E no Iraque III (ou a construcao da mentira e a construcao do real).
Como o Eduardo, tambem eu me alegro com a captura de Saddam. O Mundo tem menos um ditador e no desenrolar da situacao iraquiana isto vai querer dizer duas coisas. A primeira e' que os constantes atentados efectuados por grupos desesperados, estivessem eles ligados a Saddam ou fossem eles meros arruaceiros terroristas, vao perder 'legitimidade'. A segunda que me parece mais importante ainda, e' o suspiro a plenos pulmoes que pode ser dado agora pela populacao iraquiana. O caminho da liberdade, teve desta forma um desenvolvimento crucial. A saida de cena da coligacao com Saddam capturado e' completamente diferente de um Iraque com a sombra de Saddam a pairar (nas palavras de Tony Blair).
Sempre que se fala da crise iraquiana gosto de me centrar no essencial: os iraquianos. Outros perdem-se com a questao das armas de destruicao macica, que se veio a revelar um logro (se nao foi mesmo mentira), com perus de plastico, ou mesmo ja' hoje com a forma como foi anunciada a captura do ditador. Estes tres pontos sao essencialmente propaganda interna (para consumo norte-americano) bem como para o mundo europeu ocidental. Os mais desatentos preocupam-se demais com, a por vezes ignobil, propaganda norte-americana (o caso do peru e' gritante) resultado de uma cultura que se julga abencoada por deus e fraca de principios, principios que, apesar de tudo, vao norteando os europeus. Nos, europeus livres, podemos julgar escandaloso o desrespeito que e' uma fotografia, que se quer sumptuosa, de um peru falso ou anunciar a captura de um tirano ao melhor estilo de Hollywood, mas no final, o que e' que isso coloca em risco o futuro dos iraquianos? Nada.
Nos, como os norte-americanos, que respiramos liberdade por todos os poros, facilmente tomamos o acessorio por essencial. E o essencial e' que os americanos prezam tanto a liberdade como nos. E isso esta acima de qualquer fanfarronice mais mediatica. Claramente, episodios como os atras descritos, dizem muito do modo de ser norte-americano. Mas para a crise iraquiana isso pouco importa. E para a Historia ainda importa menos.
Muitos, obviamente inteligentes, mas com um principio da realidade que os esmaga, que destroi a construcao quotidiana do real, cada vez que se fala do Iraque, disparam logo analises sociologicas aos EUA. O que os move e' o desprezo por uma cultura que esta longe de ser perfeita, mas que entretanto, o tempo ha-de mostrar cada vez com menos duvidas, devolveu o futuro dos Iraquianos aos seus proprietarios de direito. Nao se pode utilizar a libertacao de um povo como instrumento para desatar a fazer juizos criticos acerca dos podres da sociedade ocidental que estao identificados e para os quais muitas vezes contribuimos. E' um verdadeiro desrespeito para com um povo largamente oprimido. Nao e' sequer necessario.
Embora a construcao da mentira seja intoleravel e deve ser apontada, nao devemos ficar obcecados com a farsa porque corre-se o risco de entrar num jogo perverso que desemboca numa progressiva desvalorizacao da realidade.
Nao sera a captura de Saddam a verdadeira realidade?
P.S. Sempre acho curiosa a tibieza do eixo franco-alemao, que agora nao tem outro remedio senao congratular-se com a prisao de Saddam...
Sempre que se fala da crise iraquiana gosto de me centrar no essencial: os iraquianos. Outros perdem-se com a questao das armas de destruicao macica, que se veio a revelar um logro (se nao foi mesmo mentira), com perus de plastico, ou mesmo ja' hoje com a forma como foi anunciada a captura do ditador. Estes tres pontos sao essencialmente propaganda interna (para consumo norte-americano) bem como para o mundo europeu ocidental. Os mais desatentos preocupam-se demais com, a por vezes ignobil, propaganda norte-americana (o caso do peru e' gritante) resultado de uma cultura que se julga abencoada por deus e fraca de principios, principios que, apesar de tudo, vao norteando os europeus. Nos, europeus livres, podemos julgar escandaloso o desrespeito que e' uma fotografia, que se quer sumptuosa, de um peru falso ou anunciar a captura de um tirano ao melhor estilo de Hollywood, mas no final, o que e' que isso coloca em risco o futuro dos iraquianos? Nada.
Nos, como os norte-americanos, que respiramos liberdade por todos os poros, facilmente tomamos o acessorio por essencial. E o essencial e' que os americanos prezam tanto a liberdade como nos. E isso esta acima de qualquer fanfarronice mais mediatica. Claramente, episodios como os atras descritos, dizem muito do modo de ser norte-americano. Mas para a crise iraquiana isso pouco importa. E para a Historia ainda importa menos.
Muitos, obviamente inteligentes, mas com um principio da realidade que os esmaga, que destroi a construcao quotidiana do real, cada vez que se fala do Iraque, disparam logo analises sociologicas aos EUA. O que os move e' o desprezo por uma cultura que esta longe de ser perfeita, mas que entretanto, o tempo ha-de mostrar cada vez com menos duvidas, devolveu o futuro dos Iraquianos aos seus proprietarios de direito. Nao se pode utilizar a libertacao de um povo como instrumento para desatar a fazer juizos criticos acerca dos podres da sociedade ocidental que estao identificados e para os quais muitas vezes contribuimos. E' um verdadeiro desrespeito para com um povo largamente oprimido. Nao e' sequer necessario.
Embora a construcao da mentira seja intoleravel e deve ser apontada, nao devemos ficar obcecados com a farsa porque corre-se o risco de entrar num jogo perverso que desemboca numa progressiva desvalorizacao da realidade.
Nao sera a captura de Saddam a verdadeira realidade?
P.S. Sempre acho curiosa a tibieza do eixo franco-alemao, que agora nao tem outro remedio senao congratular-se com a prisao de Saddam...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home