar e democratizar o Iraque. Aposto que os GNR's não fizeram mal a ninguém e estão a fazer um bom trabalho. Um dos parceiros da coligação é que parece deixar o seu desprezo pelo direito internacional ir longe de mais.
A ONU pode ter todos os pecados, mas representa todos os países por igual. Se é ineficaz, é porque não permitem que ela seja eficaz.
Sucede que o Iraque de Sadam se encontrava inserido num equilibrio geoestrategico vital, veja-se a questão dos Curdos que pode desestabilizar tês países para além do Iraque (Turquia, Irão e Síria). O inevitável piorar da situação palestiniana. Isto para além das consequências terríveis de uma guerra civil no Iraque, e da questão da segunda maior reserva de petróleo do mundo. Os paises identificados como potencialmente perigosos, são perigosos (a Coreia tem uma bomba nuclear que pode atingir Tóquio, se a Líbia desenvolver uma pode atingir Roma). Nem se vislumbra a ligaçao da Birmania, da Coreia do Norte ou da China ao terrorismo tal como nunca ninguém viu provas da ligação do regime laico de Saddam (ele não gostava de compartilhar o poder com o clero) com o terrorismo islamico. A Libia é islamica e apoiou o IRA, por isso não vamos lá por religiões. A moralidade devia imperar de forma unilateral e simples.
Que haja responsabilidade. E já agora a tal moralidade. E que alguém me responda: porque é que se invadiu o Iraque? Os direitos humanos já foram à vida, o que é que inventam a seguir? Que foram à procura do Elvis? Ou do JFK? Tenham dó!