Estilo e Substancia.
O corpo lugar do estilo e a alma espaco da substancia. Uma revista que julgo ja extinta - a Icon- tinha como feliz subtitulo este: Estilo e Substancia. Se lancassemos uma discussao a volta do tema seriam muitos os apologistas de um ou de outra. Tal como muita tinta fez correr em seculos nao tao passados o elogio da alma em detrimento do corpo e vice-versa. Discussao inutil esta (se alguma discussao o for) porque as conclusoes seriam as mesmas do debate corpo/alma: A visao do todo interligado emergiria. Se no campo da reflexao teorica a discussao se encerra com facilidade, no olhar pratico a coisa complica-se. O estilo raramente esta associado a substancia, e esta quando existe desvaloriza o estilo ao confundi-lo com futilidade. Encontra-se estilo em pouca substancia (o que faz questionar da verdadeira presenca do estilo) e substancia em pouco estilo (o que faz questionar da origem da substancia) a menos que se considere a monotonia, o cinzentismo, a fealdade, o melindre como exemplo de estilo aceitavel. Uma definicao geral de substancia apontaria para a presenca do pensamento de forma elaborada e fundamentada e estilo como sinonimo de criatividade, beleza e imagem. Desta forma seria o estilo o cartao de visita da substancia, o seu prenuncio. Podem nao ser mais que resultado de escolhas pessoais; mais ainda: subtis diferencas singulares e irrepetiveis nao detioradas pela cega passagem do tempo bem como pela influencia castrante de uma sociedade com poucas ideias. Havera melhor convivencia que a partilhada com a beleza e a inteligencia? Ainda que sejam sinonimos bastante menos abrangentes, bastante mais subjectivos e ate limitadores, nao sera legitimo 'ousar' dize-lo como analogia? Busca dificil aquela de quem se propoe identificar estilo e substancia intimamente ligados, seja na mulher, na musica, num livro, num filme, num pais, numa cidade, no eu.
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