Europeias (I).
Estamos a menos de um mês das eleições europeias. Fora as picardias costumeiras e os lugares publicitários usuais existe um certo ambiente de cumprir calendário, mais do que em qualquer outra eleição, quando se trata de encontrar os deputados para o parlamento europeu. Curiosamente, mas não sem surpresa, são as eleições presidenciais que tem feito correr mais tinta. Mas o flagrante contra-senso é que comparativamente com as eleições europeias a relevância substancial da eleição presidencial é, nesta altura, ínfima. O que se tem visto nos últimos tempos são manobras adivinhadoras sobre quem será o candidato e o favorecimento ou hipóteses conjugadas que isso traz ao partido A ou B. Nesta fase não existe nada para debater a propósito das presidenciais. Mas os espíritos empolgam-se. Com pouco. Já acerca das eleições europeias existe todo um conjunto de possibilidades que podem ser exploradas para beneficio da participação dos eleitores aquando da chamada ao voto. O comportamento cívico do cidadão altera-se conforme a relação que estabelece com os diversos momentos do exercício activo da participação democrática. O grau de envolvimento do cidadão com a coisa democrática pode ser incrementado. Os portugueses não dominam as implicações e os desafios em que o cada vez mais alargado espaço comunitário se traduz. E duvidam da importância das vozes portuguesas no plenário europeu. Os homens públicos esquecem com muita frequência o papel que representam ao nível da informação e esclarecimento junto do cidadão. Mais importante que fazer prospectos cheios de chavões acerca «do nosso programa para a Europa» importa clarificar que Europa é esta onde estamos inseridos, para onde caminha, quais as possibilidades de Portugal, que adaptações são necessárias perante leis muitas vezes extrínsecas, que futuro. Seria com o tratamento de inúmeras questões práticas que se devia seduzir o eleitor e envolve-lo numa cidadania, mais que não fosse, minimamente informada. Também seria por aqui que o combate à abstenção se faria. Não basta simplesmente colocar em parangonas a «importância do voto».
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