quinta-feira, janeiro 29, 2004

O jantar de Cortes.

Miguel Cadilhe disse num jantar em Cortes (julgo que na fundação Mário Soares) que Portugal com o actual nível de desenvolvimento não devia investir em eventos do tipo Expo-98 e Euro2004 ou mesmo como o Porto Capital Europeia da Cultura. As prioridades deviam ser outras, bem mais urgentes. Trata-se, segundo Miguel Cadilhe, de uma injustiça para o sem numero de famílias que em Portugal vivem ‘remediadamente’. Um pais onde acontecem desastres gravíssimos como a queda da ponte Entre-os-Rios, deveria ter por exemplo como prioridade a conservação e reabilitação de obras publicas já existentes. Quanto ‘a Expo-98 ate’ nem descordei da sua realização, mas para graça uma vez basta... Ficou provada a nossa capacidade de levar um grande projecto avante e com muita qualidade, e a auto-estima ficou nos píncaros. Mas também se provou o despesismo que nos assiste quando se trata deste tipo de eventos. Estas declarações, onde Miguel Cadilhe também criticou o Ministério de Finanças e a questão orçamental, surgem num jantar onde pelos vistos calhou estar um único jornalista, no caso da TSF. E’ bom que os homens públicos de relevo e que já’ tiveram o poder nas mãos sejam honestos e digam o que pensam com clareza, principalmente quando a a opiniao vem contra as ideias megalómanas instaladas e que poucos contestam. E’ que Portugal que ainda nem concretizou este monumental desperdício de dinheiro publico que e’ o Euro2004, já’ se queria meter noutra: a Taça América. Mas seria melhor ainda se o fizessem frontalmente e nas alturas apropriadas, ou seja quando as discussoes surgem e em tempo útil, e não apenas em jantares ‘familiares’ pouco mediatizados. Sob pena de chegarmos ‘a conclusão que as verdadeiras elites que já’ tiveram a capacidade de decisão nas mãos são no fundo temerárias e não melhores que tudo o resto.