sábado, outubro 04, 2003

Portugal, essa grande paroquia.

Seja porque somos um pais pequeno e desiquilibrado a muitos niveis, porque o nosso grau de instrucao fica muito aquem do que era desejavel, ou mesmo derivado de um crescimento economico nao acompanhado de um desenvolvimento economico equivalente o desenrolar etico das relacoes humanas que estabelecemos ainda se situa, muito mais do que seria aceitavel, ao nivel do adro de igreja. Trata-se de uma situacao transversal na nossa sociedade que nao poupa classe social ou estrato economico. Todos sabemos de historias de 'cunhas', amigos 'bem colocados', favorecimentos, presuntos trocados por cartas de conducao, voltinhas em helicopteros dos bombeiros protagonizados pela A. do tribunal e pelo J. da policia ou criacao de regimes de excepcao que abrem precedentes nao com um estudante filho de canalisador mas logo com estudantes que por acaso sao filhos de ministros. Os telejornais ajudam a festa dando reportagens a mais que noticiam casos isolados que remetem para lado nenhum, sem outro sentido que nao seja provocar uma emocao forcosamente efemera que rapidamente prenda o espectador. Ora desta forma nao se problematiza, nao se coloca em perspectiva, nao se levanta questoes. O amigo 'bem colocado' e inimigo do merito e do esforco de cada um condicao que devia ser primeira para atingir o sucesso.
Teoricamente todos condenam o manancial de esperteza saloia, maledicencia, oportunismo e berraria que grassam pelos meandros da nossa sociedade mas na realidade sao estas as armas preferidas sempre que um obstaculo se coloca. Obviamente tudo isto e feito sem 'maldade' e numa base bastante respeitosa e composta ou nao estivessem os vestigios do catolicismo mais arreigado ainda presentes na nossa sociedade do seculo XXI (sobre estas ligacoes perigosas falarei um outro dia).