(...) Quem aceite esta lógica acaba fatalmente a escrever sobre o lixo do mundo e, muito pior, a «moralizar» sobre ele. Esta semana, por exemplo, a vitória do Porto numa taça qualquer e a prisão domiciliária do apresentador Carlos Cruz, dois não-acontecimentos por excelência, afogaram tudo o que se passou à volta. Como duas não-pessoas: José Mourinho e o referido Carlos Cruz zumbiram sem descanso pelo ar que respiramos. Verdade que a plebe gosta do que gosta. Mas não se pode aceitar passivamente o gosto da plebe. A democracia não exige a «imbecilização» colectiva do país. Nem sequer o «sucesso» de uma coluna ou de um jornal. Ainda existem ilhas de inteligência e sanidade. A prazo, não compensa ir atrás desta maré, em nome de um «modernismo» apatetado e espúrio. Uma incondicional rendição à vulgaridade não serve ninguém. Abundam imbecis para fornecer o mercado de imbecilidades. E não sobra gente que ajude a conservar uns restos de uma sociedade civilizada e simpática.
Vasco Pulido Valente no DN de sexta.
Sempre com uma razão exagerada.
Vasco Pulido Valente no DN de sexta.
Sempre com uma razão exagerada.
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