segunda-feira, outubro 27, 2003

A importância da História, ou o que é que correu mal no Iraque

Eu sempre gostei de História... sim, eu sei que para a maioria das pessoas é uma das coisas mais chatas que existem, mas eu sempre gostei. Um dos motivos desse meu gosto e interesse é ter-me apercebido que aquele velho chavão de que a história se está sempre a repetir é absolutamente verdade. Senão vejamos: imaginemos um paÃís onde até à algum tempo no passado um tirano com um poder absoluto controlava todos os poderes, onde não havia liberdades e onde o clero controlava todos os aspectos da vida. Mas calma, pois a determinada altura esse país foi libertado por grandes defensores da liberdade, liderados por um homem baixo e provinciano. Sim acertaram, estou a falar do Portugal de 1800. Hã, não acertaram?! Pois acreditem que tudo isto é verdade. Quando os soldados franceses a mando de Napoleão (que era corso e media 1,60 no máximo) marcharam através do nosso paí­s, oficialmente faziam-no para nos libertarem de um tirano absoluto e instalarem aqui os valores da fraternidade, igualdade e liberdade. É claro que pilharam, mataram, violaram e só queriam ter acesso aos nossos portos, colónias e recursos naturiais mas isso não os impedia de se intitularem "libertadores" enquanto ocupavam o nosso país. Então nós, que sempre fomos um bocado ingénuos na nossa polí­tica externa pedimos ajuda aos ingleses. Lá tivemos que levar com mais uns "libertadores" que queriam tanto o nosso bem que depois de nos terem transformado numa quase-colónia foi uma chatice para se irem embora (não sei se se lembram do "Felizmente à Luar" do Sttau Monteiro que é sobre o Gomes Freire e outros mártires da pátria. Sim, também os chamamos assim e não somos nemhum país islamico, a que é que acham que o Campo dos Martires da Pátria deve o seu nome?).
"Mas," perguntas-me tu "achas que os americanos conhecem assim tanto a História de Portugal para perceberem que um país nunca é bem libertador de outro, mas mais ocupante?"
Tens toda a razão, os americanos não devem conhecer este episódio da História por isso vou, só muito brevemente, citar outro: Outro tirano com poder absoluto, que ameaçou os seus vizinhos e os invadiu militarmente, que esmagou as minorias étnicas do seu país, entre outros feitos. Sim, estou a falar de Milosevic, o ditador da Jugoslávia. E como é que ele caiu? Depois de um processo eleitoral onde os grupos da oposição iam coligados (por pressão da UE e dos EUA) os quais fizeram campanha com dinheiros americanos e europeus e ganharam tão claramente as eleições que quando o ditador o tentou negar o povo levantou-se em revolta e derrubou-o. Meses depois era entregue à  justiça (ao contrário de outros senhores). Foi o próprio povo do pai­s que se revoltou, não foi preciso ocupação militar estrangeira. Não imaginas o bem que isto faz ao ego de um país, e evita assim... guerras... É só o que eu acho, não sei, mas lá que a História nos ensina umas coisas engaçadas lá isso...