O final infeliz.
Li o 'Desgraca', muito devido a atribuicao do 'Booker Prize' a J. M. Coetzee, com 17 anos. Tinha ja lido varios livros de muitos autores mas pensei que 'Desgraca', ate a altura, era o livro que menos prazer me tinha dado. Mais: era o pior livro que tinha lido. E era mesmo. Nao tinha lido nenhum outro livro que fosse tao sinistro, frio e directo, fertil em passagens que me obrigavam a elaborar a fealdade. O livro le-se com um esgar de repulsa muito por culpa de figuras construidas a partir de uma realidade contemporanea que tem como cenario a Africa do Sul. Mas ter esta consciencia nao diminuia o pouco a vontade com que lia o livro. Ajuizei: Nao torno a ler Coetzee.
Quando a Academia Sueca lhe atribui o premio nobel da literatura, num primeiro momento, encolhi os ombros e pensei que o premio maximo da literatura tem vindo mesmo a decair de qualidade... Mas num segundo momento tomei consciencia de uma questao essencial (basica ate) muito mais importante e que so um produto cultural de grande monta pode baralhar: Nao se deve confundir a qualidade de uma realizacao cultural (seja ela qual for) com o 'gostar ou nao da historia'. Nao se pode avaliar um filme e dizer que e mau so porque nos causou desconforto e, no limite, nos confrontou connosco proprios sem disso termos consciencia, isto e, melhor faremos se olharmos para a arte muito embora atraves de cada um, mas paralelamente, para alem de cada um. Normalmente nao encontramos valor em manifestacoes culturais que nao nos estimulam (onde a criatividade nao impera) bem como naquelas outras que nos inquietam e apresentam como objectos dificeis de apreender. Se no primeiro caso pode existir uma reduzida presenca de estimulos no segundo pode acontecer exactamente o contrario: uma hiperestimulacao que nos preenche sem aviso e que nao conseguimos descodificar e olhar como um todo. A aproximacao a obra-prima esta, julgo, no segundo caso. Quando se diz que os gostos nao se discutem nao se querem discutir escolhas pessoais que por sua vez revelam a personalidade que fundamenta o Eu e remete para si mesmo. Ora, a afirmacao do Eu discute-se. E aqui podia comecar um outro texto.
Quando a Academia Sueca lhe atribui o premio nobel da literatura, num primeiro momento, encolhi os ombros e pensei que o premio maximo da literatura tem vindo mesmo a decair de qualidade... Mas num segundo momento tomei consciencia de uma questao essencial (basica ate) muito mais importante e que so um produto cultural de grande monta pode baralhar: Nao se deve confundir a qualidade de uma realizacao cultural (seja ela qual for) com o 'gostar ou nao da historia'. Nao se pode avaliar um filme e dizer que e mau so porque nos causou desconforto e, no limite, nos confrontou connosco proprios sem disso termos consciencia, isto e, melhor faremos se olharmos para a arte muito embora atraves de cada um, mas paralelamente, para alem de cada um. Normalmente nao encontramos valor em manifestacoes culturais que nao nos estimulam (onde a criatividade nao impera) bem como naquelas outras que nos inquietam e apresentam como objectos dificeis de apreender. Se no primeiro caso pode existir uma reduzida presenca de estimulos no segundo pode acontecer exactamente o contrario: uma hiperestimulacao que nos preenche sem aviso e que nao conseguimos descodificar e olhar como um todo. A aproximacao a obra-prima esta, julgo, no segundo caso. Quando se diz que os gostos nao se discutem nao se querem discutir escolhas pessoais que por sua vez revelam a personalidade que fundamenta o Eu e remete para si mesmo. Ora, a afirmacao do Eu discute-se. E aqui podia comecar um outro texto.
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